sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

LUIZ CARLOS TRABUCO CAPPI Joseph Safra era um banqueiro de vocação, FSP

  EDIÇÃO IMPRESSA

Luiz Carlos Trabuco Cappi

Presidente do Conselho de Administração do Bradesco

O nome de Joseph Safra se inscreve na notável geração de banqueiros brasileiros que empreenderam desde cedo, cresceram pelo talento e intuição para os negócios, e venceram mantendo o modo de vida discreto e reservado.

Uma estirpe, da qual também fizeram parte homens como Amador Aguiar, Walter Moreira Salles, Olavo Setúbal, Lázaro de Mello Brandão e Aloizio Faria, que nos deixaram no curso deste século 21.
Esse grupo, formado por banqueiros de vocação, foi a referência de que confiar no Brasil sempre dará certo.

Safra, falecido nesta quinta-feira (10), aos 82 anos, foi um ícone entre seus pares pela liderança silenciosa que exercia, baseado na credibilidade.

O banqueiro Joseph Safra fala ao telefone
O banqueiro Joseph Safra, em imagem de 2002 - Pascal Guyot - 21.nov.02/AFP

Com seus gestos comedidos, sorriso econômico e palavras escolhidas, praticava no dia a dia uma agilidade amplamente reconhecida para os negócios. Mais de uma vez, em disputas por posições cobiçadas por concorrentes internacionais, surpreendeu o mercado. Foi assim em novembro de 2014, quando o Grupo Safra anunciou a compra do emblemático edifício da City de Londres, o The Gherkin, com seus 41 andares futuristas. Além dos lucros que projetou sobre o negócio em si, ele sabia que o lance espetacular seria a consolidação da marca Safra em um dos pilares do capitalismo global.

Aprendera em família, a partir do pai, Jacob, fundador em 1955 do Banco Safra, que agregar pontes de lucratividade ao próprio negócio nunca seria demais.

O Sr. José que nos deixou combinou estratégias de crescimento na gestão de patrimônios e a especialização no atendimento de pequenas e médias empresas, ganhando a confiança da clientela pelo conservadorismo e eficiência.

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Conquistou mais que fortuna pessoal. Dedicou-se a causas sociais, destacou-se com a comunidade judaica no Brasil. Contribuía para uma série de entidades sociais e cultivou especial apreço em construir e modernizar hospitais, creches, museus e templos religiosos. De gosto refinado, era um apaixonado pelas artes, às quais apoiava como reservado mecenas.

Homens como Joseph Safra são raros.

O formidável crescimento do mercado financeiro nas últimas décadas e as mudanças econômicas pela introdução da tecnologia nos modelos de negócio gerou uma nova classe de banqueiros —e de empresários. Agora, são profissionais que saem das escolas de negócios e administração, especialistas em marketing, em finanças, em análise de risco, em mercados globais, e, sobretudo, focados na arte de fazer render a liquidez dos clientes.

O comportamento também difere. Fazem "lives", presidem encontros numerosos, ocupam a mídia.

É natural e positivo que assim seja. São novos tempos e o público julga os administradores de seus recursos por meio de seus posicionamentos e resultados objetivos.

Vivemos a era da transparência, dos modelos matemáticos, algoritmos e técnica.

Por isso, é preciso valorizar e homenagear essa geração de banqueiros brasileiros, exemplos de que o Brasil fomenta inúmeras histórias empresariais de sucesso.

Devemos a esses banqueiros a criação das grandes marcas bancárias de hoje, todas elas vencedoras ao longo de várias décadas de construção. Eles foram artistas, que nos deixaram um legado de solidez e cultura da modernidade, fatores que viabilizaram o caminho para os pesados investimentos que fazemos ano após ano em tecnologia e especialização de pessoas.

'Arquiteto da Amazônia', Severiano Mario Porto morre aos 90, vítima da Covid-19, FSP

 

Foi eleito homem do ano, em 1987, pela revista francesa L'Architecture d'Aujourd'hui

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SÃO PAULO

Morreu na manhã desta quinta-feira o arquiteto Severiano Mario Porto, aos 90 anos, em Niterói, no Rio de Janeiro, segundo informou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, o CAU.

Nascido em Uberlândia, em Minas Gerais, ele ficou conhecido como o "arquiteto da Amazônia" ou "arquiteto da floresta". “Ele foi responsável por conceber um modelo único de arquitetura amazônica e sustentável, que une técnicas desenvolvidas por ribeirinhos e caboclos com as mais modernas e inovadoras criações na arquitetura”, de acordo com nota do CAU do Amazonas.

Arquiteto Severiano Mário Porto - CAU-AM/ Divulgação

Porto estudou na Universidade do Brasil, que se tornaria a Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde recebeu o título de professor honoris causa, em 2003. Em nota, ainstituição afirma que o arquiteto "soube aproveitar de forma criativa os materiais e os costumes do lugar, desenvolvendo trabalho singular na Amazônia".

Foi eleito homem do ano, em 1987, pela revista francesa L'Architecture d'Aujourd'hui.

Entre seus projetos, estão o estádio Vivaldo Lima, em Manaus, que foi demolido para dar lugar à Arena da Amazônia para a Copa do Mundo de 2014, o campus da Universidade Federal do Amazonas e o Fórum Henoch Reis, o Tribunal Regional Eleitoral, o TRE-AM.