25.out.2024 às 14h00
Como o eleitor racional deve agir neste domingo (27)? Se o Brasil adotasse o voto facultativo, a resposta seria simples: não votar. Mas, como por aqui o comparecimento é em tese obrigatório, é necessário fazer uma conta antes de chegar a uma conclusão.
Se os seus custos com transporte mais o preço que você atribui a seu tempo excederem R$ 3,51 (valor da multa por turno perdido), fique em casa ou vá passear e depois regularize sua situação com a Justiça Eleitoral. Dá para fazer tudo pela internet, em tempo inferior ao que você levaria para votar.
Como imagino que existam leitores revoltados com este "conselho", eu me explico. Não estou sugerindo que a política não seja importante nem que todos os candidatos se equivalham. Ela é importantíssima e perfil ideológico e características individuais dos eleitos fazem diferença. O que não faz é o seu voto.
A menos que você more numa cidade muito pequena onde a disputa seja acirradíssima, é desprezível a probabilidade de o seu voto individual alterar o resultado. Quem quiser maximizar sua utilidade, uma definição comum de racionalidade, deve empregar seus recursos em outras atividades.
A questão é que, para o bem e para o mal, não vivemos num mundo hiper-racional. Se vivêssemos, não haveria tanto desperdício, o que permitiria resolver o problema da fome. Também não cairíamos em armadilhas do tipo "tragédia dos comuns", o que facilitaria o enfrentamento da mudança climática. O próprio populismo não teria espaço para prosperar, já que as pessoas fariam contas antes de acreditar em promessas vazias.
Por outro lado, num mundo 100% racional, ninguém daria gorjeta num restaurante a que não pretende voltar e esposas abandonariam seus maridos doentes para ficar com um parceiro saudável. Sob o primado da utilidade máxima, sempre vale a pena roubar a carteira do melhor amigo, se tivermos garantia de não ser apanhados.
Mas divago. Meu ponto é mais simples. Como é zero a chance de ninguém aparecer para votar, não há necessidade de instituições autoritárias como o voto obrigatório.
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