sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Painel Secretário de Segurança de SP publica foto de maconha com adesivo de Lula, FSP

 Guilherme Seto

SÃO PAULO

Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite publicou nas suas redes sociais fotos que mostram pacotes de maconha com adesivos que contêm a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a mensagem "faz o L".

Derrite é próximo da família de Jair Bolsonaro (PL), especialmente do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e um dos focos de sua atuação política nos últimos anos tem sido o antipetismo.

Na legenda das fotos, o secretário de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) escreveu que um casal foi preso em Euclides da Cunha Paulista transportando grande quantidade de maconha de Ponta Porã (MS) a São Paulo.

Fotografia publicada por Guilherme Derrite nas redes sociais
Fotografia publicada por Guilherme Derrite nas redes sociais - Reprodução/Instagram/@guilhermederrite

"Policiais militares perceberam a atitude suspeita, deram ordem de parada e o casal tentou fugir, até atolar em uma estrada de terra e ser preso. Parabéns aos policiais. Continuamos nosso trabalho para demonstrar que em São Paulo o crime não compensa", completou.

Uma das fotos traz o adesivo de Lula no centro da imagem. Os seguidores de Derrite fizeram diversas referências ao adesivo nos comentários: "o melhor é o garoto propaganda", "esse tal de 'L' não vai vencer o bem. Os homens de bem e de coragem estão vigilantes" e "droga com a foto do Lula, qual droga é pior?", escreveram alguns.

Ainda que Derrite tenha publicado fotografias anteriores de apreensões de drogas, o foco no adesivo que tem Lula destoa dos registros anteriores, quando os selos aparecem apenas como detalhes.

O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, diz que Derrite não tem conseguido lidar com as demandas do cargo e por isso, pressionado, tenta mobilizar a tropa ideológica do bolsonarismo.

"Os problemas do Derrite são tão grandes —cracolândiaSantos, crescimento da letalidade policial, troca de comando de coronéis da Polícia Militar— que ele está fazendo esse tipo de publicação para mobilizar a tropa ideológica", afirma.

"Pode até ser que exista o adesivo, que seja uma estratégia do crime, mas qual é a relevância dele para um gestor? Isso remete ao sequestro do Abilio Diniz", analisa Lima.

Em 1989, no intervalo entre o primeiro e o segundo turnos da eleição presidencial, o empresário foi sequestrado. Após o estouro do cativeiro, os sequestradores apareceram com camisetas do PT e a polícia divulgou fotos do material de campanha de Lula no local, o que acabou relacionando publicamente o partido à ação dos criminosos, ainda que não houvesse participação da legenda no ocorrido. Na época, a polícia paulista foi acusada de atuar para prejudicar o partido nas eleições.

"Isso é tratar a segurança como moeda política. Jamais uma comunicação institucional da área de segurança deveria sugerir que um segmento politico, por mais que não se concorde com ele, está associado ao crime ", completa.

"Faz parte de uma tentativa de manter a polarização, de criminalizar um segmento político para manter vivo o discurso bolsonarista radical e também o projeto do Derrite", conclui o sociólogo.

A assessoria de imprensa de Derrite afirma que o secretário posta diversas apreensões e essa é só mais uma.

"Não há motivo para ele ocultar por conta do adesivo que vai na droga. É um factual de uma droga que vinha de MS para São Paulo, que mostra a atuação da polícia nas fronteiras", diz a nota.

Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de SP
Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de SP - Greg Salibian - 1º.jan.2023/Folhapress

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