Convido o leitor a uma reflexão que envolve responder a uma questão singela: qual deve ser a prioridade? Combater a miséria ou a desigualdade? Por trás dessa pergunta há nuances críticas envolvidas. Por que o tema é chave?
Em particular, porque a política de valorização do salário mínimo (SM) melhora a distribuição de renda medida pelo Índice de Gini, mas tem custos fiscais enormes, e, em matéria de combate à miséria, implica gastar dezenas de bilhões de reais para nada.
Pensemos em três situações que tendem a contrariar o senso comum.
Situação A
Imaginemos um prédio com cem pessoas, sendo 10 ricas e 90 pobres. Num determinado ano, os ricos perdem 10% de sua renda; e os pobres, 5%.
O que aconteceu com a distribuição de renda? Melhorou. O que ocorreu com os pobres? Sua situação piorou.
Situação B
Novamente, imaginemos um prédio com cem moradores, neste caso todos com a mesma renda. Num ano, um deles ganha na loteria, cujo prêmio, aplicado, passa a render uma boa renda na forma de juros.
O que aconteceu com a distribuição de renda? Piorou.
O que aconteceu com as pessoas que não ganharam na loteria? Nada: sua vida não mudou rigorosamente nada.
Situação C
Caso da China. Em 1970, era um país no qual a maioria da população tinha uma renda paupérrima, com uma distribuição de renda bastante homogênea. Mais de 50 anos depois, o país é uma potência, com muitos milionários e uma classe média pujante.
O que aconteceu com a distribuição de renda? Piorou muito – mas todos os chineses melhoraram de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário