Se a luz do Sol é o melhor detergente, a sombra e o tempo são bons embaçadores. Outro dia apareceu a notícia que que o papa Pio 12 recebeu uma carta de um jesuíta alemão em dezembro de 1942 denunciando a matança de judeus e o campo de extermínio de Auschwitz.
Passados 81 anos, pareceu novidade. Antes de dezembro de 1942, o Holocausto passou pelo menos dez vezes pelo Vaticano e o papa ficou calado.
Em outubro de 1941, Pio 12 recebeu uma denúncia do massacre de judeus, vinda do núncio apostólico de Bratislava. O papa encontrou o núncio na Turquia e perguntou-lhe se o seu silêncio era um erro. O prelado era Angelo Roncalli, que viria a sucedê-lo, como João 23.
Em fevereiro de 1942, 20 dias depois da reunião de nazistas que pôs em marcha a "Solução Final", Hitler anunciou que "os judeus serão liquidados por pelo menos mil anos".
Em setembro de 1942, o embaixador brasileiro no Vaticano, Hildebrando Pinto Accioly, articulou-se com os colegas dos Estados Unidos, Inglaterra, França e Polônia e pediu a Pio 12 que protestasse. Nada feito.
Pio 12 morreu em outubro de 1958, aos 82 anos. Mal embalsamado, sofreu um raro processo de decomposição, explodiu, foi recomposto e vestido de novo.
O médico do papa Pacelli, que dirigiu o embalsamamento, era um charlatão que pouco depois vendeu fotografias da agonia do paciente.
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