O "estatismo" diz que nossas vidas deveriam ser dirigidas, ajudadas, seguradas, garantidas, reguladas, geridas, restringidas, tributadas, recrutadas, executadas, induzidas pelo Estado. O estatismo de antigamente não se preocupava com o "deveriam". Simplesmente eram. Acostumem-se com isso. Seu rei, mestre ou marido lhe dizia o que devia fazer e tinha o chicote para se impor. A hierarquia foi feita para parecer "natural". Assim como o pai era o senhor coercitivo da casa, o rei era o pai da nação.
O estatismo moderno propõe outra teoria, qual seja, que como você vota ocasionalmente nos seus mestres no Palácio da Alvorada ou no Congresso Nacional, deve ter concordado em ser dominado pela "vontade geral". No entanto, cada um de nós tem vontades altamente individuais, como a vontade de abrir uma mercearia em Pirituba ou a vontade de comprar um carro japonês ou a vontade de amar seu marido. Vontades verdadeiramente gerais são cada vez mais raras, embora desde Jean-Jacques Rousseau sejam um mito poderoso para justificar a ampliação do poder do Estado. Infinitamente.
O oposto do estatismo é o liberalismo, que diz que você pode fazer o que quiser, desde que isso não coaja diretamente outra pessoa. Você não pode roubar sua vizinha sob a mira de uma arma. Mas pode negociar com ela tudo o que quiser –independentemente de uma suposta vontade geral de punir os homossexuais, de invadir o Paraguai ou de impedir a importação de carros japoneses.
O liberalismo é uma igualdade de permissão, não de renda ou oportunidade. Sob o liberalismo, todo mundo tem o mesmo direito de entrar na corrida da vida. Mas não temos o direito de cruzar a linha de chegada ao mesmo tempo que todos os outros, que é a promessa irreal do socialismo europeu que Rousseau inspirou. Numa família ou grupo de amigos, sim, essa igualdade na linha de chegada funciona muito bem. Mas não num país de 215 milhões de habitantes, nem mesmo em Pirituba. Na prática, você também não tem o direito de começar na mesma linha de partida. Uma criança guarani não começa com as mesmas oportunidades que o filho de um sócio do Anhembi Tênis Clube.
Mas agora podemos deixar qualquer um participar da corrida. É verdade, diz Eclesiastes na Bíblia, que o tempo e o acaso intervêm. No entanto, a igualdade de permissão dignifica e enriquece a todos nós, altos e baixos, ricos e pobres.
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