sábado, 16 de setembro de 2023

Adriano Pires- Setor elétrico precisa de mais racionalidade econômica e menos ideologia, OESP

 O Brasil passa por um momento de extrema polarização em que a maior parte das vezes a questão ideológica passa por cima da racionalidade econômica, causando enormes prejuízos para toda a sociedade.

No setor de energia temos vários exemplos. O debate em torno da Margem Equatorial, colocando de um lado ambientalistas e do outro aqueles que defendem a exploração do petróleo e gás na região, é um deles. Ao invés de mostrar que não existe nenhuma incompatibilidade entre meio ambiente e exploração de petróleo, acaba colocando um “ou” quando o correto é o “e”. Ou seja, dá para ter uma política de preservação do meio ambiente e explorar petróleo e gás. Ao se privilegiar a racionalidade econômica e social e não deixando prevalecer o xiismo ambientalista, criam-se as condições para usar a receita dos royalties do petróleo para elaborar uma política ambiental robusta para a Amazônia e gerar emprego e renda para a população do Arco Norte, que é a mais pobre do Brasil. Com isso, usaremos o petróleo em benefício do social e do ambiental.

Usinas térmicas geram mais emissões de gases de efeito estufa que as hidrelétricas ou de energias renováveis
Usinas térmicas geram mais emissões de gases de efeito estufa que as hidrelétricas ou de energias renováveis Foto: Fabio Motta / Estadão

Um outro exemplo é a polarização entre energias renováveis, em particular, eólica, solar e usinas térmicas. O recente apagão do dia 15 de agosto deveria ter servido como um evento que mostrou a necessidade de não renunciarmos a nenhuma energia e, com sabedoria e planejamento, usarmos os atributos de cada uma delas e das linhas de transmissão para que se evitem novos apagões. Nada é mais importante do que segurança de abastecimento, tanto do ponto de vista econômico e social bem como do político. Apagões e blecautes trazem prejuízos enormes para a economia, desconforto para a sociedade e custo político gigantesco para o governo. Ao olhar essa polarização sob a ótica da racionalidade, veremos que as térmicas e as hidrelétricas têm um papel fundamental de complementaridade com as renováveis ao trazer mais segurança e mais inércia para o sistema. As posições de ambientalistas de demonizar as térmicas a gás e a carvão pelo fato de emitirem CO2 não leva em conta os avanços tecnológicos de processos de descarbonização como o CCUS, de captura de carbono. Não há como fazer transição energética sem a presença dos combustíveis fósseis. Quando reduzimos a oferta de energia comprometemos o crescimento econômico e criamos inflação.

Não é nosso objetivo entrar na crítica à preferência do atual governo ao modelo de uma maior participação do Estado na economia. O que estamos chamando à atenção é que as decisões precisam ser tomadas baseadas na racionalidade econômica, na segurança jurídica e regulatória que envolve respeito aos contratos assinados, nas leis sancionadas em governos anteriores e em investimentos em que os números mostrem o benefício que será gerado para a sociedade. Mais racionalidade econômica e menos paraíso ideológico. É disso que o Brasil está precisando com urgência.

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