O cenário político dos Estados Unidos virou mais uma página inesperada, e Donald Trump, com sua postura de líder direto e inflexível, reconquistou o coração de milhões. A esquerda progressista, perplexa, agora enfrenta um desafio crucial: entender e aplicar a receita que, goste-se ou não, trouxe o ex-presidente de volta ao poder.
O recado é claro: a velha fórmula baseada em debates e diplomacia calculada mostrou-se insuficiente. Enquanto a esquerda permaneceu apegada a ideais e estereótipos de um passado que já não se traduz em votos, Trump mostrou-se apto a capturar o medo e o descontentamento popular, demonstrando-se a solução preferida contra a desordem e a incerteza.
Para a esquerda que se diz progressista, a urgência do momento é evidente. Se deseja retornar ao poder, precisará abandonar a linguagem política desgastada e adotar uma comunicação que vá além dos chavões e estereótipos do passado.
Precisa aprender a falar não apenas sobre igualdade e justiça, mas sobre o que as pessoas comuns sentem nas ruas e em suas casas —e isso com uma modernidade, clareza e energia que ainda lhe faltam.
Se a esquerda quiser ter chances reais de reverter o cenário nos EUA e evitar que o mesmo aconteça no Brasil, terá que se adaptar ao jogo dessa comunicação moderna que entende a urgência das demandas e que fala com um público cansado das promessas repetidas e que já não enxerga nas lideranças progressistas as respostas necessárias.
O maior problema é que a esquerda progressista, mesmo após a primeira vitória de Trump, e de Bolsonaro também, não conseguiu, não soube, ou não quis aprender as lições que estes líderes populistas deram. Continuou presa a um vocabulário e a uma estética que já não seduzem nem sensibilizam. Não bastam mais discursos de solidariedade abstrata; é preciso mostrar ação, determinação e autenticidade, como fizeram seus adversários.
Em vez de seguir lamentando perdas ou demonizando a oposição, a esquerda progressista precisa agora aprender a criar uma narrativa de futuro, que ofereça uma alternativa real e concreta às ansiedades das pessoas e também descer do seu pedestal de superioridade intelectual e fazer-se à vida. Escutem: não há ninguém aqui melhor que os outros.
Em tempos em que as fake news e os apelos emocionais tomam conta do discurso público, a esquerda precisa reinventar sua comunicação e se reconectar de forma eficaz com o cidadão comum, adotando uma linguagem de empoderamento e esperança, que seja simultaneamente convincente e moderna.
Não é apenas sobre o que se diz, mas sobre como se faz ouvir. Se essa lição não for aprendida de imediato, veremos repetirem-se aqui no Brasil as mesmas vitórias que hoje chegam dos Estados Unidos.
O tempo é agora para que a esquerda progressista pense sobre o que deseja ser: uma força renovada, pronta para o futuro, ou uma instituição empoeirada que ainda acredita que o passado basta para iluminar o caminho. O tempo urge.
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