Está chegando. O Brasil recebe, neste mês, no Rio de Janeiro, lideranças dos 19 países-membros, mais a União Africana e a União Europeia, para a 19ª reunião do Grupo dos Vinte, a chamada cúpula do G20.
Pode parecer que não, mas eventos como esses têm real possibilidade de influenciar o futuro do planeta, não só pela qualidade técnica e científica das discussões mas principalmente pela proposição de políticas multilaterais que afetam diretamente as nossas vidas.
O impacto das mudanças climáticas está aí para todo o mundo ver, como nas enchentes no Rio Grande do Sul e nas recentes inundações na Espanha. É preciso ser assertivo.
Um dos temas centrais da reunião de cúpula no Rio de Janeiro é exatamente o que engloba as mudanças climáticas, a transição energética e o desenvolvimento sustentável —questões genuinamente globais; afinal, não dá para combater a mudança climática sem construir consensos.
Tive a honra de liderar os trabalhos relacionados justamente a esse tema, o da transição energética, no B20 —uma força-tarefa que junta empresas e CEOs de diversos países que pertencem ao G20 para poder sugerir diretrizes para debate no G20.
No grupo de trabalho que coordenei, com participação de representantes de todos os continentes, uma das recomendações do B20 é precisamente aumentar a produção de renováveis, triplicando a meta até 2030.
Em outubro, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) promoveu um riquíssimo encontro de cúpula, onde todos puderam apresentar os temas prioritários e recomendações à agenda do Brasil na presidência rotativa do G20. E essa oportunidade só reforçou uma convicção: quando o assunto é descarbonização, o Brasil tem muito a ensinar ao mundo.
Estamos na frente. Muitos países planejam atingir, em 2050, metas que o Brasil já alcançou. Nossa matriz de eletricidade, por exemplo, é quase que 90% renovável.
Uma das fortalezas do Brasil são suas condições adequadas para a produção de uma das plantas mais eficientes na conversão de energia solar em biomassa: a cana-de-açúcar.
Com tecnologia totalmente dominada em território nacional, o etanol de segunda geração permite substituir combustíveis fósseis por um biocombustível eficiente, com atributo renovável e sem competir com a produção de alimentos ou açúcar.
É eficiência na veia: de um resíduo aparece um produto que pode ser utilizado imediatamente —não uma promessa para daqui a dez anos.
O G20, portanto, será uma valiosa oportunidade para dar visibilidade ao país.
Não tenho a menor dúvida de que temos totais condições de contribuir decisivamente para a descarbonização global. Podemos ser um exportador estratégico de energia renovável —inclusive produzindo aqui os combustíveis para transporte marítimo e aéreo (SAF)— e por isso o país deve ser protagonista no fluxo de investimentos para a transição. Não há por que ter complexo de vira-lata. Somos referência e devemos valorizar esse potencial.
Com este texto, encerro minha participação nesta coluna. Foram aproximadamente nove meses compartilhando ideias para um mundo com energia cada vez mais limpa. Agradeço à Folha pelo espaço e a todos que me acompanharam.
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