segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Nunes e Boulos vão ao 2º turno em SP; Paes é reeleito no Rio, MEIO

 


As eleições municipais deste domingo foram marcadas pela disputa praticamente até a última seção eleitoral em São Paulo. Só quando a apuração havia chegado a 99,6% das urnas, o TSE confirmou o segundo turno entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 29,48% dos votos, contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL), com 29,07%, menos de um ponto à frente de Pablo Marçal (PRTB), que obteve 28,14%. Já o Rio de Janeiro teve cenário oposto, com Eduardo Paes (PSD) vencendo no primeiro turno o bolsonarista Alexandre Ramagem (PL) por 60,47% a 30,81%. Em Belo Horizonte, Bruno Engler (PL) chegou na frente com 34,38% e vai disputar o segundo turno contra o prefeito Fuad Noman (PSD), que se recuperou nas últimas semanas e atingiu 26,54%. E em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) chegou perto de se reeleger no primeiro turno, com 49,72% dos votos, mas vai a nova votação contra Maria do Rosário (PT), que obteve 26,28%. O segundo turno acontece no próximo dia 27. Confira no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o resultado em cada município. (Meio)

Após avançar na corrida à reeleição com apenas 25 mil a mais do que Boulos, Nunes disse que São Paulo “não aceita o extremismo”. A diferença entre Boulos e ele, afirmou o prefeito, é a mesma “entre a ordem e a desordem, a experiência e a inexperiência, a boa gestão e a interrogação, entre o diálogo, a ponderação, o equilíbrio e o radicalismo”. O psolista, que superou Pablo Marçal (PRTB) também por margem mínima (57 mil votos), disse que a capital paulista deseja mudança e falou diretamente ao eleitorado. “Quero dizer a você que tem de escolher entre pagar aluguel e botar a comida na mesa todo fim do mês: você não está sozinho. A você que não mora na periferia, quero lembrar que uma cidade mais justa, mais igual, é uma cidade mais civilizada e mais segura”, defendeu. Em quarto lugar (9,91%), Tabata Amaral (PSB) declarou apoio a Boulos, mas ponderou que seus projetos políticos são diferentes. (Folha)

A eleição paulistana foi marcada por um golpe baixo de última hora. Na noite de sexta-feira, Marçal divulgou em suas redes sociais um laudo falso assinado por um médico já falecido associando Boulos ao uso de drogas. A Polícia Federal abriu investigação sobre o caso, enquanto a Justiça Eleitoral determinou inicialmente a retirada do conteúdo das redes e depois a suspensão do perfil do ex-coach no Instagram. A manobra, criticada até por correligionários de Marçal, deve resultar em um processo que pode deixá-lo inelegível. (CNN Brasil)

No Rio de Janeiro, Eduardo Paes agradeceu para todos os lados, do “povo da Universal” ao arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, por mais uma vitória para administrar “a mais incrível de todas as cidades”. Ele é o primeiro político a ganhar a eleição pela quarta vez na cidade. Prometeu “trabalhar junto” com o governador Cláudio Castro (PL), do mesmo partido de Ramagem e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Também agradeceu ao presidente Lula, seu apoiador de longa data, e prometeu que não deixará o cargo para se candidatar a governador em 2026. (Globo)

Além do Rio, outras dez capitais elegeram seus prefeitos em primeiro turno, entre elas Salvador, onde Bruno Reis (União) ganhou 78,67% dos votos, e Recife, na qual João Campos (PSB) conquistou 78,11%. Também houve vitórias acachapantes em Macapá, com Dr. Furlan (MDB) sendo eleito com 85,08% dos votos; em Maceió, com 83,25% para JHC (PL); em Boa Vista, que elegeu Arthur Henrique (MDB) com 75,18%; e em São Luís, onde Eduardo Braide (PSD) teve 70,12%. (g1)

A eleição redesenhou a balança de poder entre partidos. O PSD de Gilberto Kassab conquistou 877 prefeituras, ultrapassando o MDB, que venceu em 832 cidades. Em terceiro veio o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, vencedor em 510 municípios, muito abaixo da meta de 1.500 pretendida pela legenda. Já o PT ensaiou uma recuperação em relação a 2020, passando de 182 para 246 prefeituras. O PL se saiu melhor em capitais (venceu em Rio Branco-AC e Maceió-AL) e vai ao segundo turno em outras nove, enquanto o PT não conquistou nenhuma capital no primeiro turno e vai ao segundo como cabeça de chapa em apenas quatro. (Globo)

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, classificou como “preocupante” a apreensão de quase R$ 22 milhões em dinheiro vivo pela Polícia Federal ao longo das eleições municipais – R$ 1,75 milhão apenas no dia do pleito. Dinheiro em espécie é a principal ferramenta para compra de votos. A ministra, porém, destacou que a disputa ocorreu “sem maiores transtornos”. Ela não comentou o laudo falso divulgado por Pablo Marçal, alegando que não falaria sobre situações específicas. (UOL)

Caio Junqueira: “As urnas confirmaram o que se previa: uma vitória do centro e da direita e uma derrota da esquerda. É possível personificar essa vitória em dois personagens deste campo político. Um é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Outro, o secretário de governo dele e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. No curto prazo, o impacto desse resultado é o aumento do poder de fogo desses campos políticos nas negociações com o governo Lula tanto em relação à agenda econômica quanto na sucessão das Mesas Diretoras do Congresso. Mas será no longo prazo que o resultado das urnas será visto com maior clareza. Mais especificamente em 2026.” (CNN Brasil)

Míriam Leitão: “O resultado [em São Paulo] é muito creditado ao governador Tarcísio de Freitas, que abraçou a campanha e apostou em Nunes o tempo todo. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro deu sinais dúbios todo o tempo. O que foi determinante foi a máquina do governo do estado, a máquina da prefeitura, um exército de candidatos a vereador, oito bilhões de reais de investimentos e o maior tempo de televisão. É impressionante até que Nunes tenha ficado com menos de 30% dos votos. Guilherme Boulos recebeu o apoio de Tabata Amaral. Mas segundo turno é uma outra eleição. Ninguém é dono do eleitor.” (Globo)


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