quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Deirdre Nansen McCloskey - Nobel 2025, FSP

 

Deirdre Nansen McCloskey

Os economistas mais antigos acreditavam que o acúmulo de capital era a causa da riqueza das nações. É uma velha e óbvia verdade que alguém pode enriquecer roubando do vizinho. Essa é a atração. Até mesmo Adam Smith, que se opunha veementemente ao furto, à escravização e à conquista, fosse por uma pessoa ou pelo Estado, acreditava que o que contribuía para a riqueza nacional era o capital acumulado. Afinal, observou ele, a Holanda em 1776 era rica e possuía enormes quantidades de capital físico, enquanto as Terras Altas da Escócia eram pobres e tinham pouco.

Foram necessários dois séculos e meio para que os economistas se livrassem dessa aparente verdade. Marx, que de muitas formas foi um seguidor de Smith, acreditava que a "mais-valia" extraída da classe trabalhadora era reinvestida pelos capitalistas, assim enriquecendo a nação e, principalmente, os capitalistas. O marxista francês Thomas Piketty baseou nessa crença seu livro sensacional de 2013 sobre desigualdade. Contudo, não só os marxistas continuaram acreditando que o acúmulo de capital —o empilhamento de tijolo sobre tijolo, ou de diploma universitário sobre diploma universitário— é a fonte de nossas riquezas.

A ortodoxia do Banco Mundial durante décadas após sua fundação, em 1944, foi a receita "Adicione capital e misture". Não funcionou. Gana recebeu ajuda externa maciça, mas não enriqueceu. Durante a década de 1990, o banco, portanto, mudou para sua nova receita: "Adicione instituições (boas) e misture". Também não funciona.

O que os economistas e seus seguidores não conseguiram perceber é que o bizarro Grande Enriquecimento do mundo desde 1776 envolveu inovação. Os inovadores, como já expliquei, criam novas maneiras de fazer as coisas. Ferrovias. Motores elétricos. A universidade moderna. A internet. Permitir que as mulheres façam trabalho remunerado. Acabar com as tarifas sobre o comércio exterior. E assim por diante, em bilhões de inovações típicas do mundo moderno. O capital às vezes foi necessário, é claro, especialmente nas ferrovias, por exemplo. Mas também foram necessários todos os tipos de condições que, por si sós, não criam novas maneiras de fazer as coisas, como ter uma força de trabalho ou obedecer às leis. O que é suficiente, o molho secreto do crescimento econômico moderno, é a criatividade humana.

Em 1911 Joseph Schumpeter, em 1928 Allyn Young e em 1933 G. T. Jones começaram a fugir do dogma de que capital implica riqueza. Vários economistas mais recentes continuam pensando dessa forma, no que chamam de "teoria do crescimento". Mas Young e Jones morreram cedo, e Schumpeter voltou ao dogma. Foi preciso um artigo de Robert Solow, em 1957, para reiniciar a reflexão sobre a força das ideias na economia, o que ele chamou de "mudança técnica". No entanto, os economistas ainda se apegavam ao dogma de Smith-Marx, e o Comitê do Nobel concedeu dezenas de prêmios a economistas que o expandiram.

No mês passado, o comitê finalmente reconheceu que as ideias, e não o capital, moldaram o mundo moderno. Eles concederam o prêmio a um teórico francês e a dois cientistas empíricos, o canadense Peter Howitt e meu querido amigo, o holandês-israelense-americano Joel Mokyr. Viva!

Mas quando é que os economistas vão perceber que as novas ideias surgiram da libertação das pessoas comuns? Esperemos que não demorem dois séculos e meio.

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