Ele vive soja há 60 anos. Começou no ano de 1965, quando a produtividade da oleaginosa era de apenas 11 sacas por hectare, e o Brasil ainda semeava variedades americanas. Pensar que o cerrado viria a ser um grande produtor estava fora de qualquer propósito.
Aos poucos, o país vem ampliando os resultados obtidos, mas o cientista Tuneo Sediyama, com sua longa experiência no setor, afirma que o Brasil atingirá 300 sacas por hectare. Quando? Isso vai depender da conjugação de uma série de fatores, mas pode não demorar muito, afirma.
O país já atingiu a média nacional de 60 sacas por hectare, com produtividade de 100 sacas em áreas com manejos mais adequados. Em alguns experimentos, como o desafio do Cesb (Comitê Estratégico Soja Brasil), onde há uma disputa entre produtores para ver quem produz mais, o volume já chegou a 144 sacas por hectare em pequenas áreas.
Com atuação na área de genética e de melhoramento, Sediyama, que já desenvolveu mais de uma centena de variedades de soja, afirma que "é apenas um passo para a obtenção das 300 sacas".
Proteômica, genômica, estudos avançados de bioquímica, fisiologia, nutrição, fixação biológica e uso de biorreguladores vão levar a essa produtividade. "Será surpreendente."
Para atingir uma produtividade maior, Sediyama recomenda várias ações no setor. Entre elas, manejo mais adequado, aumento da matéria orgânica, fertilizantes alternativos e de menor custo, biorreguladores mais eficazes, variedades com maior tolerância climática, novas tecnologias de proteção ao ambiente e intensificação no uso de drones, robótica e inteligência artificial.
O cientista fez essas projeções no 10º Congresso de Soja da Embrapa, que se realiza em Campinas (SP). Além dele, outros pesquisadores pioneiros no desenvolvimento da soja no Brasil avaliaram a evolução do setor nesses 50 anos da Embrapa Soja e do centenário da oleaginosa no Brasil.
Romeu Afonso de Souza Kiihl, diz que, olhando a evolução da soja no país, houve grande melhoria, e que o futuro ainda vai apontar boas oportunidades. "Hoje as ferramentas disponíveis são muito poderosas."
Sediyama diz que os desafios para os produtores agora são a incerteza dos preços, a variação climática e o custo alta de produção. No futuro, no entanto, haverá aumento da comercialização, tanto pela demanda humana como pela animal, e maior produtividade com redução de custos.
Rodolfo Rossi, da associação argentina ACSoja, diz que a dificuldade até agora na Argentina foi o melhoramento genético. Ele também vê boas possibilidades para a soja no futuro, mas a política pública dificulta investimentos. Inibe a produção e a sustentabilidade." De cada saca que o produtor produz, uma fica como o governo."
Para Gerardo Bartolomé, do grupo Dom Mario, a expansão no futuro virá pela genética, com variedades com alto potencial e maior produtividade.
Geraldo Berger, da Bayer, diz que o avanço da soja no futuro virá da biotecnologia, melhoramento genético e edição gênica.
Era da incerteza O mundo vive período de mudanças, e as agências internacionais perdem o protagonismo, segundo Guilherme Bastos, coordenador do Centro de Estudos em Agronegócios da FGV.
Tarifas Segundo Bastos, não há espaço para a solução das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil no período estabelecido. Além disso, não é um problema só do Brasil, mas do mundo todo.
Tarifas 2 As maiores preocupações são com produtos mais perecíveis, como pescados e frutas, como a manga. Os embarques já não ocorrem e vai ser um processo doloroso, afirma.
O jornalista viajou a Campinas a convite da Embrapa
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