quinta-feira, 12 de maio de 2022

Em vez de inflação e fome, Bolsonaro fala de armas e guerra civil, VTF , FSP

 A inflação anual é a maior em quase 20 anos. Passou de 12% em abril. Deve permanecer acima de 10% até setembro, à beira da eleição. Em grande parte, é resultado de choques mundiais graves, piorados pela desvalorização brutal do real em 2020 e 2021.

Qualquer governo teria dificuldade de ao menos atenuar esses choques (Covid e suas sequelas, crise de energia, Guerra da Ucrânia etc.). Em um país com estabilidade econômica e política, a alta do dólar poderia ter sido menor.

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É fácil perceber que a economia fica à deriva em um país desgovernado, submetido aos objetivos de um projeto autoritário e sob a regência da incompetência e de parlamentares negocistas.

Cliente faz compras em supermercado de São Paulo
Cliente faz compras em supermercado de São Paulo - Rubens Cavallari - 27.abr.22/Folhapress

O indivíduo que ocupa a cadeira de presidente procura então não apenas camuflar a ruína, mas o faz reafirmando seu programa de desmonte, "contra o sistema". Junta a fome com a vontade de poder autoritário, até mesmo por meio do conflito armado.

Faz tempo que a ingenuidade tola ou conivente afirma que Jair Bolsonaro lança cortinas de fumaça quando aparecem mais notícias sobre a ruína que promove. É uma verdade mal compreendida por quem a enuncia.

A fumaça é tóxica, uma arma química. A cada lançamento de gases venenosos o país e suas instituições são intoxicadas com ameaças mortais.

Nesta quarta-feira, por exemplo, Bolsonaro reafirmou seu programa de poder, desta vez o associando à possibilidade de guerra civil. Não é bem novidade, em sua carreira de crimes, em que já pregou o conflito armado, morte em massa, fuzilamentos, tortura e genocídio de indígenas.

"Somente os ditadores temem o povo armado. Eu quero que todo cidadão de bem possua sua arma de fogo para resistir, se for o caso, à tentação de um ditador de plantão", começou Bolsonaro, com sua defesa habitual do armamento civil. Armas serviriam para a defesa de ameaças externas (contra a invasão da Amazônia, por exemplo), mas não principalmente.

"Vocês sabem que a pior ameaça não é externa, é interna, de comunização do nosso país. Nós não chegaremos na situação em que vive atualmente a Venezuela", discursou o indivíduo que ocupa a cadeira de presidente da República.

O que é a "comunização"? Poderia ser qualquer coisa, pois Bolsonaro e sua seita já disseram que todos os governos, depois da ditadura até o dele, foram de esquerda. Já disse que venceu a eleição de 2018 no primeiro turno, mas foi roubado. Vale tudo. Mas Bolsonaro definiu o inimigo que pode ser objeto de revolta armada.

"Todos nós sabemos quem defende aquele regime e quem defende seu ditador. Não queremos cores diferentes da verde e amarela na nossa terra. Dizer a vocês que o outro lado quer exatamente o diferente de nós. Nós defendemos a família, nós somos contra o aborto, somos favoráveis ao armamento para o cidadão de bem, somos contra a ideologia de gênero, nós somos pela liberdade da nossa economia e somos acima de tudo pela nossa liberdade de expressão" —assim definiu o "outro lado", que defende a "comunização" do Brasil.

É um programa, é uma ameaça, é um projeto de subversão da ordem (não há Poderes instituídos, o Estado deixa de ter o monopólio legal da força, "inimigos" políticos em última ou em alguma instância podem ser objeto de revolta armada).

"E para vocês, família brasileira, a arma de fogo é uma defesa da mesma e é um reforço para as nossa Forças Armadas porque o povo de bem armado jamais será escravizado". As Forças Armadas teriam o apoio de algo como milícias.

Sim, parece um projeto de Venezuela, diga-se de passagem. Mais grave, por ora, é que a baderna e a subversão armadas entraram de vez na conversa, assim como Bolsonaro já normalizara tantas atrocidades. ​


Barracas vendem crack até nos fundos de delegacia que investiga tráfico após ação na Cracolândia, OESP

 A operação realizada pela polícia na Praça Princesa Isabel nesta quarta-feira, 11, dispersou dependentes químicos por diversas ruas da região central da cidade de São Paulo ao longo do dia. O cenário formou um fluxo ambulante de vendedores e usuários de crack que chegou a se instalar à noite nos fundos do 77º Distrito Policial (Santa Cecília), delegacia responsável pela investigação contra o tráfico de drogas na Cracolândia.

Por volta das 23h, dezenas de pessoas se aglomeraram na Rua Helvétia próximo ao cruzamento com a Avenida São João. O 77º DP fica localizado na Alameda Glete, mas os fundos do terreno dão para a Rua Helvétia na altura onde o fluxo se instalou. A movimentação na área era intensa e não demorou para uma banca de madeira ser instalada e a venda de drogas a céu aberto ser iniciada aos moldes do que já ocorria na Praça Princesa Isabel. 

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Por volta das 23h, dezenas de pessoas se aglomeraram na Rua Helvétia próximo ao cruzamento com a Avenida São João Foto: Marco Antônio Carvalho/Estadão

Os traficantes também vendiam cachimbos para o consumo da droga, além de cartelas de medicamentos. Antes de chegar ali, o fluxo já havia passado pela Praça Marechal Deodoro, a 500 metros de distância. Na manhã desta quinta-feira, o grupo já havia deixado a Rua Helvétia em um movimento que pode continuar nos próximos dias até ser estabelecido em um endereço fixo novamente. 

O 77º DP é responsável pela Operação Caronte, que investiga o tráfico na região da Cracolândia desde o ano passado. As áreas dos antigos fluxos nas imediações da Praça Júlio Prestes e da Praça Princesa Isabel estão na circunscrição de atuação da delegacia. A operação desta quarta-feira integra a Caronte, que em 10 meses prendeu cerca de 100 suspeitos, de acordo com informações da polícia. 

A Prefeitura de São Paulo vai colocar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) para monitorar a região da Praça Princesa Isabel, na região central de São Paulo, 24 horas por dia, na tentativa de evitar a aglomeração de dependentes químicos e a instalação de barracas que, segundo a polícia, servem para o tráfico de drogas. No local que se tornou a nova Cracolândia desde março serão pelo menos 100 agentes fixos. A gestão Ricardo Nunes (MDB) também planejar cercar a praça, de forma a ter controle maior no local. /COLABOROU GONÇALO JUNIOR

Queda de ações do Nubank faz fortuna de David Vélez encolher R$ 30 bi, Oesp

 Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana

12 de maio de 2022 | 05h15

David Vélez, no IPO do Nubank na Nyse, em dezembro  Foto: REUTERS/Brendan McDermid

A forte queda das ações do Nubank fez a fortuna de seu fundador David Vélez cair R$ 30 bilhões, o que levou o empreendedor a sumir dos postos mais altos das listas dos maiores bilionários do planeta. No momento da abertura de capital do banco digital, em dezembro, Vélez tinha um patrimônio em ações do Nubank avaliado em R$ 50 bilhões. Ontem, novo dia de baixa acentuada do papel da fintech em Nova York, seus papéis no neobanco valiam R$ 20 bilhões. Só em 2022, o Nubank acumula queda de 58% e ontem, pela primeira, vez foi negociado abaixo de US$ 4.

Vélez, que é colombiano, chegou a ser mais rico, no momento do IPO, que sete dos dez brasileiros com as maiores fortunas na famosa lista de pessoas mais ricas do mundo da Forbes. Ficava atrás apenas do fundador do Facebook, Eduardo Saverin, e de Jorge Paulo Lehman e Marcel Herrmann Telles, fundadores da Ambev.

Vélez está atrás de André Esteves em ranking

A lista atualizada em tempo real da publicação norte-americana mostrava ontem Vélez na posição 671 no mundo. Ele está atrás do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, que ocupa a posição 448 com patrimônio de US$ 5,5 bilhões.

Vélez pode recuperar a fortuna perdida, caso as ações do Nubank voltem a subir, claro. Um fator-chave para o comportamento das ações no curto prazo será o balanço do banco digital do primeiro trimestre, que será divulgado no dia 16. O mercado teme que o Nubank mostre desaceleração no crescimento, ou forte alta em gastos com provisões e da inadimplência.

A queda atual, porém, distancia a ação do Nubank das faixas definidas no acordo de remuneração variável fechado entre a fintech e Vélez, no ano passado, e que há duas semanas chamou atenção do mercado. O empreendedor ganhará bônus com  base em ações da fintech caso os papéis sejam negociados acima de US$ 18,69 por um determinado período. Segundo o neobanco, o acordo responde por 100% da remuneração variável de seu CEO nos próximos anos.