segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Instituições precisam provar que mereciam ser salvas, Celso Rocha de Barros, FSP

 Segunda-feira, dia 8, fará um ano desde que bolsonaristas invadiram a praça dos Três Poderes para declarar guerra aos pobres que salvaram a democracia brasileira na eleição presidencial de 2022.

Em 8 de janeiro de 2023, os soldados rasos do bolsonarismo defecaram no STF, esfaquearam uma tela de Portinari, rasgaram exemplares da Constituição e vandalizaram as sedes dos três Poderes.

Fizeram tudo com a complacência da polícia do governador bolsonarista Ibaneis Rocha, cujo secretário de Segurança Pública era o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres.

O 8 de janeiro foi o clímax de dois meses de agitação golpista após a derrota de Bolsonaro. Bloqueios de estradas, acampamentos em frente a quartéis, conflitos de rua às vésperas da diplomação de Lula, uma tentativa de atentado terrorista na véspera de Natal, tudo isso tinha o mesmo objetivo do vandalismo na praça dos Três Poderes: criar um clima de caos que servisse de pretexto para um golpe militar.

Quando os militares não apareceram, os soldados rasos foram presos.

Mas ainda falta prender muita gente.

Os vândalos do 8 de janeiro não eram cidadãos comuns em uma explosão de radicalismo: eram soldados rasos de um movimento político organizado com extensa e bem financiada rede de desinformação, bancada parlamentar própria e quartel-general no Palácio do Planalto.

Vejam, por exemplo, o que foi a 32ª reunião extraordinária da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle no Congresso Nacional, convocada e dirigida pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE). O vídeo com as 11 horas da sessão está disponível no YouTube.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) discursa no plenário do Senado
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) discursa no plenário do Senado - Marcos Oliveira - 12.jul.23/Agência Senado

Foi um intensivão para golpistas do 8 de janeiro. Todas as mentiras bolsonaristas sobre a eleição foram apresentadas como se já não tivessem sido amplamente refutadas. Ao longo da sessão, os desembargadores aposentados Sebastião Coelho (4:14) e Ivan Sartori (4:30), além do deputado Filipe Barros (PL-PR) (7:27) pediram a aplicação do artigo 142, que, nos delírios de Ives Gandra, autorizaria uma intervenção militar. A deputada Aline Sleutjes (PROS-PR) solicitou às Forças Armadas que "cumprissem seu dever" para impedir a diplomação de Lula (9:17). O deputado José Medeiros (PL-MT) informou que já havia entrado com pedido de GLO (7:35). Ao final da sessão, um cidadão pediu que o próprio Girão invocasse ao artigo 142 (11:22). Girão encerrou a sessão dizendo que "Tem colegas no Senado que avaliam várias possibilidades".

O intensivão do golpe formou alunos dedicados. Entre os que assistiram a sessão estava George Washington de Souza. Na véspera de Natal de 2022, tendo como cúmplice um ex-assessor do ministério de Damares Alves, George Washington tentou explodir o aeroporto de Brasília.

Se os parlamentares que participaram do intensivão do golpe podem continuar no Congresso, não entendo por que os vândalos de 8 de janeiro foram expulsos.

São a mesma gente, obedecendo ao mesmo chefe: Jair Bolsonaro. Jair passou quatro anos tramando golpes ao invés de governar. Quando se recusou a reconhecer a vitória de Lula, deu a senha para a onda golpista que culminou no 8 de janeiro.

Só quando os chefes do golpe tiverem sido presos, quando seus aliados de ocasião tiverem sido expulsos da vida pública, nossas instituições terão provado que mereciam mesmo ser salvas.

Araraquara, onde Lula estava no 8/1, fará ato para lembrar aniversário dos ataques, FSP

 

A cidade de Araraquara (SP) fará um ato nesta segunda-feira (8) para marcar o primeiro aniversário dos ataques golpistas contra a praça dos Três Poderes.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita a Araraquara em 8 de janeiro de 2023 - Joel Silva/ Folhapress

No município, o evento tem um simbolismo especial porque era onde estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no momento da violenta manifestação dos bolsonaristas.

Ele tinha ido prestar solidariedade aos moradores locais após fortes chuvas terem causado destruição e mortes.

"Resolvemos fazer um ato com os movimentos sociais, até como gesto de valorização às pessoas que estavam aqui naquele dia, para a gente relembrar tudo que aconteceu e a forma como o presidente liderou a reação ao golpe a partir de Araraquara", diz o prefeito Edinho Silva (PT).

O ato será realizado na sede do Sindicato dos Bancários às 19h.

OPINIÃO E-GERALDO ALCKMIN O sucesso do comércio brasileiro no mundo, FSP

 Geraldo Alckmin

Vice-presidente da República e ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços

O ano de 2023 foi extraordinário para o nosso comércio exterior. Nunca o Brasil exportou tanto. Foram US$ 339,7 bilhões em vendas para o exterior. Além do recorde, atingimos os maiores níveis históricos em volume. Dessa perspectiva, nossas exportações cresceram 8,7%, taxa bem superior ao aumento de 0,8% projetado pela Organização Mundial do Comércio para o crescimento do volume do comércio mundial.

Nosso saldo comercial nunca foi tão robusto, com US$ 98,8 bilhões de superávit, um aumento de 60,6% em relação a 2022, contribuindo para nossas contas externas e para a confiança na economia. O saldo foi um pouco superior à expectativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, considerada otimista por agentes econômicos.

O país se consolidou como um dos maiores exportadores mundiais de alimentos e commodities minerais. Para além disso, diversos produtos industriais contribuíram para o desempenho. Registramos embarques recordes, por exemplo, de máquinas para construção e mineração, tubos de ferro e aço, máquinas agrícolas E máquinas para o setor de energia elétrica.

Ilustração de Claudia Liz publicada na Folha em 8 de janeiro de 2024. Ela traz um desenho de mar estilizado em dois tons de azul, com alguns detalhes em branco. No centro tem uma espécie de canoa multicolorida com um personagem-palito, desenhado em preto. Ele está em pé no barco, é muito comprido, com apenas um pé. Os braços estão erquidos em formato de V, a cabeça também é preta e tem um olho gigante. Fogo sai da parte de trás da embarcação. Um pássaro branco voa em direção ao canto superior direito. Um pouco mais atrás, aparece um pequeno caminhão vermelho e cima de uma onda.
Claudia Liz/Folhapress

Por trás dos recordes, estão histórias de brasileiros e brasileiras que tiveram mais oportunidades porque venceram adversidades, ousaram desbravar, abriram mercados no exterior e hoje colhem os resultados.

A quantidade de empresas exportadoras cresceu 2% (590 empresas) em 2023, para 28,5 mil, a maior quantidade da série histórica. As empresas que exportam são mais produtivas e resilientes.

Um estudo realizado pelo MDIC mostra que empresas exportadoras pagam maiores salários, têm um maior número de empregados e possuem uma maior proporção de trabalhadores qualificados.

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Nosso desafio é fazer com que mais empresas se beneficiem das oportunidades associadas ao mercado externo. Atualmente, apenas 1% das nossas firmas exportam, algo muito aquém do nosso potencial. Dessas, somente 14% pertencem a mulheres.

O ano de recriação do MDIC foi também de muito trabalho no comércio exterior. Desburocratizamos procedimentos e reduzimos custos das transações, por exemplo, por meio da implementação da Licença Flex. O BNDES retomou sua atuação no apoio às exportações, aumentando a competitividade.

Fortalecemos a cultura exportadora e a promoção comercial em parceria com órgãos e instituições como a ApexBrasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Sebrae.

Reforçamos a rede de acordos comerciais, tanto na América do Sul, quanto fora da região, com a assinatura, com Singapura, do nosso primeiro acordo de livre-comércio desde 2011.

Por décadas temos repetido que o Brasil ainda exporta tributos – e isso está com os dias contados. A reforma tributária recém-aprovada trará ganhos importantes para as nossas exportações porque terminará com o resíduo tributário que onera nossos produtos no exterior.

Além de desonerar exportações e investimentos, a reforma favorece a agregação de valor às nossas exportações porque torna mais competitiva a produção de bens industriais. Isso porque ataca o atual problema da cumulatividade tributária, que acaba penalizando cadeias mais longas, típicas de produtos mais complexos. Com isso, fará nossa produção industrial mais competitiva aqui dentro e lá fora.

Os resultados comerciais expressivos de 2023 nos desafiam a fazer mais. Há oportunidades inexploradas. Nosso papel é encurtar caminhos, abrindo mercados e reduzindo custos, ao mesmo tempo em que buscamos fazer a produção no Brasil mais competitiva, mais sustentável e com maior agregação de valor.

Em 2005, quando o Brasil exportou US$ 100 bilhões pela primeira vez, a Esplanada dos Ministérios recebeu, em frente ao MDIC, um grande contêiner içado por um guindaste, para comemorar a ocasião.

Hoje, ao atingirmos a marca recorde de US$ 339,7 bilhões exportados, vale relembrar o momento, promover o comércio exterior e celebrar a trajetória das empresas exportadoras, que estão gerando emprego e renda no Brasil, mudando a realidade de comunidades, famílias e trabalhadores país adentro.