terça-feira, 12 de novembro de 2024

Sapateiro dá pistas sobre futuro do Brasil com Trump, Marcos de Vasconcellos FSP

 O republicano Donald Trump volta à Casa Branca com o plano declarado de colocar todo tipo de barreira à entrada de produtos da China nos Estados Unidos. E seus investimentos com isso? Um sapateiro acaba de dar uma boa dica.

Antes, é preciso entender que o dinheiro não some. Só muda de mãos. A produção de riqueza tem muito pouca responsabilidade sobre o movimento financeiro mundial. O jogo de "rouba-monte" é o que mexe com ações, moedas e commodities.

O segundo passo é compreender que isso se dá quase exclusivamente pelo cálculo de "o que pode dar mais retorno, de acordo com os riscos que posso correr". Assim como você pensa na hora de investir, os donos da grana do mundo decidem para onde vai a bolada.

A imagem mostra um homem em primeiro plano, com cabelo loiro e terno escuro, posicionado em frente a um fundo azul. No fundo, há uma imagem ampliada de uma figura apontando, com características semelhantes ao homem em primeiro plano. A expressão facial do homem é séria e confiante.
Republicano Donald Trump durante evento da campanha presidencial em Grand Rapids, no Michigan - Brian Snyder - 5.nov.2024/Reuters

Com isso em mente, é hora de olhar os dados. Ainda que o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenha aumentado as tarifas para produtos chineses, as exportações do gigante asiático para o seu país nos últimos três anos estiveram em patamar recorde, movimentando mais de US$ 500 bilhões (R$ 2,8 trilhões) por ano. Equivale ao PIB da Noruega.

Praticamente 1/4 dos itens a sair dos portos chineses com destino à terra do Tio Sam foram equipamentos elétricos e eletrônicos, pelos dados da ONU (Organização das Nações Unidas). Isso engloba chips e toda sorte de peças para montagem das bugigangas eletrônicas que carregamos nos bolsos. Mas outros materiais, como brinquedos, peças plásticas, roupas e sapatos, movimentam outros bilhões.

Ampliar tarifas em um país entusiasta do alto consumo empurra a inflação. Convenhamos, as empresas norte-americanas não produzem na China por gosto pessoal dos CEOs. Tudo lá é mais barato.

A ideia de que subir as tarifas gerará mais empregos nos EUA não para de pé por muito tempo. A inflação gerada por esse tipo de política acaba sendo combatida na outra ponta, com o aumento das taxas de juros, que, por sua vez, esfria a economia e gera desemprego. Logo, precisarão de um plano B.

PUBLICIDADE

O verdadeiro medo de Trump (compartilhado por Biden) é ver os Estados Unidos fora do topo da lista de maiores economias do mundo. Ter a China nos seus calcanhares atrapalha os planos. A busca agora é por reduzir o ritmo do adversário.

Sabe quem não ameaça a hegemonia econômica dos EUA? Todos os outros países emergentes do mundo. E coube ao "sapateiro das estrelas" dar uma pista que pode te ajudar a escolher bons investimentos nos próximos anos de Trump na Casa Branca.

Falo de Steve Madden, marca de calçados que vale US$ 3,3 bilhões (R$ 19 bilhões) —mais do que a CSN ou a Usiminas—, com suas ações na Nasdaq. A empresa anunciou, na semana passada, após a eleição de Trump, que já está tirando sua produção da China. Agora, querem produtos que venham do Camboja, do Vietnã, do México, do Brasil e de alguns outros países.

Dois terços da produção de Steve Madden sai de fora dos Estados Unidos. Fabricar "do zero" seus sapatos por lá seria inviável. E ela está longe de ser a única a precisar refazer a equação. As empresas brasileiras preparadas para criar parcerias e assumir uma fatia do que era da China podem encontrar um canal para destravar seu crescimento em tempo recorde.


Nenhum comentário: