terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Enquanto os ciclistas lotam as ruas, ‘é como se Paris estivesse em anarquia, NYT OESP

 Liz Alderman, The New York Times - Life/Style, O Estado de S.Paulo

14 de dezembro de 2021 | 05h00

PARIS - Em uma tarde recente, a Rue de Rivoli estava assim: ciclistas passando no farol vermelho em duas direções. Os motociclistas que fazem entregas atentos a seus celulares. Scooters elétricas avançando nas pistas. Pedestres desatentos e nervosos lutando como se estivessem em um videogame.

NYT - Life/Style (não usar em outras publicações).
Com um a política de incentivo ao uso de bicicletas, Paris enfrenta problemas com descumprimento de regras de trânsito pelos ciclistas. Foto: Dmitry Kostyukov/The New York Times

Sarah Famery, residente do bairro de Marais há 20 anos, se preparou para o tumulto. Ela olhou para a esquerda, depois para a direita, depois para a esquerda e para a direita novamente antes de se aventurar na faixa de pedestres, apenas para dar uma corrida feroz quando dois ciclistas chegaram a centímetros de tocá-la.

“É um caos!” disse Famery, sacudindo a mão para o enxame de bicicletas que desviaram os carros da Rue de Rivoli desde que ela foi transformada em uma pista de múltiplas vias para ciclistas no ano passado. “Os políticos querem fazer de Paris uma cidade ciclista, mas ninguém segue nenhuma regra. Está se tornando arriscado atravessar a rua!”

O caos na Rue de Rivoli - uma importante artéria do tráfego que se estende da Bastilha, passando pelo Louvre até a Praça da Concórdia - está acontecendo nas ruas de Paris enquanto as autoridades buscam uma meta ambiciosa de tornar a cidade uma capital europeia do ciclismo até 2024.

A prefeita Anne Hidalgo, que está fazendo campanha para a presidência da França, vem polindo suas credenciais como uma candidata socialista orientada ecologicamente. Ela ganhou admiradores e inimigos com um programa ousado para transformar a grande Paris na principal metrópole ambientalmente sustentável do mundo, recuperando vastas áreas da cidade de carros para parques, pedestres, além de fazer uma revolução ciclista como a que ocorreu em Copenhague, na Dinamarca.

Ela criou estradas ao longo do Sena livre de carros e no ano passado, durante os lockdowns devido ao coronavírus, supervisionou a criação de mais de 160 quilômetros de novas ciclovias. Ela planeja limitar os carros no coração da cidade em 2022, ao longo da metade da Margem Direita e através do Boulevard Saint Germain.

Os parisienses ouviram o apelo: um milhão de pessoas em uma metrópole de 10 milhões agora pedala diariamente. E Paris agora está entre as 10 melhores cidades do mundo para ciclistas.

Mas com o sucesso vieram as grandes dores do crescimento.

“É como se houvesse uma anarquia em Paris”, disse Jean-Conrad LeMaitre, um ex-banqueiro que saiu para um passeio recentemente pela Rue de Rivoli. “Precisamos reduzir a poluição e melhorar o meio ambiente. Mas todo mundo está apenas fazendo o que quer. Sem polícia, sem multas, sem treinamento e sem respeito. ”

Na Prefeitura, os encarregados pela transformação reconheceram a necessidade de soluções para as tensões que surgem e para os acidentes e até mortes decorrentes do vale-tudo nas ruas. A raiva pelo uso irresponsável de scooters elétricas em particular transbordou depois que uma mulher de 31 anos foi morta neste verão em um atropelamento seguido de fuga ao longo do Sena.

“Estamos no meio de uma nova era em que bicicletas e pedestres estão no centro de uma política de combate às mudanças climáticas”, disse David Belliard, vice-prefeito da área de transporte de Paris e encarregado pela supervisão da metamorfose. “Mas só recentemente as pessoas começaram a usar bicicletas em massa, e a adaptação levará tempo.”

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Pedestres têm reclamado do descumprimento de regras e muitas pessoas questionam a prefeitura com relação a uma legislação. Foto: Dmitry Kostyukov/The New York Times

Belliard espera que os parisienses possam ser persuadidos a cumprir as leis, em parte adicionando mais policiais para distribuir multas de 135 euros (cerca de R$ 865) para ciclistas indisciplinados e ensinando crianças em idade escolar sobre segurança em relação às bicicletas. As scooters elétricas estão restritas a uma velocidade de 10 km/h em áreas lotadas e podem ser proibidas até o final de 2022 se o uso irresponsável não parar.

A cidade também planeja negociações com empresas de entrega como a Uber Eats, cujos entregadores são pagos por entrega e estão entre os maiores infratores quando se trata de burlar as regras de trânsito.

“Seu modelo econômico é parte do problema”, disse Belliard.

Provavelmente, o maior desafio é que Paris ainda não possui uma cultura de ciclismo enraizada.

O permanente sentido francês de “liberté” está nas ruas a qualquer hora, onde jovens e velhos parisienses caminham distraidamente em quase todas as ocasiões. Eles parecem ter levado aquele espírito livre para suas bicicletas.

“Na Dinamarca, que tem uma cultura de ciclismo de décadas, a mentalidade é: ‘Não vá se o sinal estiver vermelho’”, disse Christine Melchoir, uma dinamarquesa que mora em Paris há 30 anos e se desloca diariamente de bicicleta. “Mas, para um parisiense, a mentalidade é: ‘Vá!’”

Belliard, o vice-prefeito, disse que Paris logo revelará um projeto para melhorar a infraestrutura. Mas, por enquanto, o tumulto continua.

Em uma tarde recente, oito ciclistas passaram no farol vermelho em massa no Boulevard de Sébastopol, uma importante artéria norte-sul. Os pedestres cautelosos se encolheram até que um ousou tentar atravessar, quase causando um engavetamento.

De volta à Rue de Rivoli, os ciclistas desviaram para evitar os pedestres como no jogo da galinha atravessando a rua. "Atenção!" um ciclista com colete de segurança vermelho e óculos de proteção gritou com três mulheres que atravessavam o sinal vermelho, enquanto ele quase caiu na chuva.

Os ciclistas dizem que Paris não fez o suficiente para tornar o deslocamento de bicicleta seguro. Os acidentes de bicicleta aumentaram 35% no ano passado, em relação a 2019. Paris en Selle, uma organização de ciclismo, protestou pedindo segurança nas vias depois que vários ciclistas morreram em colisões com motoristas, incluindo, recentemente, um menino de 2 anos que estava na bicicleta com seu pai e foi morto perto do Louvre quando um caminhão virou na direção deles.

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Entregadores são apontados como os principais descuidados com regras. Foto: Dmitry Kostyukov/The New York Times

Um número pequeno, mas crescente de ciclistas, diz que estão nervosos demais para pedalar.

“Tenho medo de ser esmagado”, disse Paul Michel Casabelle, 44, supervisor da Maison de Danmark, um instituto cultural dinamarquês.

Em um domingo recente, Ingrid Juratowitch teve que conversar com sua filha Saskia em segurança no meio das ciclovias perto da estação de metrô Saint Paul enquanto segurava suas duas outras filhas jovens a uma distância segura da rua.

“Cuidado, há bicicletas vindo da esquerda e da direita”, disse Juratowitch, que mora em Paris há 14 anos.

Ela está cada vez mais relutante em deixar seus filhos caminharem para a escola por medo de ciclistas imprudentes.

"Há outro vindo", disse Juratowitch. "Ok, agora você pode ir!

“De um ponto de vista ambiental, não queremos ver a cidade de volta aos carros”, disse Juratowitch. “Mas não é seguro. É como se bicicletas e pedestres não soubessem como conviver. ”

Sakia, 12, entrou na conversa.

“Não são as bicicletas; são os ciclistas,” ela disse. “Eles acham que as regras são para todos, menos para eles.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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Ana Carla Abrahão OESP

 Não é de hoje que o Brasil decepciona. Já se vão décadas. Mesmo em períodos em que alguns acreditavam que estávamos a brilhar, embalados pela ilusão do pré-sal e pelo boom dos preços das commodities, falhamos. Desperdiçamos a oportunidade de avançar e nos afundamos na corrupção. Comparados aos nossos pares emergentes, cuja renda per capita cresceu 5,12% entre 2003 e 2011, comemoramos 2,94% de crescimento sem olhar para o lado e ver que o mundo também crescia e, de forma acelerada, nos deixava para trás. Entre 2012 e 2021 a diferença se consolida com a retração de 0,54% do PIB per capita frente aos 3,28% de crescimento nos nossos pares.

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Mesmas práticas e ideias que nos trouxeram até aqui ainda encantam, apoiadas no obscurantismo e dando voz ao messianismo e ao populismo Foto: Antonio Augusto/TSE

Nesse período, apesar do sucesso dos programas de transferência de renda no Brasil, em particular do Bolsa Família, a redução da pobreza foi muito mais intensa nos outros países emergentes, em particular na China, que retirou mais de meio bilhão de chineses da miséria. Nos números da desigualdade, a queda quase contínua que se observa desde o pós-Real foi revertida a partir de 2014. Daí em diante só se agravou, com a pá de cal sendo a pandemia, que tornou mais pobres os pobres. Devolvemos o que levamos décadas para, a duras penas, melhorar.

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Nossa produtividade anda de lado – e, mais recentemente, para trás. Um trabalhador brasileiro tem o equivalente a 25% da produtividade de um trabalhador nos países desenvolvidos. Era 30% na década de 90. Nossos pares, antes muito menos produtivos do que o Brasil, encostaram nos nossos números e, ao contrário de nós, continuam reduzindo a diferença que os afasta do desenvolvimento. Em paralelo, quase não investimos. Em infraestrutura, os 2% de investimento do PIB em média nos últimos 25 anos não dão sequer para cobrir a depreciação do estoque de capital físico que, com alto custo, acumulamos.

O Brasil de 2000 que em termos relativos empobrecia, nos anos 2010 empobreceu também no absoluto. Em 2022, segundo ano do que aponta para ser a nossa terceira década seguida de atraso, talvez tenhamos uma chance de reversão. Ou não. Afinal, as mesmas práticas e ideias que nos trouxeram aos números acima continuam vivas e ainda encantam, apoiadas no atual obscurantismo e dando voz ao messianismo e ao populismo. São todos parte desse grande trem fantasma em que o Brasil se transformou. O Brasil não merece insistir nos mesmos erros, sejam eles mais ou menos recentes. Estejam eles à direita ou à esquerda. Merecemos, finalmente, avançar.

*Os dados citados têm como fontes o IBGE, a Penn World Table e o Banco Mundial

*ECONOMISTA E SÓCIA DA CONSULTORIA OLIVER WYMAN. O ARTIGO REFLETE EXCLUSIVAMENTE A OPINIÃO DA COLUNISTA 

Pensata do Alvarão

 


MORO foi o articulador e o coordenador do projeto de desmonte da base
empresarial econômica brasileira. O que incluiu e resultou na quebra de
grande parte de nossas grandes empresas, na destruição da Petrobrás, na
entrega do Pré-Sal, no impeachment da Dilma, na prisão e inviabilização
eleitoral do Lula e na desarticulação de várias instâncias importantíssimas
do Estado brasileiro.

Como se deduz e se sabe, um projeto estratégico concebido pelos grandes
interesses norte-americanos. Projeto que, complementarmente, incluía a
exclusão política das correntes democráticas e progressistas nacionais, o
que explica o grande apoio que teve das desqualificadas, despersonalizadas e
estúpidas elites brasileiras e da maior parte das Forças Armadas.



BOLSONARO, guindado à presidência em circunstâncias não esperadas, acabou,
apesar de seu enorme despreparo para qualquer missão intelectualmente mais
exigente, se tornando um dos privilegiados executores do referido projeto,
em solidário conluio com GUEDES.

Não conseguindo, como ministro de governo, colher os trunfos e glórias de
seus grandes feitos judiciais e políticos, MORO rompe com BOLSONARO e agora,
como seu adversário, lança-se como candidato à presidência.



Os fatos históricos recentes estão aí vivos e escarradamente cristalinos:
ainda que hoje em rota eleitoral de colisão, MORO E BOLSONARO respondem ao
mesmo projeto Fascista-Neoliberal de liquidação da economia nacional e de
eliminação das forças políticas progressistas e democráticas. É nossa
obrigação esclarecer aqueles que ingenuamente ainda acreditam no pastelão do
combate à corrupção, mobilizar a grande parte do povo brasileiro que exige e
sonha com um país forte, soberano e socialmente justo, e impor fragorosa
derrota ao projeto que está destruindo a nação, retirando direitos dos
trabalhadores e jogando o povo na miséria.

Álvaro