Novas diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgadas nesta segunda-feira (15) indicam que adoçantes artificiais não devem ser utilizados para substituir o açúcar em dietas para emagrecimento.
O documento, feito com base em uma revisão dos estudos, alerta para a falta de consenso científico sobre a eficácia desses produtos na perda e controle de peso no longo prazo e para a ocorrência de outros efeitos colaterais.
As diretrizes se referem a qualquer composto (natural ou sintético) não-nutritivo, utilizado como adoçante e que não seja classificado como açúcar. Alguns exemplos são aspartame, ciclamato, sacarina, sucralose e stevia.
A OMS alerta para possíveis efeitos indesejados do uso prolongado de adoçantes, como maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer em adultos.
O relatório não aponta, porém, que adoçantes artificiais devam ser substituídos por açúcares. A indicação é de que o consumo de alimentos adoçados como um todo seja reduzido, podendo-se recorrer a formas naturais de açúcar, como frutas.
A contraindicação do uso de adoçantes para perda de peso vale para adultos e crianças, com restrição apenas aos que já têm diagnóstico de diabetes pré-existente.
A OMS ressalta que estudos avaliando os impactos do uso de adoçantes na saúde de indivíduos diabéticos foram desconsiderados da análise.
Maria Edna de Melo, endocrinologista da Sbem-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), afirma que, apesar de a recomendação não se estender para os chamados açúcares-alcool, como o eritritol e o xilitol, isso não significa que esses compostos sejam as melhores opções.
"Não há evidências suficientes ainda para recomendar a utilização desses compostos", diz.
A profissional indica que o relatório traz uma recomendação direcionada a governos, e que pesa na formulação de políticas públicas que visam reduzir o consumo de alimentos processados, por meio de estratégias como a rotulagem de alimentos.
Em termos pessoais, Melo recomenda que seja feita uma avaliação com um profissional de saúde especializado, responsável por entender qual a melhor alternativa em cada caso.
"Enquanto as evidências científicas são bem definidas com relação aos malefícios do consumo aumentado de açúcar, as evidências [contra o consumo] de adoçantes ainda não são definitivas, como enfatizado no próprio posicionamento", afirma.
HISTÓRICO
Não há consenso científico sobre os benefícios do adoçante para a saúde. Em 2022, um estudo isreaelense indicou que o uso de alguns tipos estaria associado a alterações na flora intestinal e teria efeitos semelhantes aos do açúcar no metabolismo. Outra pesquisa, publicada em 2023, associa o uso do eritritrol com o desenvolvimento de problemas cardiovasculares.
Alguns especialistas avaliam que há ainda poucas evidências sobre os efeitos colaterais do uso de adoçantes e que certas ligações, como com o desenvolvimento de câncer, são advindas de estudos antigos e com poucas confirmações em humanos.
No próprio relatório, a OMS classifica a recomendação como condicional e destaca a necessidade de mais evidências e estudos mais robustos sobre as consequências do uso de adoçantes em dietas para perda de peso.
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