sábado, 26 de setembro de 2020

Alvaro Costa e Silva Wilson 'Stallone' Witzel, FSP

 

Desde 1987, quando Moreira Franco assumiu, os governadores do Rio têm uma grande dor de cabeça: cumprir a promessa de acabar com a violência. Cada um no seu estilo, todos fracassaram. Wilson Witzel virou um Stallone de bloco carnavalesco, com suas fantasias para enganar o eleitor: snipers que miram na cabecinha, navios-presídios, câmeras de reconhecimento facial, tudo embalado no conceito de tolerância zero. Deu em mortes de criança. E, revelados seus reais interesses, em impeachment.

Witzel extinguiu a Secretaria de Segurança Pública, concentrando as atividades da pasta na Polícia Militar, sua menina dos olhos. Com fixação por fardas e coturnos, pensou em criar o cargo de general da PM. Como resultado, as milícias —maior foco de crime no estado, atuando em aliança com traficantes de drogas ou em guerra para lhes tomar o lugar— ganharam mais corpo e território. Não foram investigadas nem combatidas.

Mesmo assim, o número de policiais militares presos desde janeiro por envolvimento com milicianos já é o maior registrado nos últimos dois anos. Dados com denúncias do Ministério Público remetidas à Justiça do Rio mostram que 31 PMs foram para a cadeia por participar de grupos paramilitares ou receber propina de seus integrantes —em 2019, foram 19; em 2018, 26.

A repórter Anna Virginia Balloussier revelou na Folha que a milícia desenvolveu um modus operandi diferente, uma falsa fala mansa, para atuar nas áreas mais ricas da capital: explorar o medo com o oferecimento de “proteção”. Em época de pandemia, com as ruas vazias, nota-se uma nova figura urbana, uma espécie de inspetor de quarteirão reciclado: cara fechada, falando sempre ao celular, usando casaco mesmo nos dias de calor, ele caminha de um ponto a outro da calçada —ligado demais para estar apenas passeando.

Um dia o amigo bate à sua porta.

Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

China detecta coronavírus e suspende compra de peixes de companhia brasileira por uma semana, FSP

 A China vai parar de aceitar pedidos de importação da empresa brasileira Monteiro Indústria de Pescados Ltda por uma semana, a partir de 26 de setembro, depois que um pacote de peixe congelado testou positivo para o coronavírus, disse a alfândega chinesa nesta sexta-feira (25).

O departamento chinês havia dito anteriormente que suspenderia as importações de empresas por uma semana, se os resultados de testes fossem positivos para o vírus pela primeira ou segunda vez.

A Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), cujos integrantes têm na China um mercado crescente que responde por até 30% dos embarques nacionais, avaliou o caso como algo isolado e que ainda carece de confirmação.

Pesca de atum; o peixe é um dos mais exportados pelo Brasil para a China
Pesca de atum; o peixe é um dos mais exportados pelo Brasil para a China - Marlene Bergamo - 22.jul.2012/Folhapress

Segundo o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo, os "retestes estão sendo feitos na China" e, se não forem encontrados indícios de contaminação, a indústria poderá voltar a exportar normalmente aos chineses.

Não foi possível contatar a Monteiro Indústria de Pescados. A companhia não é associada da Abipesca.

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Lobo disse que o setor encara a suspensão temporária de uma empresa com tranquilidade, uma vez que a indústria nacional tem seguido rígidos protocolos de segurança do Ministério da Agricultura, que incluem medidas sanitárias relacionadas aos veículos, contêineres e embalagens.

Ele explicou que, no caso de ser identificado novamente coronavírus na China, a suspensão pode ser maior, mas ainda restrita à Monteiro Indústria de Pescados.

"É um procedimento normal, o setor está tranquilo quanto à segurança do produto no Brasil e estamos trabalhando em harmonia com a autoridade chinesa, que está nos informando o que está acontecendo", afirmou.

"É um caso específico, isolado, e até que sejam feitos retestes, não tem como dizer a gravidade, mas diante de toda a segurança da protocolo, estamos tranquilos quanto à qualidade dos alimentos", afirmou ele, ressaltando que os riscos de embargos não são extensivos ao setor, mas sim direcionados a unidades produtoras.

O produto no qual teria sido identificado o coronavírus é uma embalagem de peixe espada congelado, disse o executivo, que também é presidente da Câmara Setorial da Produção e Indústria de Pescados do Ministério da Agricultura.

Ele disse que o peixe espada não é um dos produtos mais vendidos aos chineses, que incluem pescadas amarela e branca, além de atum, entre outros.

A exportação de pescados do Brasil à China gira em torno de US$ 70 milhões por ano (R$ 389,7 milhões), com chineses e norte-americanos alternando como os maiores destinos do produto do país, cujos embarques totais são estimados em US$ 300 milhões (R$ 1,670 bilhão) em 2020.

O Brasil é um grande importador de peixes, com volumes anuais em torno de US$ 1,3 bilhão R$ 7,2 bilhões), incluindo salmão e bacalhau, mas está no caminho de avançar no mercado exportador, segundo Lobo.

A expectativa é de que as exportações de pescados do Brasil aumentem para US$ 600 milhões (R$ 3,340 bilhões) por ano em 2021 e ultrapassem US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) em 2025.

Na semana passada, a China suspendeu as importações de um produtor de frutos do mar da Indonésia também devido a testes positivos para o coronavírus.

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