terça-feira, 7 de novembro de 2023

Haddad ganha tempo para mostrar que tentou e não conseguiu, FSP

 


Alexa Salomão
Alexa Salomão

Escreve sobre economia, finanças, negócios e meio ambiente

BRASÍLIA

O ministro Fernando Haddad pediu e ganhou do presidente Lula uma extensão de prazo até o primeiro trimestre de 2024 para conseguir algo entre R$ 85 bilhões e R$ 120 bilhões —o número varia a depender das expectativas— para fechar a meta de resultado primário no zero conforme prometeu. Essa é a versão. O fato: Haddad ganhou tempo para mostrar que tentou, mas não conseguiu.

Uma fonte antiga sempre me lembra que, em economia, existe o provável e o possível. É provável reunir tal quantia, mas é quase impossível —e até o mais jovem estagiário da Faria Lima sabe disso. Mas não importa. Manter a meta é validar o compromisso do ministro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula - Agustin Marcarian/Reuters - REUTERS

Meta de resultado zero obriga um contingenciamento no teto, pelas estimativas de praticamente todos os economistas que fazem conta orçamentária no país. Meta de 0,5%, que chegou a ser ventilada, idem. A meta defendida por parte do PT, 0,75%, teria contingenciamento de R$ 40 bilhões.

Lula cede não pela economia, mas pela política. Suas falas estavam sendo interpretadas por quase todo mundo fora do governo como uma derrota de Haddad para a chamada ala politica. Dentro do governo muita gente via o inverso. O presidente quis poupar o ministro da Fazenda do desgaste de ter de rever a meta. O presidente chamou para si a responsabilidade. Não deu certo.

O governo também se enrolou no tamanho do rombo. Deixou circular a versão do déficit de 0,5%, que em nada mudava a situação. Se alterasse agora para esse percentual, seria obrigado a revê-lo novamente em março. O desgaste para Haddad seria duplo.

PUBLICIDADE

Lula não mudou. Não quer e não fará o contingenciamento. Apenas concordou em adiar novamente o debate para março. Agora, o governo corta gastos ou revê a meta até o início do ano que vem. Essa não é uma discussão ideológica; é matemática, diante da determinação do presidente. Fosse outra a orientação de Lula, a discussão seria diferente.

Nenhum comentário: