quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Justiça manda prender novamente socialite suspeita de encomendar morte do namorado, FSP

 O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) mandou prender novamente a socialite e empresária Anne Cipriano Frigo, 46, suspeita de encomendar a morte do namorado, Vitor Lúcio Jacinto, 42, no dia 16 de junho deste ano.

A decisão ocorre uma semana após a prisão dela ser revogada. No mesmo documento, o juiz Marcus Alexandre Manhães Bastos afirma que será analisada a prisão preventiva do corretor de imóveis Carlos Alex Ribeiro, suspeito de ter cometido o crime.

Para o advogado Celso Vilardi, defensor de Frigo, não há necessidade nenhuma dela permanecer presa preventivamente. Ele diz, ainda, que irá recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Segundo as investigações, ela teria prometido pagar R$ 200 mil ao corretor, uma espécie de "faz tudo" do casal, para executar o crime. Frigo nega as acusações.

A motivação, de acordo com a Polícia Civil, teria sido a descoberta de traições do namorado. Por outro lado, a empresária diz que o assassinato ocorreu devido a uma disputa por seu dinheiro entre o corretor e a vítima.

A empresária Anne Cipriano Frigo e o namorado Vitor Lúcio Jacinto, morto em SP
A empresária Anne Cipriano Frigo e o namorado Vitor Lúcio Jacinto, morto em SP - Arquivo Pessoal

O corpo de Jacinto foi encontrado na represa Guarapiranga, na zona sul da capital paulista. Ele foi morto com um tiro no coração disparado por Souza, que confessou o crime. Em seguida, o assassino ateou fogo no corpo da vítima.

[ x ]

Em depoimento à Polícia Civil, Frigo admitiu que ficou sabendo da morte do namorado momentos depois do crime, mas só contou para os investigadores quando foi presa, duas semanas após a morte de Jacinto.

Segundo a socialite, ela guardou a confissão feita pelo corretor de imóveis pois ele teria ameaçado seus filhos. Ela perdeu a guarda das crianças após se divorciar em seu primeiro casamento.

“Dei um tiro nele. Matei porque estava me devendo”, teria afirmado Souza, conforme relato de Frigo.

Entre o assassinato e o momento de sua prisão, a empresária levou uma vida normal, o que reforçou a tese de que seria mandante do crime. Segundo as investigações, ela brindou seu aniversário de 46 anos em um jantar com amigas poucos dias depois do assassinato.

Frigo é herdeira de uma família de industriais e vivia uma vida luxuosa na Vila Nova Conceição, bairro nobre da zona sul de São Paulo. Os imóveis de seu prédio são avaliados em cerca de R$ 20 milhões. Ela fundou e presidiu o Museu da Imaginação, um espaço infantil na Lapa (zona oeste).

O que a polícia sabe até agora é que eles se conheceram entre 2016 e 2017, enquanto ele trabalhava como segurança de um restaurante. Com o início do namoro ele passou a ser sustentado por ela e chegou a ganhar um carro de luxo avaliado em R$ 2 milhões.

Segundo a polícia, o assassinato teria sido motivado por vingança, pois Frigo havia descoberto traições do namorado —a quem oferecia uma vida de luxo e ostentação, e com quem se relacionava há cerca de quatro anos.

Em reportagem da Folhao advogado da vítima Celso Vilardi disse que estava muito claro que Souza tinha problemas com Jacinto e que queria assumir o seu lugar.

“No fundo, eles [Souza e Jacinto] estavam disputando quem iria fazer as operações de compra e venda de várias coisas. A história dele [Souza] não é verossímil em relação à questão de pagamentos, de valor para matar, porque estava ganhando muito mais do que isso”, disse.

Entre os negócios estariam, segundo ele, a compra e a venda de veículos e imóveis.

Ao ser questionado sobre o porquê de o corretor ter implicado a socialite no crime, já que seu suposto interesse era assumir a função de Jacinto, o advogado disse que ainda há questões a serem esclarecidas.

“Não sei te dizer o motivo real pelo qual ele [a] incriminou. Possivelmente porque ele acha que vai trazer algum benefício. Até porque a maneira como ele se comportou é inexplicável. Por que pegou o telefone da vítima para ser rastreado?”, questionou o advogado.

  • SALVAR ARTIGOS

    Recurso exclusivo para assinantes

    ASSINE ou FAÇA LOGIN

  • 8

Alerta Cantareira, editorial FSP

 Sete anos depois da crise hídrica na Grande São Paulo, que forçou um racionamento não declarado no abastecimento de água, seu maior sistema de distribuição entra em situação preocupante. O nível dos reservatórios do Cantareira, como noticiou O Estado de S. Paulo, caiu abaixo de 40%.

Isso caracteriza estado de alerta, segundo normas operacionais da Agência Nacional de Águas (ANA). O ideal neste período seria contar com reservas de 60%.

Na mesma época em 2020, o complexo de represas estocava água em 50% de sua capacidade. Hoje, como há um ano, a região metropolitana ainda fica distante da emergência configurada quando a Sabesp, companhia estadual de saneamento básico, precisou captar o recurso abaixo das tubulações usuais, no volume morto.

Houve avanços significativos nos meios para enfrentar a escassez. O sistema São Lourenço entrou em linha, agregando 5.000 litros por segundo (5 m³/s) à vazão disponível. A interligação com a bacia do Paraíba garantiu mais 7 m³/s para desafogar o Cantareira.

Com isso, o contingente populacional dependente do sistema encolheu de 9 milhões de pessoas para 7,2 milhões. Tornou-se possível reduzir a captação autorizada no Cantareira de 33 m³/s para 27 m³/s.

Mesmo assim, o armazenamento continuou caindo. As previsões mais drásticas indicam que o volume poderá despencar a 20% em dezembro, quando aí sim haveria razão para alarme.

Por trás da insegurança hídrica está uma década com precipitação abaixo da média na região. A presente estiagem em cinco estados brasileiros (MG e SP, onde estão os mananciais do Cantareira, mais GO, MS e PR) é a pior em 91 anos.

Crescem indicações da ciência para a possibilidade de que a retração de chuvas seja resultante da crise climática mundial e do desmatamento na Amazônia, no cerrado e na mata atlântica.

Secas e estiagens prolongadas se encaixam predições de eventos extremos formuladas pelo Painel Intergovernamental de Mudança Climática, da ONU. Não será surpresa se a tendência perdurar.

Nesse cenário, obras para buscar água cada vez mais longe da metrópole não serão sustentáveis, além de drenar bilhões da sociedade. É preciso repensar o padrão de consumo, e o poder público deveria tornar permanentes as campanhas de conscientização, não reciclá-las só quando seca a fonte.

editoriais@grupofolha.com.br


Associação de procuradores prega uso de máscara após PGR dizer que grau de proteção é incerto ao defender Bolsonaro, OESP

 Rayssa Motta

18 de agosto de 2021 | 16h46

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) usou as redes sociais nesta quarta-feira, 18, para defender o uso de máscara como barreira para conter a disseminação da covid-19. A publicação foi feita um dia após a subprocuradora Lindôra Araújo informar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não vê crime do presidente Jair Bolsonaro por sair sem o equipamento de proteção durante a pandemia.

“A máscara é uma barreira física que reduz significativamente o risco de contágio por Covid-19”, diz a postagem.

Sem citar a subprocuradora, a associação de classe rebate o argumento usado por ela na manifestação em favor do presidente. Lindôra disse no documento que o comportamento de Bolsonaro teve ‘baixa lesividade’ e que ele não pode ser investigado criminalmente porque ainda não é possível atestar a ‘exata eficácia da máscara de proteção como meio de prevenir a propagação do novo coronavírus’.

“Estudos de todo o mundo já concluíram que, se usada corretamente, o índice de proteção chega a 90%”, afirma a ANPR.

Publicação da ANPR no Instagram. Foto: Reprodução

Antes de se opor aos pedidos para investigar Bolsonaro, a subprocuradora viu potencial crime de infração a medida sanitária preventiva em um caso semelhante. Em outubro do ano passado, ela representou contra o desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que ganhou o noticiário após ter sido flagrado humilhando um guarda municipal que lhe pediu para colocar a máscara de proteção durante um passeio pela orla de Santos (SP). Na ocasião, apontou ‘veementes indícios de autoria e materialidade’ do delito de infração de medida sanitária preventiva, previsto no Código Penal.

Já em relação a Bolsonaro, a subprocuradora considerou que a conduta ‘não se reveste da gravidade própria de um crime’. “Nesse contexto de incerteza sobre o grau de eficácia do equipamento, embora seja recomendável e prudente que se exija da população o uso de máscara de proteção facial, não há como considerar criminosa a conduta de quem descumpre o preceito”, escreveu.

O posicionamento contraria a comunidade científica, que já atestou a importância da máscara como medida preventiva central para frear o contágio pelo novo coronavírus.