terça-feira, 16 de maio de 2023

Petrobras abandona paridade de importação nos preços dos combustíveis, FSP

 A Petrobras divulgou, nesta terça (16), sua nova política de preços de combustíveis, em substituição à PPI (paridade de importação), que definia reajustes da gasolina e do diesel com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos.

O novo modelo deixa de considerar o custo de importação e mira a busca por clientes e o custo de oportunidade de venda dos produtos, como já vinha sinalizando o presidente da estatal, Jean Paul Prates. A expectativa é que contribua para reduzir os preços no país.

A Petrobras não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados e diz que os reajustes continuarão sem periodicidade definida, "evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro - Sergio Moraes - 16.out.2019/Reuters

Em comunicado, Prates repetiu que a estratégia comercial tornará a Petrobras mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados com seus concorrentes.

"Vamos continuar seguindo as referências do mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país", afirmou.

A política do PPI foi implantada no governo Michel Temer, como estratégia para blindar a estatal contra ingerências políticas após um período de represamento de preços que trouxe grandes prejuízos à companhia durante a campanha para a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.

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Seus críticos, porém, diziam que a política penalizava o consumidor ao repassar para o mercado interno custos como o transporte dos combustíveis até o país e as volatilidades do mercado internacional de petróleo.

No comunicado distribuído nesta terça, a Petrobras defende que a nova política "mantém um patamar de preço que garante a realização de investimentos previstos no Planejamento Estratégico, sob a premissa de manutenção da sustentabilidade financeira da companhia".

"A Petrobras reforça seu compromisso com a geração de valor e com sua sustentabilidade financeira de longo prazo, preservando a sua atuação em equilíbrio com o mercado", completa a companhia.

Os reajustes continuarão a ser definidos por um grupo formado por dois diretores e pelo presidente da estatal, com acompanhamento do conselho de administração, que é hoje mais alinhado ao governo do que em gestões anteriores.

A empresa não divulgou uma fórmula de precificação dos combustíveis. Diz que os valores serão definidos com base nas alternativas de suprimento, ou seja, a concorrência, e no custo de oportunidade, isto é, por até qual valor a estatal poderia vender o produto.

Claudio Schlosser, diretor de Logística, Comercialização e Mercados, diz no comunicado que o modelo vai considerar a participação da Petrobras e o preço competitivo em cada mercado e região, a otimização dos ativos de refino e a rentabilidade de maneira sustentável.

O fim do PPI era promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), depois de um ano em que os preços dos combustíveis atingiram recordes históricos no país, em resposta à escalada das cotações internacionais após o início da guerra na Ucrânia.

Foi comemorado nesta terça por sindicatos que apoiaram a campanha do presidente da República. "Depois de quase sete anos assombrando o povo brasileiro, o pesadelo chega ao fim", disse o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar.

OMS desaconselha uso de adoçantes para controle de peso, FSP

 Novas diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgadas nesta segunda-feira (15) indicam que adoçantes artificiais não devem ser utilizados para substituir o açúcar em dietas para emagrecimento.

O documento, feito com base em uma revisão dos estudos, alerta para a falta de consenso científico sobre a eficácia desses produtos na perda e controle de peso no longo prazo e para a ocorrência de outros efeitos colaterais.

As diretrizes se referem a qualquer composto (natural ou sintético) não-nutritivo, utilizado como adoçante e que não seja classificado como açúcar. Alguns exemplos são aspartame, ciclamato, sacarina, sucralose e stevia.

Café com adoçante
OMS recomenda que adoçante não seja usado em dietas para perda de peso - Adobe Stock

A OMS alerta para possíveis efeitos indesejados do uso prolongado de adoçantes, como maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer em adultos.

O relatório não aponta, porém, que adoçantes artificiais devam ser substituídos por açúcares. A indicação é de que o consumo de alimentos adoçados como um todo seja reduzido, podendo-se recorrer a formas naturais de açúcar, como frutas.

A contraindicação do uso de adoçantes para perda de peso vale para adultos e crianças, com restrição apenas aos que já têm diagnóstico de diabetes pré-existente.

A OMS ressalta que estudos avaliando os impactos do uso de adoçantes na saúde de indivíduos diabéticos foram desconsiderados da análise.

Maria Edna de Melo, endocrinologista da Sbem-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), afirma que, apesar de a recomendação não se estender para os chamados açúcares-alcool, como o eritritol e o xilitol, isso não significa que esses compostos sejam as melhores opções.

"Não há evidências suficientes ainda para recomendar a utilização desses compostos", diz.

A profissional indica que o relatório traz uma recomendação direcionada a governos, e que pesa na formulação de políticas públicas que visam reduzir o consumo de alimentos processados, por meio de estratégias como a rotulagem de alimentos.

Em termos pessoais, Melo recomenda que seja feita uma avaliação com um profissional de saúde especializado, responsável por entender qual a melhor alternativa em cada caso.

"Enquanto as evidências científicas são bem definidas com relação aos malefícios do consumo aumentado de açúcar, as evidências [contra o consumo] de adoçantes ainda não são definitivas, como enfatizado no próprio posicionamento", afirma.

HISTÓRICO

Não há consenso científico sobre os benefícios do adoçante para a saúde. Em 2022, um estudo isreaelense indicou que o uso de alguns tipos estaria associado a alterações na flora intestinal e teria efeitos semelhantes aos do açúcar no metabolismo. Outra pesquisa, publicada em 2023, associa o uso do eritritrol com o desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

Alguns especialistas avaliam que há ainda poucas evidências sobre os efeitos colaterais do uso de adoçantes e que certas ligações, como com o desenvolvimento de câncer, são advindas de estudos antigos e com poucas confirmações em humanos.

No próprio relatório, a OMS classifica a recomendação como condicional e destaca a necessidade de mais evidências e estudos mais robustos sobre as consequências do uso de adoçantes em dietas para perda de peso.