sábado, 5 de outubro de 2024

Marçal é filho de uma revolução cultural e social que vai longe, VTF, FSP (definitivo)

 Pablo Marçal (PRTB) teve até aqui considerável, mas relativo, sucesso de público. Tem 24% dos votos, até 38% em um segundo turno e é rejeitado por 53%. Se não vier a ser inelegível por causa de crimes, apenas começou a carreira política? De onde veio, chegarão outros?

Talvez o tipo puro de marçalismo não prevaleça, mas a mentalidade que representa pode ter um terço do eleitorado, o que tende a orientar os novos investimentos do negócio político-partidário estabelecido.

Homem de barba rala e cabelos curtos pretos, de camisa branca e paletó preto, está cercado por jornalistas e câmeras. Aparece no meio da foto, com uma grande câmera erguida no ar no canto direito da imagem. O cenário é sombrio
Pablo Marçal dá entrevista após debate no SBT - Rubens Cavallari - 20.set.2024/Folhapress

Há grande revolução social e cultural, acelerada em torno de 2010, em parte por mídias sociais, renda maior e alterações no mundo do trabalho. A mudança agora é conhecida, mas pouco compreendida a fundo. Vamos sabendo dela em episódios traumáticos ou caricatos. Marçal é a mais recente cristalização política ou social desse mundo novo.

Houve Junho de 2013, contra o sistema político, o Estado e elites tradicionais. Houve Jair Bolsonaro, insider da escória política bizarra que passou por harmonização digital em um projeto de direita nova gestado desde o imediato pós-2013.

Houve a ascensão dos influencers. Há o mundo de Deolane Bezerra, presa por ser suspeita de ligação com esquema de lavagem de dinheiro de "bets". A influencer tinha 20,7 milhões de seguidores no Instagram ao ser detida; solta, foi a 22,2 milhões. Há a epidemia de jogo online.

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Estudos indicam a disseminação do messianismo individualista e niilista quanto a política e movimentos sociais. Mídias sociais diminuíram custos de difundir informação e barreiras à entrada em mercados, entre eles o de mídia e de acumulação de status monetizável. É o futuro em que todos teriam 15 minutos de fama.

Marçal não é Bolsonaro, vai mais fundo: não foi adotado pelo mundo político, nem pelo centrão mais podre; espezinha políticos. É um garoto-propaganda das mentalidades da teologia da prosperidade ou da prosperidade teológica, temperado pelo que se chama dos valores da direita, que ele dissemina por meio de doutrinação, choque midiático e células familiares militantes.

A precarização do trabalho e a descrença na capacidade do Estado de melhorar vidas (quando não atrapalha) aumentam o apelo desse messianismo individualista, se diz. Pode ser, mas sabemos pouco de detalhes do mundo do trabalho.

Pelos grandes números, a formalização do trabalho está pouco abaixo do recorde do começo da década de 2010, assim como a parcela ocupada da população em idade de trabalhar; o salário médio passou do pico de 2013. A vida melhora um tico. Não parece social ou politicamente relevante.

Há precarização no trabalho, mas não sabemos de seu tamanho e o que é apenas nova forma de precarização. Certo é que o emprego desta economia meio pobre não dará vida satisfatória à massa ou acesso à vida instagramável. A grande mudança seria o vislumbre dessa existência fotogênica conspícua e exemplos raríssimos, mas inspiradores, de que há atalhos para se chegar lá, driblando desigualdades, emprego ruim e escola inútil.

A mudança religiosa tem peso, mas menos de um quarto dos eleitores paulistanos é evangélico e só um terço deles vota em Marçal (aliás, 15% não têm religião). Ideias de certos evangélicos é que parecem fazer parte de mudança cultural maior, revolução ainda pouco compreendida e que estoura outra vez na nossa fuça, na forma sórdida de um Marçal.


sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Reconhecimento facial cai nas graças da polícia de Londres, The News

 


(Imagem: Biometric Update)

“You are being watched”. Funcionando desde 2020, a tecnologia de reconhecimento facial da polícia londrina começou a ganhar tração neste ano.

  • Só de janeiro até agosto, o escaneamento dos cidadãos suspeitos foi usado em 117 ocasiões — bem mais que os 30 usos registrados de 2020 a 2023.

Como funciona? A polícia usa câmeras espalhadas por locais públicos de Londres e, se o rosto de alguém bater com o de uma pessoa na lista de procurados, as autoridades são avisadas.

Mais de 770 mil pessoas na cidade tiveram seus rostos escaneados e analisados pelo sistema de identificação. Já sobre os presos, neste ano, 360 pessoas foram para trás das grades com a ajuda da tecnologia.

Está longe de ser unanimidade… 💂🏼

Organizações de direitos humanos são contra a tecnologia, dizendo que ela funciona como um “Big Brother” da vida real, vigiando todos os cidadãos sem autorização e perseguindo grupos minoritários.

Enquanto isso, tanto o atual governo do Reino Unido quanto o anterior — que são de lados opostos — apoiam o reconhecimento facial, argumentando que ele é útil para combater o crime e que os dados são apagados imediatamente se a pessoa não estiver na lista de procurados.

Zoom out: Em menos de um ano, 300 prisões foram feitas no estado do RJ graças ao sistema de reconhecimento facial. Outros países, como a Dinamarca, também estão implementando o modelo aos poucos.

Linha 6-Laranja do Metrô: por que tatuzão vai ‘pular’ uma estação?, OESP

 Com pouco mais de 10% das obras concluídas, a Estação 14 Bis pode ser deixada para o final do cronograma do governo estadual para a Linha-6 Laranja, do metrô de São Paulo. A 14 Bis é uma das 15 estações previstas na linha que vai ligar Brasilândia, na zona norte, à região central da capital.

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Durante os trabalhos, foi descoberto um sítio arqueológico no local, o que tem atrasado as obras. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse que o processo de liberação da área é realizado com “máxima celeridade”.

Na segunda-feira, 30, durante visita ao Pátio Morro Grande, ponto de partida da linha que está com 67,6% das obras concluídas, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) adiantou que o ‘tatuzão’, como é conhecida a tuneladora, pode passar direto pela 14 Bis.

Obras do túnel da Linha 6-Laranja vão seguir o cronograma até a Estação 14 Bis, segundo a Linha Uni.
Obras do túnel da Linha 6-Laranja vão seguir o cronograma até a Estação 14 Bis, segundo a Linha Uni. Foto: Governo de SP/Divulgação

Para você

Quando pronta, a linha vai atender mais de 600 mil pessoas.“ Hoje a viagem entre Brasilândia e o centro de São Paulo é de uma hora e meia. A gente vai conseguir fazer esse percurso em 23 minutos”, disse Tarcísio.

Conforme o governo paulista, o cronograma prevê o funcionamento da linha entre as estações Brasilândia e Perdizes, totalizando nove estações, até o fim de 2026. Já o trecho entre Perdizes e São Joaquim (Linha 1-Azul), com outras seis estações, incluindo a 14-Bis, está previsto para ser concluído até outubro de 2027.

A Concessionária Linha Uni informou que a tuneladora sul, chamada ‘Maria Leopoldina’, seguirá o cronograma previsto assim que chegar à Estação 14 Bis-Saracura. “Em relação à construção da estação, que abrange escavação e outras obras civis, a concessionária está em tratativas com o governo do Estado e acompanha as liberações do Iphan, órgão que fiscaliza as atividades de resgate arqueológico na área”, disse, em nota.

Imagens de drone das obras da Linha 6 Laranja na Estação São Joaquim do Metrô
Imagens de drone das obras da Linha 6 Laranja na Estação São Joaquim do Metrô Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A companhia tem outro ‘tatuzão’ que opera na parte norte da linha. “Até o momento, todas as atividades de engenharia possíveis de serem executadas paralelamente ao trabalho de resgate arqueológico já foram concluídas”, afirmou a LinhaUni.

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Das 15 estações previstas no projeto, a que tem as obras mais avançadas é a Estação Santa Marina, com 66,7% dos trabalhos concluídos. Outras sete – Brasilândia, João Paulo I, Freguesia do Ó, Água Branca, Sesc Pompéia, Perdizes e PUC-Cardoso de Almeida - têm mais de 50% das obras realizadas.

Ainda não chegaram à metade das obras as estações Maristela, Itaberaba-Hospital Vila Penteado, Faap-Pacaembu, Higienópolis-Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim.

A 14 Bis-Saracura é de longe a mais atrasada, o que se deve principalmente aos achados arqueológicos no local. Em 2022 foi encontrado um sítio arqueológico provavelmente do Quilombo do Saracura, que teria se instalado no local em 1889.