segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

SP vai trocar toda a iluminação pública por lâmpadas de LED em cinco anos,in FSP


Avener Prado - 1º.dez.2015/Folhapress e Avener Prado - 2.abr.2014/Folhapress
Av. 23 de Maio, em São Paulo, iluminada pelas antigas lâmpadas de vapor de sódio
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Recentemente liberada pelo Tribunal de Contas do Município, a licitação para modernizar a iluminação pública de São Paulo deve ser concluída em breve: a abertura das propostas está marcada para o primeiro mês de 2016.
Trata-se de uma vultosa parceria público-privada que, em cinco anos, implementará em todas as 618 mil luminárias da cidade a tecnologia LED –que consome e polui menos e aumenta a sensação de segurança em relação às lâmpadas de vapor de sódio.
"A iluminação é um tema fundamental, e dialoga muito com o desejo do prefeito Fernando Haddad (PT) de que haja maior uso da cidade e dos espaços públicos, sem medo", afirma à Folha o secretário municipal de Serviços, Simão Pedro.
A modernização proposta não se restringe apenas à troca da tecnologia nos postes. Será obrigatório instalar um sistema de telegestão, que permite o controle à distância e em tempo real da operação de toda a rede.
"Com isso, estamos trazendo a iluminação para o século 21", diz Luciano Rosito, gerente de desenvolvimento de negócios da Philips, uma das interessadas em celebrar o contrato de R$ 7 bilhões.
"Não tem sentido que a prefeitura precise esperar o cidadão ligar para informar que a lâmpada apagou, para então levar um dia para restabelecer o serviço", diz o secretário de Serviços.
Editoria de Arte/Folhapress
Rodrigo Martins, presidente da GE Lighting para a América Latina, outra multinacional que examina o edital, destaca que a nova tecnologia deixa São Paulo pronta para se transformar no que urbanistas chamam de cidade inteligente –automatizando a gestão de serviços.
"Instalando luminárias com LED e sistema de telegestão, é como se concluíssemos a fundação de uma obra. Dali em diante, o terreno estará pronto para receber mais andares", compara Martins. A empresa já oferece tecnologias como a detecção de tiros e monitoramento de tráfego a partir dos pontos de luz.
Conforme o edital, será possível explorar tais serviços –que dependem de acordos com outros órgãos públicos–, e as receitas serão divididas com a prefeitura.
Esse passo, todavia, fica para o futuro: "A licitação responde a objetivos mais imediatos, como segurança urbana e economia de energia", diz Simão Pedro. 











luz

Cidade

 Avener Prado/Folhapress

Av. 23 de Maio com iluminação de vapor de mercúrio

Av. 23 de Maio com iluminação de lâmpadas de LED

PERFIL DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM SÃO PAULO

CONTRATO

20 anos duração

R$ 7,24 bilhões valor do contrato

R$ 2 bilhões em investimentos previstos

Janeiro de 2016 previsão de abertura das propostas

CRONOGRAMA

Rede deve ser 100% modernizada em até cinco anos

(além da expansão de 70 mil unidades nesse período)

Em seguida, empresa precisa expandir a rede 5% ao ano

DISTRIBUIÇÃO DAS LÂMPADAS DE LED EM SP

Hoje

R$ 17 milhões/mês

 

 

Estimativa

R$ 8,5 milhões/mês

CONTA DE LUZ DA CIDADE COM ILUMINAÇÃO PÚBLICA

 A COMUNICAÇÃO NO SISTEMA EM 4 PASSOS

CONTROLES POSSÍVEIS

> Ligar e desligar cada ponto individualmente

> Detectar problemas e registrar o exato momento em que é detectado

> Mapear alterações de comportamento

> Controlar o consumo de energia

> Localizar exatamente onde está cada poste

OUTRAS TECNOLOGIAS

Uma vez implementada a tecnologia LED, a depender de acordos
com outros órgãos públicos, é possível ainda:

Instalar câmeras de segurança nos postes; monitorar tráfego por sensores e câmeras

 

Disponibilizar
sinal de wi-fi

 

Detectar disparos
de tiros

 

Coordenar sistemas de estacionamento

VANTAGENS DAS LÂMPADAS DE LED

> Alta eficiência luminosa

> Longa vida útil, de até 100 mil horas

> Perde pouco do fluxo luminoso e do espectro de iluminação ao longo da vida

> Possibilidade de luz branca quente, neutra e fria

> Ótima reprodução de cores (maior segurança, bem estar e embelezamento urbano)

> Redução nos custos de energia e manutenção

> Possibilidade de telegerenciamento em tempo real e em cada ponto de luz

> Possibilidade de dimerização (controle de iluminação) fácil e rápida

> Economia de energia chega a 45% após modernização (período de sete anos)

 

DESVANTAGEM

> Custo inicial dos equipamentos

COMPARAÇÃO LED X LÂMPADA DE VAPOR METÁLICO

Lumens (medida de luminosidade)

Durabilidade, em h

Consumo mensal por unidade, em kW

Valor do consumo mensal, em R$

Custo da energia para 50 mil horas, em R$

Trocas em 50 mil horas ou 139 meses

Valor total estimado das trocas, em R$

Custo operacional em 50 mil horas

Custo de implementação, em R$

Custo total (operação e implementação), em R$

Vapor Metálico

5.000

18.000

30,9

10,81

1.502,59

3

60

1.562,59

250

1.812,59

LED

2.800

50.000

14,4

5,04

700,56

0

0

700,56

1.100

1.800,56

Fontes: Estudos técnicos dos consórcios CPFL, Philips e GE, Unicamp, edital da licitação

domingo, 6 de dezembro de 2015

Crimes do capital - MÍRIAM LEITÃO


O GLOBO - 06/12

A Odebrecht está com o presidente na cadeia, a Andrade Gutierrez, também, e a Camargo Corrêa. A Galvão Engenharia e a Mendes Júnior têm dirigentes condenados. O BTG viu seu presidente ir para a prisão. A Vale precisa explicar o crime ambiental cometido por uma de suas controladas. A Petrobras tem ex-diretores presos e é o centro de um escândalo político. O capitalismo brasileiro virou caso de polícia?

Não o capital em si, mas muitos dos atos dos dirigentes das empresas são sim, como se vê, um caso de polícia. O pecado original é a relação promíscua com o governo, velho defeito do Brasil, exacerbado ao limite na era petista. Diretrizes de política econômica, o inchaço do Estado, a política industrial seletiva ampliaram o mundo das sombras entre o público e o privado no Brasil.

Essas empresas, e outras que estão às voltas com a Justiça, costumavam encabeçar rankings de maiores, mais lucrativas, e de melhor desempenho do Brasil. Todas elas erraram ao não praticar aquilo que diziam em seus prospectos de propaganda, manuais de conduta, sites oficiais, comunicados aos clientes, fornecedores e investidores. Todas diziam ter boa governança, regras de “compliance”. Todas alegam ser sustentáveis, e a maioria afirmou ter aderido a regras internacionais contra a corrupção e de proteção ao meio ambiente. Empreendedores apontados como casos de sucesso, exemplo para os jovens, hoje dormem em celas.

Há tantas empresas com dirigentes investigados, indiciados ou condenados, e são tantos os crimes dos quais as empresas são acusadas, que isso deixou de ser um problema isolado. O que o mundo corporativo deve refletir no Brasil é o que criou a situação. O primeiro suspeito é o velho patrimonialismo, mas não explica o surto recente de negócios escusos entre empresas e o governo. O aumento foi motivado pela sensação de que não haveria punição para os integrantes da elite econômica e do poder político que, juntos, conseguiriam torcer o sistema a seu favor.

O caso do senador Delcídio e do banqueiro André Esteves, se ficar comprovado tudo o que se ouviu no diálogo gravado pelo ator Bernardo Cerveró, é um flagrante do capitalismo de compadrio, ou de laços, como diz o professor Sérgio Lazzarini. Lá estão os elos entre os poderes, e os favores trocados entre quem tem influência política e quem tem poder econômico. Essa rede de relacionamentos que negocia proteção e defesa de interesses corrói a democracia e vicia a economia.

Evidentemente não surgiu agora, mas é inegável que houve um aumento forte nesse tipo de relação entre o público e o privado. O que impressiona é a data da conversa do senador Delcídio. Foi no começo de novembro, com um ano e oito meses da Operação Lava-Jato. O líder do governo ainda se sentia intocável e falava abertamente sobre como dar fuga a um condenado pela Justiça.

Em sua defesa, André Esteves nega que tenha se comprometido com aquilo sobre o qual o senador Delcídio Amaral falava na conversa, mas admitiu que teve cinco encontros no ano com o senador. Nada há de suspeito em um banqueiro e um líder político se encontrarem, mas, a menos que sejam amigos, a frequência é exagerada. Esteves tinha um banco em expansão para cuidar, que acabara de comprar uma instituição na Suíça, e negociava um banco na Itália. Isso sem falar nas inúmeras áreas de interesse do BTG Pactual. Por que mesmo, os empresários brasileiros vão tanto a Brasília? A maioria vai com expectativa de alguma medida do governo que o favoreça.

O caso da Vale faz parte de uma outra frente de erros das empresas brasileiras. A de achar que palavras como “sustentabilidade” são apenas para decorar os sites e prospectos de propaganda. A Samarco é controlada e atua na mesma área central de atividade da Vale. O descuido da mineradora mineira com os rejeitos da sua produção provocou o maior desastre ambiental do Brasil na mineração. E isso será um enorme passivo para as controladoras. Se levassem a sério a proteção ao meio ambiente, o Rio Doce não estaria em coma.

O professor americano Michael Porter ensina que o medo do fracasso move mais as companhias do que a esperança do sucesso. Que as punições e passivos ensinem às empresas brasileiras o que elas devem evitar.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Um governo na bacia das almas, por José Anibal, Blog do Noblat


É claro que a preocupação dos brasileiros com saúde continua inquietante. Mas na última pesquisa Datafolha, a saúde foi apontada como principal problema por 16% dos entrevistados, ante 48% em junho de 2013. Agora, com a força de um clamor por mudança, a corrupção, com 34%, é vista como o maior problema do país. Um terço da população brasileira está pondo o dedo na ferida. Um crescimento extraordinário de uma certeira percepção da sociedade.
Cresce também a avaliação negativa do Congresso, atingindo 53% de ruim e péssimo. Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal e a sociedade, por suas manifestações, estão fazendo sua parte no combate à corrupção. Do governo, nada a esperar senão o cinismo do agravamento, com vergonhas expostas, de práticas corruptas com a máquina e o dinheiro público para alcançar sobrevida. Para o Congresso, fica uma indicação cristalina de por onde devemos caminhar: um novo governo.
Em minha vivência de anos no Parlamento, aprendi que o Congresso é sempre capaz de reagir, especialmente em situações de crise, em sintonia com os anseios da sociedade. Mesmo entre os que não são afeitos aos grandes desafios, é possível encontrar uma sensibilidade a favor da população. Foi o que aconteceu semana passada, no plenário do Senado. Assistimos a um momento de grandeza do Parlamento ao decidir pela votação aberta, em sintonia com a sociedade, sobre a prisão do senador Delcídio do Amaral.
Do mesmo modo, a Câmara dos Deputados tem o desafio de se livrar de um presidente sobre o qual não cessam graves denúncias sem resposta (na mesma pesquisa, 81% dos entrevistados são a favor da cassação do seu mandato) e, finalmente, iniciar o processo de impeachment de uma presidente que já não governa, mas está levando o país para o abismo.
Episódio ocorrido semana passada é muito ilustrativo de que a miséria e desmoralização do governo e da presidente não têm limites. Buscando arrecadar alguns trocados para satisfazer a sede de sua “base”, Dilma publicou e, infelizmente, aprovou a Medida Provisória 688 sobre o setor elétrico.
Em seguida, fez leilão para transferência da concessão das usinas hidroelétricas de Ilha Solteira e Jupiá, mediante cobrança de um bônus de R$ 13,8 bilhões ao interessado. As duas usinas eram operadas pela Cesp. Detalhe: Ilha Solteira é uma das maiores geradoras de energia do Brasil, com imenso reservatório de água que, em boa medida, regula a vazão para Itaipu, nossa maior usina. A pechincha foi bancada pelos chineses, que, em contrapartida, vão poder faturar R$ 2,3 bilhões por ano com a operação. Papai Noel antecipado pelos empobrecidos brasileiros.
A desastrada rainha da conta baixa agora tripudia como a irresponsável da conta alta. Mais um estelionato. Vamos pagar de novo por usinas praticamente amortizadas. Ilha Solteira e Jupiá deviam ser exploradas agora apenas com custo de geração equivalente à operação e manutenção: valor baixo na conta. Mas não. Além da operação e manutenção, vamos ter que pagar em nossas contas de luz, a partir do ano que vem, pedágio anual aos chineses pelos R$ 13,8 bilhões que ela vai torrar nas suas aventuras. Vale observar a velhacaria do discurso de Lula/PT/Dilma com respeito ao interesse nacional. Sai da cadeira, Dilma!
PS: Realizamos, na semana passada, seminário do ITV sobre “Meio Ambiente e Sustentabilidade”. Destaco o primeiro parágrafo do documento elaborado ao final do encontro e enviado à COP21. O ITV “entende que a 21ª Conferência do Clima (COP21) é um marco decisivo para o futuro do planeta e que dela deve surgir um acordo climático vinculante, de modo que seja possível se assegurar a estabilidade do sistema climático. Ressalta que as consequências das mudanças climáticas em cenários acima de 2ºC até o fim do século são trágicas, afetando toda a Humanidade e, especialmente, os mais pobres”.