Aeroportos são, para quem chega com fome, prisões. Ou algo um pouco pior, pois no cárcere literal as refeições são gratuitas.
Neles, o passageiro faminto se encontra trancado num complexo dominado por um consórcio de fornecedores de comida ruim e cara.
Sabendo que ao viajante não se dá chances de fuga, os comerciantes praticam superfaturamento igualitário. Um café com um salgado sai pelo preço de uma refeição completa numa lanchonete localizada fora do aeroporto.
Também não é necessário se preocupar com a qualidade do rango –visto que a vítima, digo o cliente, vai traçar qualquer lavagem que lhe for oferecida. Isso é especialmente verdadeiro quando se trata de voos domésticos que partem na hora do almoço ou do jantar.
Não se trata de um fenômeno exclusivamente brasileiro.
Acabo de voltar da Cidade do México, em cujo aeroporto um sanduíche frio de queijo, tomate e alface custava o equivalente a R$ 64.
Aliás, o aeroporto com fama de ser o mais caro do mundo fica em Istambul, Turquia. Lá, uma água mineral sai por R$ 36. Num croissant com presunto e queijo, morrem mais de R$ 107.
Há as salas VIP, mantidas por bancos e operadoras de cartão. São um exemplo cruel da segregação social aeroportuária. Como ocorre com os impostos no Brasil, os ricos têm tudo de graça enquanto a plebe estoura o limite do crédito numa esfirra seca.
Mas não se preocupe, companheiro trabalhador: a comida dessas salas também é uma porcaria. Parece mesa de "coffee break" daquelas conferências que duram um dia inteiro.
No Brasil, comida de aeroporto por excelência é o pão de queijo. Esta será, portanto a receita da vez.
Com todo respeito e admiração pelos mineiros, escolhi uma versão bem paulistana do pão de queijo –aquela servida no couvert das churrascarias tradicionais da cidade.
Ela leva apenas polvilho doce, o que resulta numa textura mais macia e elástica. O maior diferencial, entretanto, é a quantidade surreal de queijo –mais que o dobro do polvilho. Mesmo assim, sai mais em conta do que aquela desgraça que vendem nos aeroportos.
PÃO DE QUEIJO DE CHURRASCARIA
Rendimento: 8 pães de queijo de 100 g cada
Dificuldade: fácil
Tempo de preparo: 30 a 40 minutos
Ingredientes
- 500 g de queijo minas
- 200 g de polvilho doce
- 1 colher (chá) de sal
- 2 colheres (chá) de açúcar
- 1 colher (café) de fermento químico
- 15 g de manteiga derretida
- 1 ovo
- 50 ml de leite
Modo de fazer
- Rale o queijo nos buracos grossos do ralador. Eu usei uma mistura de meia cura (sabor intenso) e minas padrão (derrete melhor).
- Misture os ingredientes secos numa bacia –esta é uma receita em que a balança de cozinha, coisa muito barata, ajuda demais. Junte a eles o queijo ralado.
- Adicione o ovo e a manteiga. Despeje o leite aos poucos, enquanto mistura tudo com as mãos. O leite vai dar a liga na massa, e sua quantidade depende da umidade dos queijos (quanto mais curado, mais seco). Continue até obter uma massa compacta e uniforme.
- Aqueça a air fryer a 200 ºC. Faça bolas de 100 g, o ideal para rechear.
- Asse até ficar dourado por fora e cozido por dentro, entre 10 e 15 minutos. Sirva puro ou com o recheio de sua preferência (eu gosto com linguiça e mais queijo).
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