quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Noite dos Cristais completa 85 anos à sombra de nova onda de antissemitismo, João Batista Natali, FSP

 João Batista Natali

SÃO PAULO

O 9 de Novembro é lembrado como o Dia Internacional contra o Fascismo e o Antissemitismo. A data evoca a Noite dos Cristais, episódio criminoso orquestrado em 1938 pelos nazistas em que judeus alemães foram assassinados. Sinagogas e lojas pertencentes à comunidade judaica também foram incendiadas ou vandalizadas na ocasião, que este ano completa 85 anos.

Mulher acende vela em sinagoga na cidade de Colônia, na Alemanha, ao final de marcha silenciosa em homenagem às vítimas da Noite dos Cristais, que completa 85 anos em 2023 - Wolfgang Rattay/Reuters

Por infeliz coincidência, incidentes antissemitas estão hoje em alta no plano internacional, em razão do conflito que eclodiu no último 7 de outubro entre Israel e o grupo terrorista islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Desde o início da guerra, França e Reino Unido registraram, cada país, mais de mil casos de crimes antissemitas; na Alemanha, foram em torno de 1.800.

Mas voltemos a 1938. Os nazistas estavam no poder havia quase seis anos e tinham transformado o antissemitismo em política oficial, com a demissão de judeus das universidades, de hospitais e de qualquer outro emprego público.

A Noite dos Cristais –assim chamada pelo estouro de vidraças de lojas ou vitrais de edifícios religiosos– foi, no entanto, o preâmbulo para aquilo que se tornaria o maior genocídio da história da humanidade, com o assassinato de 6 milhões de judeus no Holocausto.

O pretexto para os incidentes foi a morte em Paris do diplomata alemão Ernst vom Rath, assassinado por um adolescente de 17 anos, que era judeu e havia sido expulso da Alemanha para a Polônia.

O massacre da comunidade e dos bens judaicos foi comandado pelas milícias nazistas. Os bombeiros foram impedidos de combater o incêndio de lojas e sinagogas, atingidas em todo o território do país.

Na Alemanha e na então recém-anexada Áustria foram destruídas 267 sinagogas e 7.500 lojas e empresas. Os judeus assassinados foram 91, mas em seguida centenas de outros pereceram em decorrência dos ferimentos ou cometeram suicídio.

O 9 de Novembro tornou-se uma data para lembrar a luta contra o fascismo e o antissemitismo a partir de uma votação do Parlamento Europeu, seguida simbolicamente por dezenas de outros países ocidentais.

Com o conflito de Gaza, a emergência de uma nova onda do preconceito contra os judeus foi assinalada e combatida em vários países. O episódio mais eloquente ocorreu no Daguestão, província russa de maioria muçulmana. Centenas de racistas mobilizados por redes sociais irromperam em 29 de outubro em um aeroporto e tentaram linchar passageiros judeus que chegavam de Israel. Não conseguiram.

Nos Estados Unidos, estudantes judeus da Universidade Cornell precisaram ser protegidos contra a agressão de colegas hostis. Por sua vez, o diretor do FBI, Christopher Wray, alertou para os "níveis históricos" que o antissemitismo atinge no país. Os judeus são apenas 2,4% dos americanos, mas vítimas de 60% dos crimes de ódio com motivação religiosa. Constatações semelhantes chegaram de múltiplos países, como Espanha, Itália, Áustria ou até da África do Sul.

Um dos grandes historiadores do antissemitismo, o francês de origem russa Leon Poliakov, discorre sobre perseguições em que os judeus eram personagens secundários: durante as Cruzadas, a partir do século 11, o foco cristão eram os muçulmanos. Mesmo assim, a comunidade judaica foi massacrada em Colônia e em Praga, terminando com morticínio em Jerusalém.

Os judeus foram expulsos da Inglaterra no século 13, da França no final do século seguinte, mas na história desse povo nada foi tão doloroso quanto a expulsão da Espanha, em 1492. Ou saíam ou eram forçados à conversão —por iniciativa da rainha Isabel de Castela, que dizia que a Virgem lhe aparecia em sonhos, pedindo o ato extremo de suposta purificação religiosa da Península Ibérica.

O antissemitismo nunca decresceu e atingiu um de seus momentos mais eloquentes com o Caso Dreyfus. O capitão francês Alfred Dreyfus foi preso em 1894, acusado por documentos apócrifos de espionagem em favor da Alemanha. Foi condenado e destituído em escandaloso complô antissemita. O caso repercutiu amplamente na Europa e em todo o mundo. Posteriormente, seu caso foi revisado, e ele, reintegrado ao Exército. No Brasil, Rui Barbosa escreveu um panfleto para defendê-lo.

O clubinho do TJ-SP, Editorial FSP

 Com a soberba de quem se considera acima das normas éticas e legais, os dois desembargadores que concorreram à presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo se recusaram a conceder entrevista à Folha para tratar de suas propostas de campanha e outros temas de interesse público.

Negaram-se, além disso, a mostrar ao jornal os programas de gestão que pretendem implementar, sob a alegação de que os enviariam somente a seus pares.

Ainda que os eleitores desse pleito se restrinjam aos 357 desembargadores em atividade no TJ-SP, é impossível deixar de ver nelas as marcas do desplante e da prepotência, para nada dizer do desrespeito ao princípio da publicidade inscrito na Constituição Federal.

Prestar contas à sociedade não constitui favor nem exceção. Trata-se do mínimo a esperar de quem busca liderar o maior tribunal do país e exercer funções administrativas em um órgão cujo orçamento passa de R$ 15 bilhões em dinheiro transferido pelo contribuinte.

Os desembargadores decerto sabem disso. Se apelaram para a falta de transparência, foi porque tentaram esconder o teor corporativista de suas candidaturas, mais preocupadas em garantir benesses aos magistrados do que em melhorar o atendimento da população.

De acordo com os programas que a reportagem obteve de fontes no TJ-SP, tanto Fernando Antonio Torres Garcia como Guilherme Gonçalves Strenger propuseram, por exemplo, aumentar a gratificação paga a juízes caso eles recebam muitos novos processos no ano.

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Garcia, que venceu a eleição nesta quarta (8), também defende um adicional por tempo de serviço, enquanto Strenger, que é vice-presidente do tribunal, prometeu afrouxar certas regras de produtividade.
Isso em favor de uma categoria que embolsa salários mensais superiores a R$ 35 mil —com remunerações efetivas não raro acima de R$ 50 mil, quando se somam todos os penduricalhos já existentes.

Não custa lembrar, ademais, que o TJ-SP sempre se opôs às inspeções do Conselho Nacional de Justiça que procuravam disciplinar cumprimento de prazos e investigar pagamentos nababescos.

Em vez de lutarem contra esse histórico de regalias e corporativismo, os dois candidatos fizeram de tudo para reforçá-lo —como se fossem presidir não um órgão do sistema de Justiça, mas um clubinho voltado apenas aos interesses de seus próprios membros.

editoriais@grupofolha.com.br

A China é o banco oficial dos países pobres, The News

 

(Imagem: Outras Palavras | Reprodução)

Se o mundo fosse a vila de Chaves, a China seria o Seu Barriga. Isso porque não existe ninguém com tantas dívidas a cobrar quanto os chineses,

Nada é de graça na geopolítica. Muito além de ser “boazinha”, o plano de sair emprestando dinheiro para obras em outros países faz parte da iniciativa da “Nova Rota da Seda” do governo chinês.

⏳ Um pouco de história… No passado, o comércio entre Ásia e Europa desenvolveu muito países que estavam no meio do caminho da chamada Rota da Seda.

Centenas de anos depois, em 2013, Xi Jinping quer causar esse mesmo efeito, mas em países do mundo todo. A ideia é emprestar $ para o desenvolvimento e infraestrutura de países mais pobres.

Já foram, no mínimo, US$ 1,3 trilhão depositado em mais de 20 mil projetos em 165 países diferentes — o que representa 85% de todos os países do mundo.

"Soft power". Pense que a estratégia chinesa, mais do que ganhar dinheiro com o pagamento das dívidas, é aumentar a influência e a relação com os governos de outros países.

PS: Se você está se perguntando, a China investiu mais de US$ 70 bilhões em pelo menos 235 projetos no Brasil, principalmente em obras de energia elétrica, tecnologia e veículos.