terça-feira, 16 de setembro de 2025

Empresa francesa construirá fábrica de biocarvão à base de cana-de-açúçar em MG, FSP

 aris | AFP

A startup francesa NetZero, especializada na captura de carbono graças ao biochar, um carvão à base de resíduos vegetais, anunciou nesta terça-feira (16) a construção de uma nova fábrica de produção no Brasil, pioneira no uso de cana-de-açúcar como insumo.

Após instalar cinco fábricas do também chamado biocarvão que utilizam restos de café, uma em Camarões e quatro no Brasil, a nova unidade da NetZero será construída em Campina Verde, no estado de Minas Gerais, e começará a operar em fevereiro.

O objetivo é utilizar resíduos de cana, amplamente disponíveis na região, para produzir este produto, considerado um meio promissor para capturar CO2 e regenerar os solos graças à sua porosidade, explicou a empresa.

A imagem mostra uma plantação de cana-de-açúcar, com fileiras de cana altas e verdes, cercadas por um caminho de terra. O céu está nublado, e o ambiente parece rural, com a vegetação densa ao redor.
Plantação de cana-de-açucar na estação de cruzamentos em Camamu, na Bahia - Zanone Fraissat - 11.mai.23/Folhapress

"Somos os primeiros a registrar junto ao Ministério da Agricultura do Brasil como um meio para melhorar o solo", destacou Olivier Reinaud, diretor-geral da NetZero.

A unidade produzirá inicialmente cerca de 4.000 toneladas por ano de biocarvão, obtido através da queima em temperatura muito elevada dos resíduos vegetais.

O processo é conhecido como pirólise e permite extrair o carbono armazenado pelas plantas ao longo de sua vida, para mantê-lo capturado para que não retorne à atmosfera e contribua para o aquecimento global.

As vantagens permitiram, nos últimos cinco anos, o financiamento com créditos de carbono, o que abre caminho para mais projetos, segundo os idealizadores da medida.

Abrirá "o caminho para um crescimento forte", afirmou a NetZero, fundada em 2021 por Reinaud, seu pai Axel e o climatologista Jean Jouzel, entre outros.

Segundo a empresa, a cana-de-açúcar constitui a maior fonte agrícola de matéria-prima para o biocarvão, com 700 milhões de toneladas de resíduos gerados a cada ano em todo o mundo, dos quais o Brasil, maior produtor mundial, representa sozinho quase 40%.

A transformação em escala industrial, no entanto, continua limitada por sua complexidade técnica, já que as folhas e fibras da cana combinam umidade, baixa densidade e granulometria muito variável, explicou o empresário, que afirma ter desenvolvido uma tecnologia.

Os talos de cana serão fornecidos por uma importante empresa agrícola local, que depois utilizará o biocarvão em suas terras, garantiu Reinaud, cujo objetivo, destacou, é "industrializar o biocarvão nas zonas tropicais".

Lewandowski diz que morte de ex-delegado é crime brutal e mostra nível de violência do país, FSP

 

Brasília

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, classificou como um assassinato brutal a morte de Ruy Ferraz Fontes, 63, ex-delegado considerado um dos maiores especialistas no PCC.

O ministro disse ter ligado para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nesta terça-feira (16) para prestar solidariedade e oferecer apoio ao que for necessário para a condução da investigação.

"O assassinato do ex-delegado Ruy Fontes muito nos preocupa, porque foi um assassinato brutal e mostra o nível de violência que grassa no Brasil e também em outros países. É preciso que se diga isso, não é uma exclusividade nossa", disse.

Um homem de cabelos grisalhos e com um terno escuro está falando em um microfone. Ele gesticula com as mãos, expressando-se de forma enfática. Ao fundo, há uma bandeira do Brasil visível, com as cores verde e amarelo.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, participa de coletiva de imprensa no Palácio da Justiça sobre a Operação Carbono Oculto, contra a atuação do PCC nos combustíveis e no setor financeiro - Gabriela Biló - 28. ago.2025/Folhapress

Fontes foi assassinado na noite desta segunda-feira (15) em Praia Grande, na Baixada Santista. Conforme a Polícia Militar, o ataque ocorreu na avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, na Vila Caiçara, por volta das 18h20.

O governo Tarcísio de Freitas (Republicamos) determinou a integração de uma força-tarefa para prender os responsáveis pela morte. Equipes da Rota (espécie de tropa de elite da PM) foram deslocadas para o litoral.

Em declaração enviada à Folha, Tarcísio disse que o governo trabalha para que os criminosos sejam exemplarmente punidos pela Justiça.

"Ruy Ferraz Fontes deixou um legado na Segurança Pública de São Paulo. Foi pioneiro nas investigações contra o PCC e dedicou 40 anos à nossa Polícia Civil, chegando ao cargo de delegado-geral da instituição. Hoje foi covardemente assassinado em Praia Grande, onde atuava como secretário de Administração na prefeitura local. Vamos trabalhar para identificar e prender os criminosos responsáveis, para que sejam exemplarmente punidos pela Justiça, com todo o rigor da lei", disse o governador.

Segundo o boletim de ocorrência, homens efetuaram tiros de fuzil contra a vítima, que estava em seu carro.

Um vídeo mostra a ação. Nas imagens, Fontes aparece acelerando um Fiat Argo. Ele bate num ônibus, capotando o automóvel. Nesse momento, os suspeitos desembarcam de outro veículo e efetuam disparos contra o ex-delegado.

O carro utilizado no crime foi encontrado queimado pela polícia. Segundo a Prefeitura de Praia Grande, duas pessoas, um homem e uma mulher, ficaram feridos durante o ataque ao delegado. Eles estavam na rua e foram atingido por tiros. Os dois foram socorridos no local, encaminhados a uma unidade de pronto atendimento, e depois a um hospital. Nenhum dos dois feridos corre risco de vida, segundo a prefeitura.

Ruy Ferraz Fontes começou a carreira em 1988 e, ao longo de quatro décadas, trabalhou em diversos setores da Polícia Civil. Também teve carreira acadêmica. Durante 11 anos, ele foi professor assistente de Criminologia e Direito Processual Penal de uma universidade e professor de Investigação Policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Ocupou o maior posto da Polícia Civil do estado, como delegado-geral, de janeiro de 2019 a abril de 2022, na gestão do governador João Doria. Nessa função, respondia diretamente ao governador e ao secretário da Segurança Pública.

Ele trabalhava ultimamente como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, que lamentou a morte em nota. Também atuou como diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).