segunda-feira, 7 de julho de 2025

Congresso mimado por penduricalhos, Lygia Maria, FSP

 A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) foi criticada nas redes sociais por contratar maquiadores como assessores parlamentares. Na Justiça, uma juíza federal deu 20 dias para que ela explique a contratação de uma empresa de segurança que possuiria atuação e registro nebulosos.


Hilton se diz perseguida por ser trans, o que não passa de ad hominem. Escrutinar o uso de dinheiro público é função básica da imprensa, e o mau uso desse dinheiro por políticos no Brasil é histórico, independentemente de identidade de gênero ou partido.

0
Ronaldo Hass maqueia a deputada Erika Hilton - Reprodução/Instagram

Em março, o STF homologou acordo entre o deputado federal André Janones (Avante-MG) e a PGR, no qual ele admite ter cometido peculato —no caso, utilizar cartão de crédito de um assessor para despesas pessoais— e aceita pagar multa para evitar um processo criminal.

Por prática semelhante (a tal "rachadinha"), quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi denunciado, mas o processo foi arquivado. Em 2020, a Folha revelou indícios de que o mesmo crime pode ter sido cometido por Jair Bolsonaro (PL), durante seu mandato na Câmara.
Contudo, à parte a notória má índole de parlamentares, há um problema estrutural. O Brasil gasta muito com o Legislativo, ao encher congressistas de mimos, além de salários já elevados para a realidade nacional.

Em pesquisa de 2022 que envolveu universidades americanas e a UnB e avaliou 33 países, nosso Congresso foi o segundo mais caro em números absolutos, com orçamento de US$ 2,98 bilhões, perdendo apenas para os EUA (US$ 4,73 bilhões). Mas o montante brasileiro corresponde a 0,15% do PIB, enquanto o americano é de 0,02% do PIB.

O gasto com cada congressista no Brasil representa 528 vezes a renda média dos cidadãos, o maior do ranking. Em segundo lugar está a Argentina (228 vezes).

Dada a carência da maioria da população, além do serviço débil prestado pelo Legislativo aqui, nada justifica essa montanha de verbas, assessores e penduricalhos. Precisamos de um Congresso austero, não perdulário.


Nenhum comentário: