O empresário argentino Jorge Pérez, conhecido como o "rei dos Condomínios" dos EUA, está na capital paulista para visitar a 35º Bienal de Arte e explorar novas oportunidades de investimento.
Sócio do bilionário projeto Parque Global, na zona sul de São Paulo, ele é fundador e CEO do Related Group. A empresa tem hoje mais de 90 projetos em desenvolvimento nos Estados Unidos e na América Latina, avaliados em US$ 26,9 bilhões (R$ 133,4 bilhões), e gerencia mais de 90 mil residenciais.
Pérez vê em São Paulo potencial para "empreendimentos icônicos", "com arte" e "internacionalmente excelentes". E afirma que "é hora de comprar imóvel", porque os preços praticados no mercado imobiliário brasileiro são "uma barganha".
"Quando eu cheguei pela primeira vez a São Paulo, percebi que os prédios eram individuais, as pessoas compravam um apartamento em um condomínio que não tinha todas as ótimas comodidades que poderiam", conta.
"Eu queria ter, como fizemos em Nova York e em Miami, quase uma nova cidade, onde as pessoas fossem conscientes do meio ambiente, onde estivesse cheio de arte, onde pudessem caminhar com total segurança. Eu queria criar uma 'biosfera'", afirma o empresário à Folha.
O projeto do Parque Global, em construção pelo grupo Bueno Netto e comercializado pela incorporadora Benx, terá cinco torres de 47 andares cada, em um terreno de mais de 200 mil metros quadrados que incluirá um shopping center, uma universidade e um hospital. Os apartamentos, de 142 m² a 552 m², custam entre R$ 3 milhões e R$ 15 milhões. Três torres já foram totalmente vendidas.
Segundo Pérez, em Miami, um empreendimento similar sairia, pelo menos, três vezes mais caro. "O preço [do metro quadrado] é dez vezes o preço daqui", diz. "Estamos procurando mais terrenos e outras possibilidades de fazer projetos icônicos em São Paulo."
Especialista em construir moradias populares nos EUA —são mais de 12 mil unidades em seu atual pipeline de desenvolvimento—, o investidor descarta a possibilidade de entrar neste segmento no Brasil. "É um tipo de desenvolvimento muito localizado. Não conheço as regulamentações [brasileiras]. Seria impossível competir nessa área", afirma Pérez.
Seu foco é levantar condomínios de luxo como os que transformaram Miami Beach de uma comunidade de aposentados no mercado imobiliário mais caro dos EUA.
Ele reconhece os desafios urbanos de São Paulo, como o alto número de pessoas em situação de rua, mas acredita que um planejamento urbano com menos muros pode redefinir a capital.
"Miami se tornou provavelmente a cidade internacional mais popular do mundo. Estamos recebendo pessoas de todos os lugares dos Estados Unidos, da Europa, do Brasil, do México, da Argentina, que querem ter uma segunda casa em Miami, porque ela quase se tornou a capital das Américas", afirma o empresário.
O sucesso da cidade americana, explica, se justifica pelo seu clima quente, o idioma internacional e pela carga tributária mais favorável. "Temos diferentes tipos de empreendimento em Miami, de moradias acessíveis ao alto padrão. Para a classe média latino-americana são unidades menores. Geralmente compradas como investimento. Os proprietários podem alugá-las quando não estão lá. É uma forma de obter renda e usar ao mesmo tempo", diz.
Com planos de ter apartamento de um quarto com 50 m² e apartamento de dois quartos com 70 m², Pérez vai levar para Miami a habilidade dos arquitetos brasileiros em projetar espaços compactos.
"Uma das coisas que aprendemos com São Paulo é como projetar unidades pequenas muito boas. Como você faz 40 m²? E então você olha por dentro e pensa: 'Ah, isso parece muito bom'. Então, copiamos isso do Brasil."
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