segunda-feira, 22 de abril de 2024

Alvaro Costa e Silva - Assim caminha a inteligência artificial, FSP

 Ninguém segura a inteligência artificial. A começar pela previsão mais terrível: Stuart Russel, professor de ciência da computação na Universidade da Califórnia, está preocupado com a segurança de sistemas que –por ora– ainda não existem, aparatos tão influentes que, livres para tomar decisões, poderão definir se continuamos a sobreviver como espécie. Em outras palavras, o fim do mundo como o conhecemos. O apocalipse, a hecatombe, o armagedom.

Não adianta fugir: a IA acha você em qualquer lugar. Tão assombrosos quanto os executores do juízo final são os instrumentos de liquidação em massa, já utilizados na matança de Gaza, segundo denúncia da revista israelense +972. Os alvos de carne e osso são escolhidos por algoritmos, que avaliam atitudes "suspeitas". Depois, como nos pesadelos da guerra nuclear, é só apertar um botão.

De acordo com o Financial Times, duas empresas se preparam para lançar em breve modelos de máquinas pensantes, aptas a refletir, planejar ações e ter memória, atividades essenciais que vão equiparar ou superar a capacidade humana. Quer dizer, nem para apertar o botão seremos mais necessários.

Em contrapartida, há um conceito, formulado no Vale do Silício, berço das big techs, que prega a fé cega no avanço tecnológico sem limites e desregulamentado como solução para todos os males do planeta: pobreza, fome, alterações climáticas e, claro, guerras. Uma espécie de "aceleracionismo" para combater o alarmismo daqueles que, como no samba de Assis Valente, garantem que o mundo vai se acabar. O slogan do movimento é justamente "Acelerar ou Morrer".

No quintal doméstico, além da preocupação com as eleições, há mais uma. O governo Tarcísio de Freitas vai usar o ChatGPT para produzir conteúdo digital na rede de ensino. A própria ferramenta, se provocada, diz que é impossível substituir o papel do professor em sala de aula.

Hélio Schwartsman - Tentação final - FSP

 Lula vem dando sinais de que está preocupado com as pesquisas que mostram uma piora na avaliação de sua administração. O movimento não surpreende. É natural que a popularidade se desgaste à medida que transcorre o mandato. Dada a tendência global de mau humor dos eleitores para com seus dirigentes, Lula até que não está mal. Outros líderes de democracias, como Biden, Scholz, Trudeau e Macron, vivem situação bem pior.

Há, porém, um detalhe que justifica a inquietação de Lula. No Brasil, quando um presidente é eleito, ele se programa para gastar mais no final do mandato, a fim de produzir um pico de popularidade que amplie sua chance de recondução. Mas Lula alterou esse roteiro. Dadas as circunstâncias do último pleito, considerou, possivelmente com razão, que seu governo precisaria exibir resultados positivos já no primeiro ano. Antes mesmo de assumir, negociou com o Congresso a PEC da Transição, que lhe deu R$ 145 bilhões extras para utilizar no início da gestão.

Opresidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) lança o programa Terra da Gente, no Palácio do Planalto - Gabriela Biló - 15.abr.24/ Folhapress - Folhapress

Os resultados apareceram. A renda das famílias aumentou, a pobreza diminuiu e o desemprego caiu. Não foi, é claro, só a PEC da Transição. Os ventos econômicos favoráveis e a dinheirama que Bolsonaro distribuiu no final de sua gestão também tiveram seu papel.

O problema de Lula é que o quadro econômico benfazejo não se converte em avaliação positiva. É possível que isso ainda venha a ocorrer, mas também é possível que estejamos diante de um fenômeno mais estrutural, ligado à inflação global, à polarização ou a um Zeitgeist mais impaciente. E, por ter apostado alto na PEC da Transição, não resta muito espaço fiscal para o governo ampliar os gastos.

Um Congresso mais guloso e uma inapetência geral para cortar programas ineficientes tampouco ajudam. Tudo isso aumenta o risco de Lula, a exemplo de Bolsonaro, cair na tentação de sacrificar as contas públicas para buscar o tradicional sprint final de popularidade.

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Lula cobra Alckmin mais ágil e diz que Haddad tem que falar com Congresso 'em vez de ler um livro', FSP

BRASÍLIA

O presidente Lula (PT) cobrou nesta segunda-feira (22) que seus ministros entrem mais em campo para ajudar na articulação com o Congresso Nacional.

Lula então pediu que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), seja "mais ágil". Também pediu que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixe de ler livro e passe mais tempo discutindo com parlamentares.

"Isso significa que o Alckmin tem que se mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington [Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social], o Rui Costa [ministro da Casa Civil], passar maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B", afirmou o presidente.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Gabriela Biló - 19 abr. 2024/Folhapress

As declarações foram dadas durante cerimônia no Palácio do Planalto para o lançamento de programa de concessão de crédito empresários e pessoas inscritas no CadÚnico, base de dados do governo federal para o pagamento de programas sociais.

A articulação política do governo vem sendo alvo de críticas no Congresso Nacional, embora conte com o respaldo do presidente Lula. O presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL), chegou a afirmar que o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) era um "desafeto pessoal" e "incompetente".

Na sexta-feira (19), Lula realizou uma reunião de emergência com ministros palacianos e com líderes do governo no Congresso Nacional para melhorar a coordenação política. A expectativa é que o presidente se encontre nesta semana com Lira e também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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Além da briga com Lira, o governo vive um momento delicado com o risco de avanço da pauta-bomba, que pode ter impacto bilionário para as contas públicas. O principal item é a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que turbina o salário de juízes e promotores, com custo anual de cerca de R$ 40 bilhões.

A proposta é patrocinada por Pacheco.