quinta-feira, 20 de setembro de 2018

trecho da revista Forum

Fórum – No futuro, a médio e longo prazo, a reforma pode enfraquecer o papel dos sindicatos?
Clemente Ganz Lúcio – Não tenho dúvidas de que o sindicato, do jeito que está organizado hoje, está com os dias contados. Nessas novas condições a empresa está se transformando. Terceirização, internacionalização. Há uma reorganização profunda do ponto de vista do que é uma empresa, há um processo de mudança tecnológica chamado de quarta revolução industrial, a revolução da inteligência artificial. Portanto, há uma intensa aceleração das mudanças tecnológicas e as empresas se globalizam de forma muito acelerada. Essas mudanças promoverão grandes alterações no que a gente conhece como trabalho e grandes alterações sobre o que é uma empresa. Os sindicatos que foram criados para se organizar a partir daquela lógica que se criou na Primeira e Segunda Revolução Industrial ou se reestruturam para essa nova economia ou eles perderão a capacidade de fazer proteção sindical. Pois esse trabalhador você não vai mais encontrar. É um trabalhador que não tem mais local de trabalho. Os sindicatos estavam acostumados a fazer trabalho de base, ir na empresa, no portão, fazer discurso, chamar greve, fazer piquete. Mas os trabalhadores não entram mais naquele portão todo dia. Sindicato faz organização sindical e faz luta. Como se faz quando tem 10 mil trabalhadores que não tem um local pra trabalhar? Você organiza esse cara como? Onde ele está? Quem o representa? Isso significa uma reorganização muito profunda aos sindicatos.

Força Centrífuga, opinião FSP

Força centrífuga

Datafolha mostra desidratação do bloco centrista; tendência é de um 2º turno radicalizado

Da esq. para a dir., os presidenciáveis Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos)
Da esq. para a dir., os presidenciáveis Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos) - Eduardo Anizelli/ Folhapress; Zanone Fraissat/Folhapress; Miguel Schincariol/AFP; Jorge Araújo/Folhapress; Nelson Almeida/AFP
Os números da mais recente pesquisa Datafolha de intenção de voto para presidente apontam para a anemia das candidaturas associados ao centro do espectro ideológico, que oscilaram para baixo ou se mantiveram estagnadas em relação à sondagem anterior.
Nesse sentido, quem mais chama a atenção é Geraldo Alckmin (PSDB) —que, a despeito de ocupar mais de 40% do tempo de propaganda na TV e no rádio, segue em 9% e sem variação superior à margem de erro ao longo da campanha.
Jair Bolsonaro (PSL) continua em primeiro lugar, com 28%, e em tendência de alta paulatina desde o ataque a faca que sofreu em 6 de setembro. No levantamento do dia 10, tinha 24%; em 13 e 14 do mesmo mês, marcou 26%.
A escalada mais evidente pertence a Fernando Haddad (PT), beneficiário da rápida transferência das intenções de votos depositadas no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, preso e legalmente impedido de concorrer.
Ao avançar dos 9% de dez dias atrás para 16%, o petista se destaca na segunda colocação, deixando numericamente para trás Ciro Gomes(PDT), que disputa preferências nos setores à esquerda e ficou estacionado em 13%.
A rejeição de Bolsonaro permanece a maior entre os presidenciáveis, estável em 43%. A de Haddad segue trajetória de alta e está em 29%. Parece razoável prever um aumento da cifra à medida que ele e sua associação a Lula se tornem mais conhecidos do eleitor.
Na simulação de segundo turno, ambos aparecem empatados com 41%. O candidato do PSL, aliás, agora se mostra mais competitivo nessa etapa do pleito —nos cenários em que enfrenta os principais adversários, só perde para Ciro (45% a 39%), embora não supere Alckmin Marina Silva (Rede).
A pouco mais de duas semanas do pleito, seria precipitado tratar o quadro atual como imutável. Ainda não se sabe como, até o dia do sufrágio, eleitores poderão se reposicionar em escolhas estratégicas, exercendo o chamado voto útil —para evitar o risco do que considerem um mal maior.
Até aqui, entretanto, só os antípodas Bolsonaro e Haddad mostram crescimento, a despeito das taxas de rejeição elevada do primeiro e em alta do segundo.
Já o bloco centrista vem se desidratando. Juntos, Alckmin, Marina, Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) têm hoje apenas 24% das intenções, contra 30% no levantamento de 10 de setembro.
Se nada de novo surgir no horizonte, caminha-se para um segundo turno radicalizado —a opor o antipetismo, representado com  laivos autoritários por Bolsonaro, e o lulismo em sua versão mais messiânica e revanchista.

Metade dos eleitores prefere ser autônomo a ter emprego CLT, diz Datafolha, FSP

SÃO PAULO
Metade dos eleitores brasileiros afirma preferir ser autônomo, com salários mais altos e pagando menos impostos, ainda que sem benefícios trabalhistas, aponta pesquisa do Datafolha. 
Os que disseram preferir atuar como assalariado registrado, pagando mais tributo, mas com benefícios trabalhistas, somaram 43%. Outros 7% não opinaram.
O trabalhador com carteira assinada tem direito a benefícios como 13º salário e férias remuneradas, mas também deduções, como a contribuição mensal ao INSS, de 8% a 11%, dependendo do salário. A empresa, além de também recolher a contribuição previdenciária equivalente a 20% da folha de pagamento, precisa efetuar o recolhimento ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) do funcionário, equivalente a 8% de seu salário bruto.
O trabalho autônomo foi regulamentado pela nova lei trabalhista, em vigor desde novembro do ano passado.
No recorte por grau de instrução e por renda familiar mensal, a preferência por ser autônomo cresce conforme aumenta a escolaridade e a renda mensal do entrevistado. 
Em relação às faixas etárias, a modalidade de autônomo também predomina, exceto na faixa entre 45 e 59 anos, em que as duas formas de contratação aparecem com 47% cada.
A pesquisa mostra ainda que a preferência por uma vaga CLT só predomina entre os indivíduos que se declaram pretos —48%, contra 45% que preferem ser autônomos—, na comparação com autodeclarados brancos, pardos, amarelos e indígenas.
A taxa de preferência por ser autônomo é mais alta entre os que atualmente já atuam na modalidade (69%), os profissionais liberais (73%) e os empresários (74%). 
Por outro lado, a preferência por ser CLT é maior entre os que já são assalariados registrados (55%) e os desempregados que estão procurando emprego (53%). O desempregado que não está em busca de uma recolação —ou seja, que está no chamado desalento— fica dividido, com 46% da preferência por cada modalidade.
O contingente de pessoas que desistiram de buscar uma colocaçãosomava 4,818 milhões no trimestre encerrado em julho, número recorde para a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) iniciada em 2012.
taxa de desemprego no país ficou em 12,3% no período, abaixo do verificado no trimestre encerrado em abril, quando esteve em 12,9%, ainda segundo o IBGE.
 
Quem ainda está iniciando a vida profissional ou pode entrar na PEA (População Economicamente Ativa) futuramente tende a preferir um emprego com carteira, como no caso de estagiários/aprendizes (49%) e estudantes (53%), de acordo com o Datafolha.