O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (24) a criação de uma força-tarefa para investigar acusações não comprovadas de Donald Trump contra Barack Obama e seus assessores. Os alvos, na argumentação do departamento, teriam ordenado uma investigação sobre os vínculos da campanha de Trump em 2016 com a Rússia com o objetivo de destruí-lo.
O anúncio, feito por meio de um comunicado ambíguo e superficial no site do departamento, representou uma continuação da campanha de retaliação de Trump. Também marcou mais uma tentativa do presidente de desviar o foco do caso Jeffrey Epstein, voltando suas acusações contra Obama, cuja Presidência desencadeou uma onda de reação conservadora que ajudou a transformar Trump de figura cômica em força política dominante.
A medida veio horas depois de Tulsi Gabbard, diretora de Inteligência Nacional, intensificar seus ataques contra Obama, divulgando um documento que, segundo ela, enfraquece a conclusão das agências de inteligência de que a Rússia favoreceu a eleição de Trump em 2016.
Gabbard afirmou que, após a eleição do republicano, Obama ordenou uma análise de inteligência sob "diretivas incomuns". Para ela, a avaliação se baseia em fontes pouco claras ou desconhecidas. A jornalistas, ela acusou autoridades do governo Obama de liderarem uma "conspiração golpista e traiçoeira" de anos contra Trump.
Ao ser questionada se considerava que Obama cometeu crimes, Gabbard disse que havia encaminhado documentos ao FBI. "As evidências que encontramos e divulgamos apontam diretamente para o presidente Obama como líder na fabricação dessa avaliação de inteligência", afirmou.
Os documentos divulgados por Gabbard, tanto nesta quarta-feira (23) quanto na semana passada, mostram que autoridades do governo Obama queriam concluir uma revisão antes do fim do mandato e pressionaram as agências de inteligência para que agissem rapidamente, mas não há provas de comportamento criminoso.
O documento divulgado nesta quarta é um relatório originalmente redigido em 2017 pelo Comitê de Inteligência da Câmara, quando era controlado pelos republicanos. O relatório contestava a conclusão de dezembro de 2016 de que o presidente Vladimir Putin, da Rússia, havia favorecido Trump.
Apenas parlamentares republicanos participaram da redação do relatório de 2017 e de suas revisões em 2020.
O novo material traz algumas informações interessantes sobre como se desenvolveu a revisão das atividades russas pelas agências de espionagem americanas e sobre o debate em torno das avaliações. No entanto, nenhuma das informações altera a conclusão fundamental de que a Rússia interferiu nas eleições e de que Putin esperava prejudicar Hillary Clinton, a candidata democrata.
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