A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid vai demonstrar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava “envolvido até os dentes” nos planos para um golpe de estado. A avaliação foi feita pelo presidente Lula em entrevista esta madrugada na Índia, onde assumiu a presidência do G20. “Eu acho que ele tá altamente comprometido. A cada dia vai aparecendo as coisas, e a cada dia nós vamos ter certeza de que havia a perspectiva de golpe e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes”, afirmou Lula, que preferiu não entrar em detalhes sobre o acordo de delação do antigo ajudante de ordens de seu antecessor. (g1)
Atendendo a uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o Exército afastou ontem Mauro Cid de suas funções profissionais, mas manteve seu salário de R$ 27.027. Integrantes da cúpula militar avaliam que a delação pode ser positiva para as Forças Armadas, se contribuir para acelerar as investigações, virando a página das suspeitas sobre os fardados. Cid estava preso desde 3 de maio. Em liberdade provisória, tem de usar tornozeleira eletrônica, não pode se comunicar com outros investigados e está com o porte de arma suspenso. Além disso, tem de se apresentar à Justiça em 48 horas e, depois, às segundas-feiras. (Folha)
A delação premiada, conta a Coluna do Estadão, preocupa cada vez mais Bolsonaro e sua família. Embora adote o discurso oficial de “perseguição política”, nos bastidores o clima é de pânico no clã. A portas fechadas, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, teme o impacto das revelações na montagem das alianças para as eleições municipais de 2024. (Estadão)
No dia seguinte à soltura de Cid, Bolsonaro foi às redes sociais. Em vídeo, disse que as frases que mais ouve no meio do povo são: não desista, Deus te abençoe e estamos orando por você. (Poder360)
Augusto Aras se manifestou contra a delação. Afirmou ao STF que não concorda com colaborações fechadas pela Polícia Federal, mas sim pelo Ministério Público Federal. Para auxiliares de Lula, conta Guilherme Amado, Aras sinalizou que tem lado e não tem condições de agir “de maneira independente” como procurador-geral da República. E acabou com suas chances de ser reconduzido ao cargo. (Metrópoles)
A colaboração premiada faz parte da legislação penal há décadas, mas ganhou expressão no âmbito da Lava-Jato, sendo alvo de críticas. A libertação pós-delação é o ponto mais criticado. (Estadão)
Com um texto vago sobre a Guerra da Ucrânia e discussões sobre questões climáticas, pedidos retóricos de reforma da ONU e organismos multilaterais, a 18ª cúpula do G20 chegou ao fim ontem em Nova Délhi, na Índia. Lula recebeu simbolicamente a presidência do bloco do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, já que o posto só passa de fato para o Brasil em 1º de dezembro. Em seu discurso de encerramento, Lula disse que não se pode deixar que “questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias do G20” e cobrou união do bloco. A declaração final do encontro, que não contou com a participação dos presidentes russo e chinês, Vladimir Putin e Xi Jinping, condena o conflito, mas não faz menções diretas a Moscou. Também expressa que o G20 não é o fórum adequado para resolver questões geopolíticas, embora enfatize as consequências econômicas globais do conflito. Lula, mais uma vez, não escapou da polêmica. Ele afirmou que, se Putin visitasse o Brasil, não seria preso. E foi criticado. O presidente não explicou como isso ocorreria, já que o Tribunal Penal Internacional determinou a busca e detenção do líder russo e o Brasil é um dos seus integrantes. (Poder360)
O último dia da cúpula foi cheio para Lula, que se encontrou com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com o príncipe saudita Mohammed bin Salman, que presentou Bolsonaro com joias milionárias e é acusado de mandar matar o jornalista Jamal Ahmad Khashoggi no consulado do país em Istambul, em 2018. Segundo o governo brasileiro, os dois trataram de Brics e investimentos sauditas. E Lula não recebeu presentes do príncipe herdeiro. A Macron, Lula reforçou o convite para visitar o Brasil e reforçou os pontos necessários para a aprovação do acordo Mercosul-União Europeia. (UOL)
À margem do encontro, Brasil, Índia e Estados Unidos lançaram a Aliança Global de Biocombustíveis, que reunirá 19 países e 12 organizações internacionais, para aumentar a produção e o consumo global principalmente de etanol. O objetivo é ajudar a zerar emissões nos transportes e garantir segurança energética. (Exame)
Ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski afirmou em entrevista ao Globo que é contra o sigilo dos votos da Corte. “Entendo que as críticas que a sociedade dirige ou ao Supremo ou a um juiz em particular permitem inclusive que ele veja como a sociedade está reagindo às suas decisões e, eventualmente, se for o caso, corrija o rumo”, disse. Também defendeu que os magistrados tenham mandatos de 10 ou 12 anos, em vez do modelo atual, de aposentadoria compulsória aos 75 anos. “A periodicidade é uma regra na República. Então, se nós imaginarmos que alguém pode entrar com, teoricamente, 35 anos em um tribunal superior e sai com 75, são 40 anos, é quase que uma aristocracia.” (Globo)
O Cidadania tem um novo presidente: Plinio Comte Bittencourt. No último sábado, o partido, que por mais de 30 anos foi liderado pelo ex-deputado Roberto Freire, decidiu afastá-lo. Em meio a uma divisão sobre apoio ao governo, as divergências se aprofundaram neste ano. Freire era contra o apoio a Lula. “Comunico minha saída da Direção Nacional. Desnecessário dizer que é irrevogável. Encerro, assim, uma longa vida neste partido, o único desde o PCB nos idos de 1962 do século passado”, disse em nota. (Carta Capital)
Mentor de Ciro Gomes, o filósofo Roberto Mangabeira Unger surpreendeu ao pedir a desfiliação do PDT por discordar do alinhamento “passivo” do partido com o governo, apesar da falta de um projeto para o Brasil. Ao Estadão, o professor de Direito da Universidade Harvard e ex-ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência em Lula 2 (2007) e Dilma 2 (2015) disse que o governo repete um modelo que impede o avanço do país, casando o “pobrismo”, distribuindo “esmolas” em programas assistenciais, com o “rentismo”, domínio dos interesses financeiros sobre a produção. “Não há qualquer indício de um projeto nacional produtivista e capacitador, e o presidente se refugia viajando no estrangeiro em projetos de vaidade pessoal.” (Estadão)
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