segunda-feira, 28 de maio de 2018

Metrô SP é eleito melhor serviço de transporte de São Paulo pelo quarto ano seguido pelo Datafolha, Metrô


03/05/2018 - Metrô SP
Pela quarta vez consecutiva, pesquisa do Instituto Datafolha apontou que para 53% dos entrevistados o Metrô é o melhor serviço de transporte da cidade de São Paulo. A pesquisa aconteceu em março deste ano e ouviu 1.102 pessoas com 16 anos ou mais. O público pesquisado, que pertence às classes A e B mora em todas as regiões da cidade, e revela também que o Metrô é o líder em serviços públicos da Capital, empatado tecnicamente com o Poupatempo.
Para o presidente do Metrô, Paulo Menezes, o investimento contínuo em tecnologia e confiabilidade do sistema são os principais indicadores dessa trajetória crescente de sucesso. “O usuário confia no sistema, ele sabe que vai chegar aonde precisa com rapidez e segurança”, diz. “Investimos em wi-fi nas estações, estamos instalando 150 máquinas de vendas de bilhetes, passamos a comercializar créditos do Bilhete Único e reformamos 98 trens, além da compra de dezenas de novas composições. Tudo isso mostra que estamos em movimento, com inovação como prioridade”, completa.

Além dos pontos levantados por Menezes, a expansão da rede também é percebida pela população da cidade. Nos últimos 8 meses, foram 11 as estações inauguradas em três linhas: 4-Amarela, 5- Lilás e 15-Prata. Com elas, a malha metroviária da cidade alcançou 89,7 km, com 79 estações distribuídas em seis ramais. Para este ano, outras 9 inaugurações são esperadas, o que elevará o número de paradas para 88 em uma rede de mais de 100km de extensão.

domingo, 27 de maio de 2018

No Matopiba e no cerrado, o agro não é pop, é do crime, FSP

É imprudente animar-se demais com a Operação Shoyo Matopiba do Ibama, que aplicou multas de R$ 105,7 milhões a astros do agronegócio no cerrado. Uma parcela diminuta das autuações lavradas pela agência ambiental acaba de fato recolhida aos cofres da União.
Não faltam recursos administrativos para os infratores enrolarem no pagamento. Depois, há a possibilidade de recorrer à Justiça, que sempre tarda e quase sempre falha.
De todo modo, anima um pouco ver o Estado nacional se mexer para fazer cumprir a lei (nada a ver com a greve-locaute dos caminhoneiros). Quem planta, vende ou compra soja cultivada em áreas embargadas pelo Ibama por desmatamento ilegal comete uma infração e tem de pagar por isso.
Foram apreendidas na operação mais de 5 toneladas de soja (84 mil sacas). Em meio às 78 pessoas físicas e jurídicas flagradas no Maranhão, em Tocantins, no Piauí e na Bahia (MA-TO-PI-BA) estão gigantes da estatura de uma Bunge e uma Cargill, que no entanto alegam consultar bancos de dados oficiais sobre áreas embargadas antes de comprar os grãos.
Plantação de sorgo em Luís Eduardo Magalhães, oeste baiano
Plantação de sorgo em Luís Eduardo Magalhães, oeste baiano - Avener Prado/Ciência
Pode ser que estejam caindo, de boa fé, no engodo de alguns produtores. Pode ser.
Mas também pode ser que só estejam seguindo o exemplo de multinacionais como a John Deere, fabricante de máquinas agrícolas que no cenário internacional assume compromissos para reduzir emissões de carbono enquanto seus representantes locais pintam e bordam para agravar o aquecimento global.
O jogo duplo foi revelado nesta Folha por Patrícia Campos Mello e Avener Prado. Em reportagem sobre o cerrado para a série Crise do Clima, uma concessionária de tratores Deere, a Agrosul, patrocina palestras em que o meteorologista Luiz Carlos Molion diz que não existe aquecimento global.
Não é a única empresa que fatura com o agronegacionismo de resultados do palestrante. Contra tudo que a pesquisa científica vem mostrando com dados empíricos, Molion afirma que o CO2 não causa efeito estufa, que desmatamento não diminui chuvas e que o mundo vai na realidade se resfriar.
Além de grana, Molion recebe aplausos dos ruralistas, assim como Jair Bolsonaro. Não há fórmula mais fácil de agradar do que falar o que as pessoas querem ouvir.
E esse povo não quer outra coisa a não ser carta branca para seguir desmatando. Mais da metade do cerrado já virou cinzas, e o Matopiba é a mais recente fronteira de devastação dessa savana rica em biodiversidade.
Estudo do pesquisador Tiago Reis já indicou que 5,6 milhões de hectares da soja plantada no cerrado estão em áreas de risco produtivo alto ou médio, por causa do clima e do solo desfavoráveis. O levantamento foi noticiado em dezembro noutra reportagem de Patrícia Campos Mello.
Só se ouve falar na derrubada da floresta amazônica (80% de pé ainda). Mas a destruição do cerrado acontece aqui e agora.
Pior, ela contribui com 11% de todo o carbono emitido pelo Brasil em 2016, último dado disponível. Ou o dobro da poluição climática lançada na atmosfera pela atividade industrial, calcula levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), um consórcio de ONGs. 
Em resumo: desmata-se demais para produzir de forma insustentável e perturbar o clima do planeta. E ainda tem gente que acha que agro é pop, quando no Matopiba muito do que os ruralistas fazem é um crime.
Marcelo Leite
É repórter especial da Folha, autor dos livros 'Folha Explica Darwin' (Publifolha) e 'Ciência - Use com Cuidado' (Unicamp).

Na prisão, solitária e parceria com Edinho, OESP



Nos 35 dias de cárcere, Paulo Vieira de Souza foi centroavante em time do filho de Pelé






Fabio Leite
27 Maio 2018 | 05h06

Foto: ROBSON FERNANDJES/AE
Desde a juventude, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, de 68 anos, prefere jogar no ataque, mas as estrelas dos times pelos quais passou atuavam na defesa. Nos anos 1960, o goleiro nas categorias de base do São José, clube da região onde nasceu, no interior paulista, era Emerson Leão. Já na Penitenciária de Tremembé, onde esteve preso acusado de ameaçar uma testemunha do processo no qual é réu, foi Edinho, filho de Pelé, quem ajudou a levar o seu “Barcelona” à final do torneio de detentos.
Foram 35 dias de cárcere, os dez primeiros na solitária. A reclusão do ex-diretor da Dersa, apontado por executivos de empreiteiras da Lava Jato como operador de propinas do PSDB paulista, reacendeu a especulação de que Souza aderisse a um acordo de delação premiada com a força-tarefa. Quando muitos do lado de fora imaginavam que o centroavante do Pavilhão I fosse atacar, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), entrou em campo e decretou sua soltura, na sexta-feira, 11 de maio. O benefício devolveu a liberdade a Souza, mas o tirou da decisão do campeonato, que ocorreria naquele domingo.
Detido pela primeira vez na vida, o engenheiro nascido em Taubaté se disse vítima do “mecanismo”, uma alusão à série homônima da Netflix inspirada na Lava Jato. “Eu contrariei o mecanismo, contrariei o cartel das empreiteiras”, afirmou ele, que já assistiu à produção nacional duas vezes – só perde em preferência para o filme Gladiador, cujo cartaz tem como protetor de tela do celular. Na prisão, relata, viveu dentro de outro mecanismo que, até então, só conhecia por meio de outra série televisiva. “Graças a Deus que assisti a Prison Break antes de entrar lá. Ela retrata muito bem a dificuldade de conviver com a falta de liberdade.”
Souza foi preso pela Polícia Federal na manhã do dia 6 de abril por supostamente ameaçar uma testemunha do processo no qual ele é acusado de fraudar e desviar R$ 7,7 milhões do programa de reassentamento das obras do Rodoanel Sul e da Jacu Pêssego entre 2009 e 2010. Ele nega as acusações. Naquela mesma noite, foi levado no “latão”, apelido do veículo que transporta presos em São Paulo, para a Penitenciária II de Tremembé – presídio que fica a 138 quilômetros da capital e é conhecido por abrigar presos de crimes famosos.
Ficou dez dias no Regime de Observação (RO), popularmente conhecido como solitária, antes de ser integrado à ala dos presos com nível superior, no Pavilhão I, que contava com 160 detentos. Lá conviveu com Gil Rugai, condenado pela morte do pai e da madrasta, Cristian Cravinhos, sentenciado pela morte dos pais de Suzane Von Richthofen, o irmão do ex-ministro José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, condenado na Lava Jato, e o ex-goleiro Edinho, encarcerado por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas.
Segundo ele, um terço dos 160 presos da unidade foi condenado por estupro e o restante se divide entre tráfico de drogas, crime passional e de corrupção, como é o caso do ex-tucano Acir Filló, ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. Autor de uma biografia do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), ele presenteou o engenheiro com uma edição do livro, cuja dedicatória já havia sido feita a outro detento famoso da unidade. “Para Nardoni, levante sempre a cabeça. Abraços de seu amigo, Filló”, escreveu o autor para Alexandre Nardoni, condenado pelo assassinato da filha Isabella, em 2008.
“A vida lá dentro é muito simples, regrada, tem horário pra tudo. Todos se respeitam muito e a solidariedade é enorme. Virei fã do Edinho. Além de um excelente goleiro, é um gentleman. A família do lado de fora sofre mais por causa da pressão social. Minha mãe, de 94 anos, adoeceu por causa da prisão injusta. Mesmo assim é uma tortura psicológica muito grande ficar privado da sua liberdade. Tem que ter uma cabeça muito boa para não ficar dependendo de calmante”, relatou Souza.
Big Iron. Triatleta, o ex-diretor da Dersa disse que sua experiência em competições de longa duração o ajudaram a superar as dificuldades nos 35 dias de detenção, em especial o período na solitária. “São 9 Ironman (3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida), 45 maratonas (42 km de corrida) e 2 ultramaratonas (acima de 50 km). Na cadeia, contou, não abriu mão dos treinos. Foi em um deles que bateu o recorde de abdominais do Pavilhão I e ganhou o título de Big Iron, apelido que ele fez questão de ressaltar, ao contrário de Paulo Preto, alcunha atribuída a ele em 2010 e que ele abomina.
A fama de superatleta lhe permitiu até dar uma palestra sobre superação a um grupo de detentos. Em sua fala, destacou a biografia de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, morto em 2013. “Falei para eles que Mandela ficou 27 anos preso, saiu da prisão e virou presidente da República.” Com a formação em Engenharia, também deu pitacos na reforma de uma das alas do pavilhão. E nos momentos de solidão dentro da cela, revela, dedicou-se a escrever um diário sobre a vida na prisão. “Nada de política. Só o que vivi ali nesses 35 dias.”