quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Por que votar no Lula interessa à direita, Lucia Guimarães, FSP

 A direita deve votar em Lula por interesse próprio. O centro também, seguindo o exemplo da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), na contramão dos líderes do Congresso, que querem liquidar o Brasil na xepa da feira.

Argumento como quem critica Lula desde 2005 e lamenta que ele seja parcialmente responsável pela escassez, no partido, de líderes sem o carisma negativo dos herdeiros que inventou. Como carioca, sinto asco do bolsonarismo escancarado do PT do Rio, que rompeu o acordo feito pelo ex-presidente com Marcelo Freixo (PSB), num sinal de compromisso em manter o poder das milícias no estado —não, como alegam, de barrar a candidatura ao Senado de Alessandro Molon.

Quando me refiro ao interesse da direita, não falo do belzebu em pânico diante da chance real de ser preso após a derrota ou do seu entorno, unido na ganância, no obsceno fervor teocrático e no ódio ao Brasil.

Pedestre passa em frente a barraca de vendedor ambulante com toalhas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula, em São Paulo - Rahel Patrasso - 29.jul.22/Xinhua

Falo da direita que acredita numa política econômica liberal sem pastores evangélicos ladrões, milicos parasitas sangrando o tesouro à custa do suor dos trabalhadores e empresários cujo comportamento faz os bicheiros cariocas da minha infância parecerem líderes cívicos.

Em resumo, falo do que sobrou do terreno político anti-Lula que é pró-Brasil. Escrevo dos EUA, onde acompanho, há décadas, a involução da direita americana que resultou em Donald Trump. Ele não foi um acidente de percurso, mas um carro alegórico medonho arrematando um desfile na praça da Apoteose do Rio. Quando ficou evidente que Trump era uma ameaça existencial para os conservadores moderados, muitos votaram em Joe Biden.

Por que o Brasil não esquerdista e não aliado ao niilismo devasso apoiado pelo centrão deve votar em Lula? Porque quer abrir empresas, contratar mão de obra preparada, apoiar pesquisa científica, estudar e ganhar muito dinheiro no mercado financeiro contando com instituições e leis, sem ficar à mercê da tirania de três Poderes cada vez mais aparelhados por quadrilhas.

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Sim, o caudilho do PT facilitou corrupção em larga escala, mas não tentou demolir o Estado de Direito. E não ofereceu resistência ilegal a passar 580 dias numa cela por ordem do juiz que o prendeu sob encomenda para ajudar a eleger o monstro seu aliado —o mesmo que hoje balbucia delírios sobre reagir a tiros quando a Polícia Federal bater à porta.

A este país que rejeita o extremismo interessa, por instinto de sobrevivência, não continuar apostando que 33 milhões de brasileiros acham normal passar fome para impedir que gays possam se casar.

adesão de mais de 700 mil à carta em defesa do Estado democrático de Direito é um sinal auspicioso. A direita que queria, a todo custo, evitar a volta de Lula sabe que, para competir para legislar e governar, precisa de um país —não do esqueleto que vão nos deixar se continuar no poder o desocupado vitalício que, nos anos 1980, planejou colocar bombas em quartéis para conseguir aumento de salário.

Os crassos jecas da Faria Lima, os incendiários do agronegócio e os invertebrados da avenida Paulista podem ter se fartado de comer mingau pela beirada do fascismo. Talvez agora tenham começado a entender o preço de negar que a agenda que apoiaram não é conservadora ou cristã, é terrorista e demolidora.

Se quiserem continuar decolando para Paris e manter o privilégio de tirar férias do martírio brasileiro, precisam de um país para onde possam voltar.


Ruy Castro - Bolsonaro prepara a guerra civil, FSP

 Abra o olho, porque as coisas vão esquentar. Bolsonaro está a ponto de perpetrar um grande absurdo, maior do que tudo que cometeu até hoje --algo que porá contra ele até setores que ainda o apoiam no Congresso e nas Forças Armadas. Fará isto de caso pensado. A intenção é provocar uma medida, vinda não se sabe de onde, que o impeça de concorrer às eleições. Isso insuflará o seu discurso de que só assim conseguem derrotá-lo e convocará para a briga seus seguidores, que detêm hoje um poder de fogo maior que o dos quartéis.

Bolsonaro discursa durante culto evangélico na Câmara
Bolsonaro discursa durante culto evangélico na Câmara - Pedro Ladeira/Folhapress

Ao contrário do presidente dos EUA Donald Trump, que se achava em condições de enfrentar Joe Biden nas eleições americanas de 2020, Bolsonaro sabe que já perdeu. Se de há muito os números não lhe estão a favor, a campanha os tornará piores ainda quando, descabelado, aos gritos e palavrões, seu descontrole ficar claro até para os papalvos que ainda acreditam nele. Temendo uma derrota no primeiro turno, Bolsonaro não pode esperar por um 6 de Janeiro, como ficou conhecida a invasão do Capitólio pelas hordas de Trump. Precisa de um 6 de Janeiro antes de 2 de outubro. Talvez a 7 de setembro. Talvez antes.

É difícil imaginar algo ainda mais absurdo do que os crimes que ele já cometeu, contra a vida humana, as instituições, a floresta, o decoro, o dinheiro público. Mas Bolsonaro, ou algum gênio da estratégia por trás dele, é inesgotável. A ideia de botar os canhões, urutus e esteiras de lagartas para rodar pela orla de Copacabana já parecia descalabro suficiente, mas não é ---pode melar com uma simples canetada do prefeito do Rio. Bolsonaro terá de vir com algo muito mais bombástico. E virá.

Alguns verão nisso um exagero. Mas, há um ano, também se achava exagero dizer que Bolsonaro estava se preparando para um golpe.

Desta vez, será mais do que um golpe ou tentativa de. Será a senha para uma guerra civil. Bolsonaro não tem mais nada a perder.


quarta-feira, 3 de agosto de 2022

29.07.22 | Carros elétricos e energia solar: a independência energética do Brasil

 

Fonte: Inside EVs - 28.07.2022

São Paulo - De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA), o Brasil já se encontra entre os 20 países com maior capacidade instalada de energia solar do mundo. A procura por sistemas fotovoltaicos tem sido crescente, assim como em relação aos carros elétricos e híbridos, que em abril de 2022 já eram mais de 90.000 em circulação no país.

Os benefícios ambientais do uso de energias renováveis como a fotovoltaica e do aumento da frota de veículos elétricos que emitem menos gases poluentes, já são conhecidos dos brasileiros. Diogo Seixas, CEO da NeoCharge, acrescenta que é possível unir a energia solar à recarga de carros elétricos e, assim, chegar a outro aspecto relevante: a independência energética.

No caso dos VEs, um dos principais ganhos está relacionado ao custo de abastecimento, muito menor do que no caso dos veículos a gasolina, especialmente em meio à alta do preço do petróleo em todo o mundo, conforme explica o executivo.

“Com um cálculo simples, é possível comprovar que o quilômetro rodado com energia elétrica é mais barato para um automóvel: o gasto médio anual para abastecer com gasolina (rodando 15.000 km por ano, com um consumo hipotético de 10 km/L e preço de R$ 7,50/L) é de R$ 11.250. Já o gasto médio para abastecer com eletricidade (considerando a mesma quilometragem rodada, em um consumo hipotético de 8 km/kWh e preço de R$ 0,80/kWh) é de R$ 1.500 por ano. Uma economia de 87%, ou R$ 9.750”, calcula Seixas.

A economia é expressiva para quem não tem energia solar em casa, mas pode ser ainda maior para quem gera energia elétrica com um gerador solar fotovoltaico. “Esse mesmo carro elétrico, rodando 15.000 km por ano e recarregado com energia solar a um custo aproximado de R$ 0,10/kWh, teria um gasto médio de R$ 190 por ano. Uma economia de 98%, ou R$ 11.060”, exemplifica.

Carro elétrico + casa solar

Os benefícios também se estendem a quem gera a própria energia solar para uso doméstico, prática conhecida como geração distribuída (GD). Esse tipo de geração representa economia na conta de luz e pode proporcionar também o armazenamento de energia em baterias como backup, possibilitando que uma casa tenha eletricidade mesmo se houver queda de luz em sua região.

É possível fazer ainda mais pela autossuficiência, produzindo energia solar para alimentar a casa e até para abastecer um carro elétrico. “Com os painéis solares, pode-se evitar parcialmente, ou até totalmente, a dependência da energia elétrica distribuída pela rede tradicional. O sistema também é capaz de carregar VEs, dispensando o uso de combustíveis fósseis. Faço isso na minha casa e sou prova viva de que é possível ter independência energética total”, pontua.

Seixas cita como exemplo uma família que consome 250 kWh/mês com energia elétrica em casa e 150 kWh/mês para recarregar o carro elétrico. “A aquisição do gerador solar fotovoltaico custaria, em média, R$ 15.000, enquanto a compra de um carro elétrico novo seria cerca de R$ 65.000 mais cara que a de um carro similar a combustão (R$ 143.000 versus R$ 78.000, em uma comparação de veículos urbanos compactos). Ou seja, essa família teria de fazer um investimento total de R$ 80.000 para iniciar o projeto”, comenta.