quinta-feira, 20 de setembro de 2018

trecho da revista Forum

Fórum – No futuro, a médio e longo prazo, a reforma pode enfraquecer o papel dos sindicatos?
Clemente Ganz Lúcio – Não tenho dúvidas de que o sindicato, do jeito que está organizado hoje, está com os dias contados. Nessas novas condições a empresa está se transformando. Terceirização, internacionalização. Há uma reorganização profunda do ponto de vista do que é uma empresa, há um processo de mudança tecnológica chamado de quarta revolução industrial, a revolução da inteligência artificial. Portanto, há uma intensa aceleração das mudanças tecnológicas e as empresas se globalizam de forma muito acelerada. Essas mudanças promoverão grandes alterações no que a gente conhece como trabalho e grandes alterações sobre o que é uma empresa. Os sindicatos que foram criados para se organizar a partir daquela lógica que se criou na Primeira e Segunda Revolução Industrial ou se reestruturam para essa nova economia ou eles perderão a capacidade de fazer proteção sindical. Pois esse trabalhador você não vai mais encontrar. É um trabalhador que não tem mais local de trabalho. Os sindicatos estavam acostumados a fazer trabalho de base, ir na empresa, no portão, fazer discurso, chamar greve, fazer piquete. Mas os trabalhadores não entram mais naquele portão todo dia. Sindicato faz organização sindical e faz luta. Como se faz quando tem 10 mil trabalhadores que não tem um local pra trabalhar? Você organiza esse cara como? Onde ele está? Quem o representa? Isso significa uma reorganização muito profunda aos sindicatos.

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