A vitória de Donald Trump foi coisa nunca vista. Eleitoralmente, os republicanos fizeram cabelo, barba e bigode. Além disso, Trump voltará à Casa Branca com um mandato popular só comparável ao de Ronald Reagan em 1981. Reagan chacoalhou os Estados Unidos e o mundo.
Desde 1952, todos os outros republicanos eleitos tinham pés fincados na tradição. Dwight Eisenhower havia comandado as tropas aliadas na Segunda Guerra. Richard Nixon tinha o pé descalço na pobreza da infância, e o outro, calçado, na plutocracia. Os dois Bush, pai e filho, vinham da elite.
MILEI COM TRUMP
Depois de ter decapitado o serviço diplomático argentino, o presidente Javier dará um salto triplo, indo a Mar-a-Lago antes mesmo da posse de Trump.
Desse encontro, caso ele aconteça, não sairá coisa boa.
Faz tempo, quando foram pedir a Tancredo Neves que votasse no general Castello Branco, com o argumento que era um militar de muitas leituras, ele respondeu:
– Leu os livros errados.
Às vésperas da eleição americana, Lula declarou sua simpatia por Kamala Harris, uma pequena impropriedade. Em seguida, ensinou:
É o fascismo e o nazismo voltando a funcionar com outra cara.
Uma grande impropriedade, por insultuosa. Fascismo e nazismo foram coisas parecidas, mas diferentes. A lavada republicana teve uma origem popular que, no início, faltava a Mussolini, Hitler e ao espanhol Francisco Franco.
Lula ouviu as pessoas erradas.
SECRETARIA-GERAL DA ONU
Até a semana passada, soprava um vento para que, no ano que vem, a Organização das Nações Unidas pusesse na sua secretaria-geral uma mulher, possivelmente latino-americana e provavelmente ligada à defesa do meio ambiente.
Com a eleição de Trump esse vento pode continuar a soprar, sem muita ênfase na defesa do meio ambiente.
Lula aprende a conviver com juros altos, e fogo amigo abate ânimo de Haddad.
Numa decisão unânime, o Copom elevou a taxa de juros para 11,25% e, felizmente, Lula ficou calado.
A lavada republicana nos Estados Unidos deveu-se a muitos fatores, e um deles foi a carestia. Em 1981 ela ajudou Reagan a derrotar Jimmy Carter.
Lula aprendeu a conviver com juros altos.
BATE-BOCA
O fogo amigo abateu o ânimo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Seu pior momento ocorreu durante o bate-boca com Luiz Marinho, o ministro do Trabalho que se insurgiu contra a tunga da multa de 40% sobre o FGTS, paga pelos patrões quando demitem um empregado sem justa causa.
O episódio pode servir de lição para a turma da ekipekonômika. Perdeu validade um truque que vinha dos tempos do tucanato. Com ele, plantavam-se notícias para preparar o terreno, simulando que propostas eram decisões.
Seguiram o velho manual e deram com os burros n'água.
Quando a ekipekonômika falava da tunga sobre a multa do FGTS, associava-a a medidas de combate aos supersalários de hierarcas.
Haddad disse que "não adianta você anunciar uma coisa que não tem aderência". Maneira educada de dizer que não adianta anunciar o que não vai acontecer. O problema é que faltava aderência à promessa do déficit zero.
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