sexta-feira, 9 de maio de 2025

Alex Sabino- O papa morreu. Olhem para mim!, FSp

 Alex Sabino

Alex Sabino

Repórter de Mercado. Está em sua segunda passagem pela Folha. Foi repórter de Esporte. Cobriu as Copas de 2014 e 2018, as Olimpíadas de Tóquio-2020, finais de Champions League e Libertadores.

morte de Francisco causou consternação, tristeza ou indiferença. Cada um, cada um. Nesta quinta (8), Robert Prevost foi eleito. Houve também dilemas. Milhões passaram horas diante da tela do celular na dúvida.

"O papa morreu. Como vou citar isso em um tuíte sobre mim mesmo?"

"Qual o jeito de falar sobre meu sucesso corporativo no Linkedin e compará-lo com Leão 14?"

A imagem mostra um logotipo em branco de forma oval com um 'X' estilizado no centro, em um fundo escuro. Ao fundo, há uma versão maior do 'X' em um estilo mais difuso, também em branco.
Foto mostra o logotipo do X, o antigo Twitter, de propriedade do bilionário Elon Musk - Nicolas Tucat-27.set.24/AFP/AFP

internet, que completa neste mês 30 anos no Brasil, trouxe benefícios (não vou desperdiçar seu tempo com isso). Mas criou sérios problemas. Hackers, ódio virtual, apologia ao terrorismo, "eubituários" e os especialistas em tudo, professores de Deus.

O "eubituário", a ânsia de não permitir que o defunto tenha protagonismo na hora da morte, é resultado da falsa sensação de importância que a internet oferece. Faria muito bem reconhecer a própria insignificância. Redes sociais tornaram isso impossível. É legado maldito.

Nos breves instantes em que estamos sem sinal do 5G, percebemos nossa verdadeira irrelevância. E, como disse Perón, a única verdade é a realidade.

É processo involutivo detectado por Susan Cain no livro "O Poder dos Quietos". A sociedade mudou a partir do final do século 20. Foi a vitória da personalidade sobre o caráter. O arquétipo social até então era a introversão, o sujeito sério, cerebral, honorável. O substituto foi a exibição pessoal, a performance, a superconfiança, o charlatanismo.

O humorista Anthony Jeselnik acertou na pinta ao zombar de quem, assim que acontece qualquer tragédia, vai ao X para gritar a própria tristeza.

"O que querem dizer, na verdade, é: ‘Olhem para mim. Eu existo e também estou triste. Não esqueçam!’"

Claro que a rede revolucionou nossa vida. Mas a penicilina e a roda também, então… E daí?

Quem previu mesmo onde isso tudo ia dar foi Paulo Francis. Ao ser informado sobre o que era a internet, ele não ficou nada impressionado.

"Eu não vou entrar porque tudo o que tem lá eu já sei."

Veto de Lula defende transparência, editorial FSP

 Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguiu o interesse público ao vetar artigos do projeto de lei 4.015, de 2023, que poderiam colocar em risco a transparência dos gastos com remunerações no sistema de Justiça.

O texto, proposto em 2015 e aprovado no Congresso Nacional em abril deste ano, visa proteger juízes, promotores e defensores públicos ao elevar penas para os crimes de homicídio e lesão corporal dolosa quando cometidos contra esses funcionários.

Entretanto ele ganhou dispositivos, inseridos pelos parlamentares, destinados a alterar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que fixa direitos sobre privacidade individual.

Segundo a emenda, os dados pessoais de membros do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública deveriam ser tratados considerando o "risco inerente" a essas funções, e qualquer vazamento ou acesso não autorizado precisa ser comunicado às autoridades "em caráter de urgência" para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

Com isso, o texto mudaria a LGPD para que a pena de multa no caso de infração em relação a dados pessoais fosse aplicada em dobro quando se tratasse de servidores dessas instituições.

A Controladoria-Geral da União (CGU) defendeu o veto aos trechos, que a seu ver ameaçavam o acesso a informação. Para entidades como a Transparência Brasil, abria-se brecha para que fossem bloqueados dados relativos a remunerações, por exemplo.

Para além da noção controversa de que endurecer penas é eficaz para coibir criminalidade, infelizmente comum no Brasil, o projeto colocava em risco o escrutínio de um setor perdulário com o dinheiro do contribuinte.

Entre 50 países analisados pelo Tesouro Nacional, o país ocupa o segundo lugar, atrás apenas de El Salvador, em despesas com tribunais, que chegam a 1,33% do Produto Interno Bruto —ante média de 0,3%.

Em 2023, foram gastos R$ 156,6 bilhões, sendo que 80,2% (R$ 125,6 bilhões) do montante foi direcionado ao pagamento de magistrados e servidores.

O Judiciário brasileiro —com anuência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que deveria monitorar suas movimentações financeiras— burla o teto constitucional do funcionalismo com penduricalhos que criam supersalários, sem que haja melhoria visível nos serviços prestados à população.

Não à toa, ferramentas que garantem a transparência desses dados, como a Lei de Acesso à Informação (LAI), de 2011, são fundamentais. O Congresso, que ainda pode derrubar os vetos, faria melhor se as protegesse.

editoriais@grupofolha.com.br

‘Superquarta’ eleva juros ao maior nível em 19 anos, The News

 

Sem muitas surpresas . O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a Selic pela sexta vez consecutiva . A taxa passou de 14,25% para 14,75% ao ano — maior patamar desde agosto de 2006 .

(Imagem: Valor Econômico)

A decisão veio após o “choque” de juros sinalizado em dezembro e reforça o tom duro do Banco Central no combate à inflação .

Com os juros mais altos, o crédito fica mais caro, o que desestimula o consumo e deve ajudar no controle dos preços, mas também limita o crescimento da economia . O mercado projeta que a Selic encerrará 2025 no mesmo nível atual, antes de começar a cair a partir de 2026.

Mesmo com sinais de moderação na atividade econômica, o BC citou uma inflação “persistente”. Em março, o IPCA subiu 0,56% e acumula 5,48% em 12 meses . Já a inflação projetada para 2025 continua alta: 4,8%, bem acima da meta de 3%.

Bottom-line : Lá fora, o Fed manteve os juros parados no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano , como já indicavam as dificuldades.