quinta-feira, 6 de julho de 2017

A resistência a choques, Ming OESP



O campo político traz muitas tensões, mas a economia mostra-se resiliente






Celso Ming, O Estado de S.Paulo
05 Julho 2017 | 21h00
Há algumas semanas, ainda havia vaga sensação de que a economia vinha se descolando da crise política. Agora, a percepção é a de que ela está relativamente blindada.
Antes, em seus documentos oficiais e, também, nas entrevistas dos seus dirigentes, o Banco Central advertia para os riscos e para “as incertezas” da economia. A partir da semana passada, seu presidente, Ilan Goldfajn, preferiu dizer que a economia brasileira adquiriu “resistência a choques”. A diferença pode parecer sutil, mas não é.

Ilan Goldfajn, Banco Central
Ilan Goldfajn. Resiliência da economia   Foto: ALEX SILVA / ESTADÃO
Ilan concentrou a explicação na política cambial flexível conduzida sem sobressaltos, no tombo consistente da inflação e dos juros e na ancoragem das expectativas que permitiram o avanço estrutural que se viu com a queda da meta da inflação. No entanto, há mais fatores entre o céu e a terra apontando para nova resiliência da economia.
O mergulho da inflação, por exemplo, diz mais do que a sucessão de números frios. Apesar do forte desemprego, revela aumento da renda da população mais pobre, na medida em que aponta redução dos preços da alimentação e da moradia. Esse fator é mais relevante quando se leva em conta que entre 30% e 40% da força de trabalho se vira na informalidade, onde o dinheiro pingado se desvaloriza bem menos do que há 16 meses, quando a inflação estava acima dos 10% ao ano. É algo que dissemina certa sensação de alívio.
Não pode ser ignorada a força das Contas Externas. A balança comercial (exportações menos importações) deve fechar o ano com saldo positivo em torno dos US$ 70 bilhões, equivalente ao da entrada de dólares por meio dos Investimentos Diretos no País. É situação que desestimula corridas ao dólar. 
Em abril, às vésperas da divulgação dos depoimentos de Marcelo Odebrecht, propalava-se que viria a “delação do fim do mundo”. No entanto, nem a Bolsa derreteu, nem as cotações da moeda estrangeira dispararam. Veio depois a divulgação bomba das gravações de Joesley Batista. O mercado financeiro surfou sobre alguns vagalhões para, em seguida, voltar ao normal. Há duas semanas saiu a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, pela primeira vez, incriminou um presidente da República no exercício do cargo. E nada de relevante aconteceu no mercado financeiro.
As condições das finanças públicas se deterioram todos os dias, a dívida bruta vai disparando para a altura dos 80% do PIB, os políticos estão no modo sobrevivência, mas, aos trancos, parte das reformas avança, como se vê diante da iminência da aprovação das novas regras trabalhistas.
Apesar da crise e de tudo o que a acompanha, ninguém prevê que a atual coalizão no poder se esmigalhe e que, com ela, a equipe econômica seja substituída por saltimbancos como Arno Augustin, secretário do Tesouro do governo Dilma, que inventou as pedaladas e a desastrada nova matriz macroeconômica.
A maior resistência da economia a choques produz duas consequências práticas. Primeira, produz certa indiferença da população, já cansada das denúncias, quanto ao desfecho da crise política. É o que explica o esvaziamento das manifestações. E, segunda, cria a percepção de que a solução dos problemas econômicos está mais na observância dos manuais e da ortodoxia do que nas intervenções voluntaristas.
O quanto isso dura é outro assunto. Depende, por exemplo, de que a área fiscal não degringole de uma vez.
CONFIRA:

Petróleo
A cotação do petróleo Brent caiu 18,70% em 2017 Foto: Infografia Estadão
» Nova baixa da gasolina?
As cotações do petróleo voltaram a apontar falta de chão. O corte de 1,8 milhão de barris diários determinado pela Opep há sete meses não está sendo suficiente para reequilibrar oferta e procura diante da robustez da produção. As autoridades da Arábia Saudita apontam para a necessidade de aumentar os cortes de oferta. Nesta quarta-feira, as cotações do Brent caíram 3,67%, como mostra o gráfico. A nova política da Petrobrás de seguir de perto os preços internacionais sugere nova baixa nos combustíveis.

Brasil | MPE reabre fábrica para produzir monotrilhos no Rio de Janeiro

A MPE do empresário Renato Ribeiro Abreu reinaugurou nesta quinta-feira (28/02) a antiga fábrica da EBE – Empresa Brasileira de Engenharia – desativada há mais de 10 anos, em Paciência, subúrbio do Rio, para dar início à fabricação de suas encomendas de monotrilhos, uma em São Paulo e uma em Manaus. Serão em princípio 24 trens de três carros – que poderão ser cinco – para a Linha 17 do Metrô de São Paulo, e 10 trens de seis carros para Manaus. Todos a serem produzidos com tecnologia da Scomi, empresa da Malásia, responsável pela fabricação do monotrilho de Kuala Lumpur, capital daquele país.

A reinauguração segue a tendência surgida com a retomada das encomendas de material ferroviário, que já foi responsável pela reocupação da Cobrasma, em Sumaré (SP), por várias indústrias do setor; da oficina da FCA em Sete Lagoas (MG), pela Caterpillar/Progress Rail; e da fábrica de vagões da CCC em Deodoro (RJ), ainda em curso pela Alstom. A fábrica da EBE, antiga empresa de montagem industrial, pertencia à MPE desde 1991, mas estava desativada, servindo com o depósito.

A fábrica tem 41 metros quadrados de área, sendo 10 mil metros quadrados de galpões, onde serão montados os veículos, começando pela encomenda de São Paulo. Por enquanto o que pode se ver são apenas os jigs – suportes – de montagem, à espera do alumínio importado para a soldagem das primeiras caixas. Já está praticamente definido que os engates serão Voith, as portas de plataforma e o ar condicionado Faiveley, os freios Knorr e as cabines Pifer. O interesse da MPE é que a maior parte dos componentes seja fabricada no Brasil, para habilitar-se ao financiamento do BNDES.

Governo disponibiliza EIA-RIMA do Ferroanel Norte para consulta em Arujá, G1


06/07/2017 - G1
O Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) está disponibilizando uma cópia do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do Ferroanel para consulta na sede da Prefeitura de Arujá. O novo ramal ferroviário será exclusivo para o transporte de cargas e terá o traçado paralelo ao trecho Norte do Rodoanel. A estimativa é que a obra custe R$ 3,4 bilhões.
O Ferroanel Norte será um ramal ferroviário de 53 quilômetros de extensão que interligará as estações de Perus, em São Paulo, e de Manoel Feio, em Itaquaquecetuba, seguindo o traçado do Rodoanel.
A obra, que é de responsabilidade da União, teve os estudos de impacto ambiental realizadas pela Dersa, empresa do governo estadual, com recursos da empresa pública federal.
Segundo o Governo do Estado, a implantação possibilitará que os trens de carga, que hoje compartilham os mesmos trilhos com os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), sejam desviados, eliminando o conflito entre cargas e passageiros nos trilhos que cortam o interior da metrópole.
Além disso, os estudos realizados indicam que cerca de 40% das viagens destinadas ao transporte de cargas são feitas com os caminhões vazios, pois nem sempre as empresas conseguem prestar o serviço na ida e na volta.
Essa pesada movimentação rodoviária converge, em grande parte, para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e para o Porto de Santos. O resultado é a saturação do trânsito na RMSP e nas proximidades dos grandes centros urbanos, onde os congestionamentos se tornam cada vez mais frequentes.
Sob o ponto de vista dos passageiros, a liberação dos trilhos atuais para uso exclusivo da CPTM permitirá a redução do intervalo entre os trens, a implantação de novos sistemas de sinalização e melhoria das estações ferroviárias, o que trará maior capacidade de transporte e conforto aos usuários.
No Alto Tietê, o Ferroanel passará pelas cidades de Itaquaquecetuba e Arujá. Nesta última, será realizada no próximo dia 13, uma audiência pública sobre a obra será realizada no Clube União, às 17h.
O documento também pode ser analisado na internet. No Paço Municipal, localizado na Rua José Basílio de Alvarenga, 90, no centro de Arujá, a consulta fica liberada de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17 h.
De acordo com o Dersa, o Ferroanel deverá ter um trajeto de 44 quilômetros no trecho de Arujá, margeando parte dos trechos Norte e Leste do Rodoanel Mario Covas na cidade. O Clube União, onde será a audiência pública, fica na Rua Amazonas, 100, no Centro de Arujá.​

Histórico

Dos 53 km do Ferroanel, 12 km são pontes e viadutos, 17 km são túneis e 23 km em terraplanagem. A estimativa é que o frete de cargas pela ferrovia seja 15% mais barato do que o valor pago no transporte feito pelos caminhões.
O estudo teve início em setembro de 2011 em parceria do governo estadual com a concessionária ferroviária MRS. Inicialmente, a Dersa cedeu os projetos disponíveis para a implantação da ferrovia nos trechos Leste e Norte do Rodoanel. No entanto, em 2012, foi constatada a viabilidade técnica para a implementação da ferrovia no trecho Norte do Rodoanel.
O estado recebeu R$ 332 milhões do Ministério dos Transporte para que as obras do Rodoanel recebessem terraplanagem complementar para a instalação do futuro ramal ferroviário.