sexta-feira, 7 de novembro de 2025

'Larga de ser babaca', diz Nunes a manifestante que protestava contra derrubada de árvores, FSP

 Carlos Petrocilo

São Paulo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) reagiu nesta quinta-feira (6) a protesto contra a derrubada de um bosque no Alto da Lapa, na zona oeste, e disse "larga de ser babaca" a um dos manifestantes.

Nunes fazia um discurso durante entrega de veículos movidos a biometano para coleta de lixo. Um grupo, que se intitula Salve o Bosque, foi até o evento com cartazes com dizeres como "Assassinaram o Bosque" e "A Lapa está de luto".

Vista aérea mostra área de floresta com várias árvores derrubadas e galhos espalhados. Caminhos de terra cercam a área, com máquinas e equipamentos visíveis no canto esquerdo. Edificações e veículos aparecem nas bordas da imagem.
Árvores cortadas no terreno onde será construído condomínio, na zona oeste de SP - Rafaela Araújo - 4.nov.25/Folhapress

Os manifestantes são contra a autorização —Termo de Compromisso Ambiental— que a prefeitura emitiu para a construtora Tegra retirar 118 árvores do chamado Bosque dos Salesianos e construir prédios residenciais.

A área de 7.000 metros quadrados do bosque reúne 207 árvores, entre as ruas Pio XI, Sales Júnior e Presidente Antônio Cândido.

Segundo o Termo de Compromisso Ambiental, a construtora deverá fazer plantio compensatório de 1.799 mudas.

Vídeo publicado na página do grupo no Instagram sugere ainda que o prefeito chegou a mostrar o dedo do meio aos manifestantes, o que a Secretaria de Comunicação nega.

"Quanto à imagem congelada e fora de contexto, é um absurdo e irresponsabilidade querer induzir o leitor a erro de interpretação", diz a gestão Nunes, em nota.

Logo no início do discurso, o prefeito disse que a cidade é dividida em duas categorias, de pessoas civilizadas e não civilizadas. Na sequência chamou os manifestantes de "baderneiros" e "pessoas sem noção".

A gestão Nunes afirma que não houve ofensas do prefeito, "mas sim uma série de interrupções desrespeitosas por parte dos manifestantes que estavam ali apenas para gerar tumulto."

A prefeitura também destacou que "não é responsável pelo local, trata-se de negociação entre particulares com autorização da Justiça e determinação para compensação ambiental".

Antes, o grupo havia feito protesto na terça-feira (4). "Mais do que uma relação com a comunidade, o bosque tem uma fauna e flora riquíssimas, com pássaros e até macacos. É um dos poucos lugares de São Paulo em que você tem isso", disse a fotógrafa Sílvia Simões, um das integrantes do movimento.

A Tegra comprou o terreno da Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo) por quase R$ 95 milhões, em maio deste ano.

A construtora defende que o empreendimento é regular e possui todas as autorizações, incluindo o alvará de execução e o TCA, emitidos pela SVMA (Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente).

O Ministério Público de São Paulo chegou a ajuizar ação pedindo a paralisação das obras. Obteve decisão liminar favorável à suspensão do projeto, medida que posteriormente caiu.

O argumento era de que o local estaria protegido por um decreto de 1989 que proibia a supressão das árvores. A norma, no entanto, foi revogada pelo governo Luiz Antônio Fleury Filho, em 1994, em mudança que atribuiu ao município a decisão sobre o corte de espécies nativas. A ação acabou julgada improcedente.

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