segunda-feira, 21 de abril de 2014

Bacias hidrográficas de SP não têm plano de emergência


DESTAQUES

Mesmo com a previsão de possíveis cenários de escassez, nenhuma das principais bacias hidrográficas paulistas tem plano de contingência para eventos críticos como o vivido hoje pelo Sistema Cantareira. A constatação é do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Macrometrópole, concluído em outubro do ano passado pelo governo estadual. Segundo o documento, a necessidade de planejamento prévio para situações de emergência - secas ou cheias - está prevista na lei federal da Política Nacional de Saneamento, de 2007.

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O estudo traçou um diagnóstico da oferta de água na região formada por 180 cidades ao redor da capital, apresentou propostas para suprir o aumento da demanda até 2035 e avaliou os planos das oito bacias que compreendem as Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba, Vale do Ribeira, Sorocaba e litoral norte, onde reside 74% da população do Estado. Entre elas, estão a do Alto Tietê, e a dos Rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (PCJ), que dividem a água do Cantareira.

“Em função do crescimento das demandas, todos os planos preveem o agravamento das condições da oferta hídrica e alertam para a possibilidade de ocorrência de situações de escassez de água. No entanto, não estabelecem medidas específicas para serem administradas na ocorrência de eventos críticos”, afirma o documento. “As únicas ações constantes nos planos referem-se a medidas preventivas, como o uso racional da água, gestão de demanda e o reúso”, diz o estudo.

Os planos de bacias são feitos pelos comitês formados por gestores públicos da área de recursos hídricos e das cidades da região, além de entidades da sociedade civil. De acordo com o especialista em Hidrologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Antônio Carlos Zuffo, a ausência de um repertório com ações de emergência previamente definido e integrado entre os municípios e as concessionárias de saneamento dá margem para que decisões políticas se sobreponham às medidas técnicas.

“Ao contrário de outros países, especialmente do Hemisfério Norte, onde a própria população se prepara para os cenários críticos, aqui no Brasil nos acostumamos a acreditar que esses eventos nunca vão acontecer. Hoje, estamos enfrentando uma grave crise de abastecimento de água e de energia e não temos planos capazes de gerenciar esses riscos. No caso do Cantareira, a população tinha de estar envolvida há muito mais tempo, e o racionamento deveria ter sido adotado há pelo menos três meses. Mas ao contrário. Nós continuamos a retirar mais água do que se pode”, afirmou Zuffo.

Segundo o Plano Diretor, a Bacia do PCJ, que compreende a região de Campinas, até tem um programa de Prevenção e Defesa Contra Eventos Hidrológicos Extremos, mas “nenhuma das ações propostas corresponde ao detalhamento especificamente voltado a um plano de contingência”.

No caso do Alto Tietê, onde fica a Grande São Paulo, o plano aponta o problema da escassez hídrica, mas não indica medidas de emergência em caso de colapso. Os gestores das Bacias do PCJ, Alto Tietê e Paraíba do Sul foram procurados, mas não foram localizados para comentar a ausência de planos de contingência.

Urgência
No mês passado, o comitê anticrise que monitora o Cantareira recomendou à Agência Nacional de Águas (ANA) e ao Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) que apoiem as cidades abastecidas pelo manancial na Bacia do PCJ na elaboração de um plano de contingência.

O mesmo pedido foi feito à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que deve informar o volume de água que vai captar até o fim do ano. Desde janeiro, a empresa já adotou o remanejamento de água de outros sistemas, lançou bônus para quem reduzir o consumo e diminuiu a pressão da água nas madrugadas. No próximo mês, deve começar a captar água do chamado “volume morto” do Cantareira e cobrar multa por aumento do consumo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Público do Brasileirão deve aumentar com inauguração de Arenas


Previsão é que novos estádios sejam responsáveis pelo crescimento da arrecadação com venda de ingressos

19 de abril de 2014 | 17h 00

Raphael Ramos - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Ao custo de R$ 8,1 bilhões, os 12 estádios da Copa do Mundo serão a grande novidade do Campeonato Brasileiro. Se confirmada a tendência já observada no último Nacional, essas arenas deverão ser as responsáveis por aumentar a média de público do campeonato e de arrecadação dos clubes com bilheteria.
Arena Corinthians deve ter grande público - Divulgação
Divulgação
Arena Corinthians deve ter grande público
No ano passado, as seis arenas utilizadas na Copa das Confederações tiveram no Campeonato Brasileiro um público médio 88% superior ao dos estádios antigos. De acordo com estudo feito pela consultoria BDO, Mineirão, Maracanã, Arena Pernambuco, Castelão, Mané Garrincha e Fonte Nova tiveram, em média, 21.774 torcedores por jogo. Nos demais estádios, a média foi de 11.612. A disparidade nos valores de bilheteria foi ainda maior: média de R$ 898.282,00 por jogo contra R$ 252.040,00.
Com os novos estádios, o Campeonato Brasileiro de 2013 teve a maior arrecadação com bilheteria da história (mais de R$ 176 milhões) e um acréscimo de público de 15% em relação do ano anterior, totalizando 5,7 milhões de torcedores em 380 jogos. Para este ano, a expectativa é que essas marcas sejam superadas novamente por causa da inauguração de arenas da Copa do Mundo.
O atual Campeonato Brasileiro marcará a abertura oficial de dois estádios: Arena Corinthians e Arena da Baixada. O Itaquerão receberá o seu primeiro jogo no dia 17 de maio, quando o Corinthians enfrenta o Figueirense. Na semana seguinte, a Fifa assume o controle da arena, palco da abertura da Copa.
O Atlético-PR ainda não definiu o cronograma de eventos em seu estádio, mas é possível que a primeira partida oficial da Arena da Baixada seja realizada no dia 18 de maio, quando o Furacão enfrenta o Chapecoense, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro.
Se em 2013 o Mané Garrincha, em Brasília, foi o estádio com a melhor média de público da competição com 36.644 pessoas por jogo, esse ano a expectativa é que o Itaquerão lidere a lista. A previsão da diretoria do Corinthians, apresentada pelo ex-presidente Andrés Sanchez em reunião do Conselho Deliberativo, é de que a média de público no novo estádio alvinegro supere os 50 mil torcedores.
FATOR NOVIDADEAssim como ocorreu no ano passado com o Mané Garrincha, a Arena Pernambuco e o Castelão, estádios que receberam jogos de equipes do eixo Rio-São Paulo como mandantes, o mesmo deverá acontecer com a Arena Pantanal, a Arena das Dunas e a Arena Amazônia, inauguradas este ano. Como as cidades de Cuiabá, Natal e Manaus não têm representantes na Série A do Nacional, os administradores desses estádios já negociam com alguns clubes a transferência de partidas para esses locais.
Em 2013, por exemplo, o Santos levou o jogo contra o Flamengo para Brasília, na despedida de Neymar para o Barcelona, e registrou dois recordes. O público de 63.501 pagantes foi o maior do campeonato enquanto a renda de R$ 6.948.710,00 foi a maior da história do futebol brasileiro - depois, foi superada pela bilheteria da final da Libertadores entre Atlético-MG e Olímpica, no Mineirão, de R$ 14.176.146,00.
PARADOA Copa do Mundo esfriou o mercado de contratações entre os clubes brasileiros. Como muitas empresas têm direcionado verbas de marketing para o Mundial, alguns clubes estão com dificuldades para encontrar patrocinadores. Sem dinheiro em caixa, os clubes, consequentemente, contratam pouco. É o caso do Santos, por exemplo, que tem sobrevivido de patrocinadores eventuais. "Nunca descartamos uma contratação, mas pretendemos ir com esse elenco até a Copa do Mundo", avisou o gerente de futebol Zinho. Como o Brasileiro será interrompido após a 9ª rodada, dirigentes admitem que estão esperando a Copa do Mundo para, então, irem às compras.

Avenida Tiradentes: a antiga estrada real cheia de história


Nos 1,8km de extensão, há prédios como a Estação da Luz, o mosteiro idealizado por Frei Galvão e o arco do presídio de Tiradentes

19 de abril de 2014 | 17h 11

Edison Veiga - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - A avenida homenageia Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Independência que viveu de 1746 a 1792. Mas o caminho já existia antes de o personagem histórico ter nascido. Era chamado de "estrada real de Guarepe", ou "Guaré", nome de um pequeno rio que corria na região.
Avenida tem 1,8km e liga a Estação da Luz a Marginal do Tietê - SEGIO CASTRO/ ESTADÃO
SEGIO CASTRO/ ESTADÃO
Avenida tem 1,8km e liga a Estação da Luz a Marginal do Tietê
"Nesse local ocorria criação de gado. Um pouco mais ao norte, havia um pouso de tropeiros", pontua o historiador e arquiteto Benedito Lima de Toledo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).
No século 18, a avenida começou a ficar mais movimentada. Foi ali o local escolhido pelo religioso franciscano Antônio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão (1739- 1822), para erguer um convento, chamado de Mosteiro da Luz. Frei Galvão atuou como arquiteto, mestre de obras, pedreiro e carpinteiro - ele assumiu o trabalho braçal ao lado dos escravos cedidos por famílias nobres para a construção. A técnica aplicada, a taipa de pilão, era comum na época.
Seus dotes de arquiteto resultaram em uma percepção da importância que o caminho, hoje avenida, teria para a cidade. Conforme assinala Toledo no livro Frei Galvão: Arquiteto (Ateliê Editorial), Frei Galvão alterou, durante a obra, a entrada da capela, originalmente com a face voltada para o sul. Foi uma previsão acertada de que a região onde hoje está a avenida seria movimentada. Então, criou novo frontispício, e a face principal da igreja passou a ser daquele lado. É por isso que o altar, cuja disposição original foi mantida, está à esquerda de quem entra - e não à frente, como de praxe.
Ali, antes existia uma ermida, construída em homenagem a Nossa Senhora da Luz, no início do século 17. "As obras para o novo templo devemos a Frei Galvão, que nessa empresa levou 48 anos até sua morte, em 1822. As obras foram iniciadas a 2 de fevereiro de 1774", conclui Toledo.
Acredita-se que a largura da via, excepcional para os padrões da época, seja um sinal da efervescência comercial da região. "Ali ocorriam habitualmente as chamadas ‘ferias de Pilatos’, como era conhecido o governador de São Paulo Melo Castro e Mendonça", pontua o arquiteto e historiador.
Documentos do Arquivo Histórico Municipal mostram que o caminho passou a ser chamado de Tiradentes em 1916. O batismo veio após a obra - a avenida, já com traçado semelhante ao atual, foi construída na gestão do primeiro prefeito de São Paulo, conselheiro Antonio da Silva Prado (1840-1929), que ocupou o cargo de 1899 a 1911.
É pequena, com apenas 1,8 km de extensão. Mas fundamental. Ali estão três estações do Metrô (Luz, Tiradentes e Armênia) e marcos históricos e culturais como a Pinacoteca do Estado, o Jardim da Luz, a Praça Coronel Fernando Prestes, o Museu de Arte Sacra e o já citado Mosteiro da Luz.
E para não dizer que Tiradentes, que era dentista, não está representado, a unidade do Centro Universitário Senac localizada na avenida conta com uma clínica odontológica que atende 600 pacientes por mês. A clínica existe desde 2003.
Marcos. Na Avenida Tiradentes funcionou, por mais de 60 anos, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - que quando foi transferida à Cidade Universitária, no Butantã, deu lugar a uma unidade da Faculdade de Tecnologia (Fatec).
Também são históricos o prédio-sede da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e o arco remanescente do Presídio Tiradentes. Este funcionou de 1852 a 1972. Durante a Era Vargas, abrigou presos políticos como o escritor Monteiro Lobato (1882-1948). O mesmo aconteceu na ditadura militar, quando até a atual presidente Dilma Rousseff esteve presa ali. O presídio foi demolido em 1985, mas o portal foi preservado "pelo valor simbólico que representa na luta contra o arbítrio e a violência institucionalizadas em nosso País em passado recente", conforme parecer do Condephaat, órgão estadual de proteção ao patrimônio.