A proverbial sorte de Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar. O cenário que se desenhava para sua reeleição em 2026 era desafiador. A popularidade da administração vinha em queda e não se via no horizonte nenhum projeto que poderia converter-se em marca eleitoral muito poderosa.
Não dava, é claro, para considerar Lula carta fora do baralho. Incumbentes, salvo raras exceções, costumam ser candidatos pelo menos competitivos. A situação do petista, contudo, estava longe de confortável.
Foi nesse contexto que ele ganhou de Donald Trump o tarifaço, que tem potencial de tornar-se um ótimo mote de campanha. Lula, porém, precisará jogar com habilidade. Ondas de popularidade nacionalista provocadas por "inimigos comuns", que em ciência política levam o nome de efeito "rally ‘round the flag", costumam ser passageiras.
Se o pleito fosse em semanas, ele estaria com a vida ganha, mas o encontro do eleitor com as urnas só ocorrerá dentro de um ano e três meses. É tempo suficiente para a popularidade subir e murchar.
Para evitar isso, Lula poderia ver-se tentado a perenizar a contenda com Trump, mas essa é uma aposta de alto risco. Não porque opor-se ao Agente Laranja faça mal. Já há uma pequena lista de líderes mundiais que foram eleitos justamente por contrapor-se a Trump.
O problema de Lula é que, se as tarifas punitivas contra o Brasil forem de fato implementadas, elas produzirão efeitos econômicos que não beneficiam o candidato incumbente. O principal deles é a inflação (pela via do câmbio), que Lula já experimentou na própria pele.
O melhor cenário para o petista seria agora encetar negociações com os EUA e obter da Casa Branca algum tipo de recuo ou alívio nas tarifas, que ele pudesse vender como uma vitória.
O melhor cenário para o Brasil seria os principais pré-candidatos de direita se darem conta do caráter tóxico de Jair Bolsonaro e decidirem de comum acordo livrar-se de sua tutela, afastando um pouco o país do extremismo anti-institucional. Difícil que aconteça.
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