terça-feira, 10 de setembro de 2024

Datena é interrompido por eleitor e admite desconforto ao visitar a rua das motos, FSP

 

São Paulo

Em mais um dia de campanha eleitoral nas ruas de São PauloDatena (PSBD) se disse desconfortável em caminhada pela rua General Osório, centro da capital. O candidato à prefeitura esteve em região tradicional do comércio conhecida como "rua das motos".

"Você está confortável? Claro que não. Tem lugares desse setor que vendem peças que são produtos de crime. E o pior que é uma concorrência desleal daqueles que pagam imposto e se veem ameaçados pelo crime organizado. Ninguém fica confortável numa situação dessas", falou a jornalistas.

Candidato à prefeitura José Luiz Dataena durante visita ao comércio em Campos Elíseos, região central de SP - Divulgação/Divulgação

A rua é conhecida pela venda de peças para motocicletas e já foi alvo de investigação contra o comércio ilegal e de artigos que seriam decorrentes de roubos.

Em determinado momento, Datena disse ser necessário combater o desmanche de veículos para não prejudicar o trabalho de "gente de bem" que "trabalha para ganhar a vida e que paga imposto" mas tem uma concorrência desleal com o crime.

"Enquanto não forem combatidos, essa gente de bem vive nessa situação que vocês estão vendo."

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Durante a caminhada, o jornalista foi alvo de comentários de pessoas ao redor, que se referiram a reportagens do programa Brasil Urgente, que apresentava na Band.

Enquanto falava sobre a qualidade do ar da cidade de São Paulo estar a pior entre as grandes cidades do mundo e o conceito de "cidades esponja" —previsto em seu plano de governo—, ele foi interrompido por um homem.

Ele criticou a entrevista coletiva e disse que os jornalistas bajulavam Datena, a quem definiu como "lixo". "Desse jeito não dá para falar", disse o apresentador, deixando o local.

Em nota, a assessoria de imprensa disse que ele caminhou, tirou fotos e conversou com outras pessoas, e que foi o único candidato que visitou a região.

Bancos operam com instituto para turbinar ganhos com distribuidoras de combustível, FSP

 Bancos e gestoras de investimento com ações de empresas de combustíveis querem se associar ao ICL (Instituto Combustível Legal) para aumentar a pressão à ANP e ao governo por uma política efetiva de combate à ilegalidade no setor.

O presidente do ICL, Emerson Kapaz, afirmou que isso não é possível. O estatuto do instituto só permite a filiação de empresas da cadeia produtiva. Mas isso não afasta os bancos.

O executivo informa, no entanto, que cogita uma parceria com a Febraban, a federação dos bancos, para a criação de um sistema de rastreio e monitoramento de pagamentos das distribuidores.

Ao seguir o fluxo do dinheiro, o ICL, em parceria com os bancos, poderiam conhecer melhor a forma de atuação de grupos, como o PCC, que se infiltraram no setor para fazer lavagem de dinheiro e outros crimes.

Ilegalidade tomou mercado de combustíveis no país
Ilegalidade tomou mercado de combustíveis no país - Rivaldo Gomes/Folhapress

Para os bancos, o ICL caiu como luva em sua estratégia financeira. Como noticiou o Painel S.A., um relatório do BBI, braço de investimento do Bradesco, mostra que as distribuidoras teriam 15% a mais de lucro se o mercado paralelo deixasse de existir.

O banco detém 23% da Cosan, empresa do grupo do bilionário Rubens Ometto, que, por sua vez, controla 88% da Compass. As demais ações da companhia estão nas mãos de Atmos Capital, BC Gestão de Recursos, Prisma Capital e Núcleo Capital.

Recentemente, os analistas do BBI Vicente Falanga e Gustavo Sadka afirmaram, publicamente, que "o aumento na fiscalização do governo federal em cima de distribuidoras informais pode ajudar na recuperação de resultados das três maiores empresas do setor: Vibra, Raízen e Ultrapar".

No início de setembro, Julio Nishida, superintendente de fiscalização da ANP, reuniu-se com os sócios da gestora de investimento Dynamo. Na sequência, também recebeu Carlo Faccio, diretor-executivo do ICL.

A Dynamo diz, em seu balanço, que 10,3% de sua carteira de investimento é de ações da Vibra. Informa ainda ter posição na Cosan, mas não diz quanto.

A aproximação entre bancos e gestoras do ICL foi revelada no fim de agosto pelo CEO da Vibra, Ernesto Pousada.

"Os bancos, recentemente, vêm se aproximando do ICL em busca de desenvolver uma agenda única no combate às ilegalidades no setor de combustíveis", afirmou durante o "Vibra Investor Day".

No evento, Pousada avaliou que o combate às ilegalidades é uma das formas de promover o crescimento na distribuição de combustíveis.

Segundo ele, o problema já não envolve somente distribuidoras, mas o setor financeiro.

O Bradesco BBI avalia que os valores de mercado das três distribuidoras podem aumentar até 17%, na comparação com os números de hoje, caso o governo consiga avançar em alguns pontos menos complexos —não detalhados— dessa informalidade.

Com Diego Felix

Quase mil transplantes não foram feitos em SP por dificuldade de transporte de órgãos em dez anos, FSP

 

São Paulo

Em dez anos, de 2013 a 2023, 965 órgãos como coração, pulmão e fígado deixaram de ser utilizados em transplantes por dificuldade de transporte no estado de São Paulo, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Para tentar resolver o problema, o governo do estado de São Paulo, sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), lançou nesta segunda-feira (9) um programa que usará o transporte gratuito de órgãos destinados a transplante por aeronaves privadas.

Com isso, helicópteros, turboélices e jatos particulares autorizados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) poderão ser usados de forma voluntária para o programa.

Pelo programa TransplantAR Aviação Solidária, a Central de Transplantes acionará o IBA (Instituto Brasileiro de Aviação) quando instituições precisarem de apoio aéreo para o deslocamento.

Equipe do Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias (RJ), transporta órgão para doação - Eduardo Anizelli - 18.dez.2023/Folhapress

As aeronaves são mais ágeis que os voos comerciais, o que é crucial para o transporte de órgãos, afirmou Francisco Lyra, presidente do IBA. Segundo Lyra, essas aeronaves passam a maior parte do tempo estacionadas e sem uso.

"A aviação geral tem capilaridade 20 vezes maior que a comercial. Existem 1.150 helicópteros baseados em São Paulo, 450 jatos executivos e 500 turboélices. Se apenas 30% da frota doar uma vez por mês, ao fim do ano teremos 17 mil horas de voo", afirmou durante evento.

A assinatura do termo de parceria aconteceu em cerimônia com a presença do governador e do secretário de estado da saúde, Eleuses Paiva, e representantes do IBA (Instituto Brasileiro de Aviação).

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Segundo a pasta de saúde, a iniciativa não trará custos para os cofres públicos.

Em dezembro de 2023, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) se reuniu com o IBA para tratar sobre a proposta de estimular que o transporte aéreo de órgãos, tecidos e equipes médicas seja realizado por proprietários e operadores de aeronaves privadas e afirmou que não há obstáculos jurídicos para o feito.

A Secretaria Nacional de Aviação Civil estima que 5.000 vidas serão salvas com o programa.

"A pessoa ter, no momento da dor, a capacidade de fazer esse gesto [doar órgãos] e pensar que esse gesto é perdido por falta de logística em um país que tem aviação geral muito forte… Precisamos coordenar a logística para que não percamos o esforço", afirmou o governador Tarcísio.

O estado teve uma redução na quantidade de doadores no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, de 529 para 480 doadores.

Ao mesmo tempo, um total de 8.836 pessoas ingressaram na lista de espera apenas no primeiro semestre e 1.025 morreram esperando por um órgão no período.

No Brasil, cerca de 3.000 pessoas morrem por ano aguardando a cirurgia. Os entraves envolvem altas taxas de recusa na doação.