domingo, 10 de novembro de 2024

Livro de historiador brasileiro mostra as origens do nacionalismo judaico, Helio Schwartsman, FSP

 A maioria dos judeus de esquerda sempre defendeu a criação de um Estado palestino para existir ao lado de Israel. Mas, depois do 7/10, esses judeus, entre atônitos e intimidados, viram um amplo contingente da esquerda gritando slogans que, se tomados literalmente, implicariam a destruição do Estado de Israel.

Judeus e palestinos têm conhecimento quase enciclopédico das barbáries cometidas pelo adversário, mas se mantêm mais ou menos cegos para os crimes de seu próprio lado. O resto do mundo, com exceções, é claro, se posiciona ignorando o básico sobre a história dos dois povos e da região.

A imagem mostra um grande muro de pedras em camadas, com algumas plantas verdes crescendo nas fendas. Um indivíduo de pé, com um chapéu vermelho, está em frente ao muro, que se estende verticalmente. O céu é azul claro, e o chão é de madeira, criando um contraste com a textura das pedras.
Annette Schwartsman

Se você acha que informações importam e podem alterar os termos do debate, uma boa pedida é "Os Judeus", de Jaime Pinsky. Antes de continuar, em nome da transparência, devo dizer que Pinsky é um amigo da família e editou um livro meu. Mas não acho que esteja faltando com a objetividade quando digo que o livro é altamente esclarecedor.

O autor fala muito pouco do atual conflito. Ele se concentra na Europa oriental do século 19 e início do 20 para investigar o surgimento do nacionalismo judaico, que deu origem ao movimento sionista.

Em alguns meios de esquerda o termo "sionista" se tornou sinônimo de fascista e colonialista. Pinsky mostra que essa interpretação não tem respaldo histórico. O sionismo não surgiu como um ato de imperialismo judaico, talvez o contrário disso. Os judeus só mantiveram uma identidade por quase dois milênios sem um território porque essa identidade lhes foi imposta pelas comunidades não judaicas em que viviam.

E em várias de suas vertentes, o nacionalismo judaico surge como movimento laico e de esquerda, algo que Pinsky mostra em detalhes. E o autor o faz com uma pegada marxista no tom que eu aprecio. Enfatiza as explicações econômicas e de posicionamento social sem menosprezar todo o resto (religião, cultura, características individuais).

Só lamento que Pinsky não tenha avançado mais para mostrar como esse nacionalismo, sempre cambiante, atua hoje em Israel. Mas isso é matéria para vários outros livros.

helio@uol.com.br


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