Tite desembarcou no Rio de Janeiro na terça-feira (26), cercado por repórteres ávidos por saberem se aceitaria convite do Flamengo. Afirmou apenas: "O que me pauta é o respeito". Depois, reforçou ter residência na Barra da Tijuca, zona oeste carioca. Estava apenas voltando para casa.
Nas entrelinhas, deixou claro não se sentir à vontade para falar sobre um clube com um treinador empregado.
Não há nenhum motivo para duvidar do respeito de Tite.
Há todos para desconfiar da ética no futebol.
Menos de 24 horas depois do desembarque do ex-técnico da seleção brasileira, surgiu o boato de seu empresário, Gilmar Veloz, ter estado na Neo Química Arena durante Corinthians 1 x 1 Fortaleza.
Segundo o rumor, o presidente corintiano, Duílio Monteiro Alves, ouviu de Veloz que Tite não poderia aceitar o Corinthians, por já estar apalavrado com o Flamengo.
A história foi desmentida veementemente por quem estava com Duílio. "O presidente perguntou por curiosidade e ouviu que Tite não pretende trabalhar no Brasil neste ano." Numa só tacada, Gilmar Veloz descartou o Corinthians, sem perder a hipótese de mudar de ideia mais tarde, em caso de acerto com o Flamengo.
Enquanto isso, a direção rubro-negra deixou Jorge Sampaoli trabalhar no Ninho do Urubu, enquanto o país inteiro sabia estar demitido.
Aconteceu com Paulo Sousa, dispensado no dia 9 de junho de 2022, logo depois de dar treino em Atibaia, um dia antes do anúncio de Dorival Júnior como seu substituto. A expectativa é de Tite acertar salários e, então, Sampaoli ser oficialmente dispensado.
Mas...
E se Gilmar Veloz tiver dito a verdade ao afirmar a Duílio Monteiro Alves que Tite não pretende trabalhar no Brasil em 2023? E se Tite não quiser viver num ambiente em que ele possa ser o próximo exposto, dando treinos, com todo o país já sabendo que está demitido?
Tite tinha um problema pessoal grave em 2003, quando foi convidado por Juvenal Juvêncio e não pôde assumir o São Paulo.
Publicou-se que rejeitou o Morumbi. Na verdade, pediu semanas para solucionar a questão familiar antes. Não deu tempo.
Também se disse que se arrependeu de não ir para o Morumbi. Poderia ser o campeão da Libertadores dois anos mais tarde. Esperou mais nove e ganhou o torneio continental pelo Corinthians.
O que é do homem, o bicho não come.
Há quatro meses, antes de contratar Vanderlei Luxemburgo, o Corinthians fez proposta a Mano Menezes. Mano nem pensou que as eleições para presidente do clube fossem problema, por saber ser pretendido pelas duas chapas.
Recusou por não querer romper o contrato com o Internacional. Recebeu críticas de quem trabalha perto dele. O argumento: o Inter iria demiti-lo, mais cedo ou mais tarde. Em julho, o Beira Rio recebeu Eduardo Coudet como substituto de Mano Menezes.
Em quatro meses, o Corinthians contratou e demitiu Luxemburgo e fechou com Mano Menezes.
A demissão de Luxemburgo não parece justa, pois ele tinha sete titulares acima de 31 anos e diminuiu para três, descobriu Moscardo, efetivou Murillo —depois vendido— e perdeu Roger Guedes no meio das semifinais da Copa do Brasil, enquanto o São Paulo se reforçava com Lucas.
Injusta, mas respeitosa.
Uma vez decidida, a demissão foi comunicada ao funcionário e, logo depois, anunciada.
Você já teve chefe que deixou o escritório saber que seu colega de trabalho seria demitido na sexta-feira, depois do expediente? Gostaria de trabalhar com ele de novo?
Mario de Andrade escreveu "Amar, verbo intransitivo".
Respeitar também deveria ser.
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