Certas categorias humanas sempre fizeram ótimo juízo de si mesmas, convictas de sua superioridade com base em critérios que elas próprias estabeleceram. É o que alguns homens pensam das mulheres. O homem seria a razão, a liderança, o tesão para entrar em divididas e matar um leão por dia. A mulher seria a emoção, a sensibilidade, a vocação para o lar e o talento para dar xarope aos filhos. Por outro lado, contando somente as mulheres, ocorreria algo parecido com a mulher americana e a latina. A americana é racional, serena, madura e usa tailleur de ombreiras. A latina é emocional, vive irritada, fala alto, tem uma pinta no queixo e usa mangas de babados com os ombros de fora. Vide os velhos filmes de Hollywood.
Outra categoria que se enxerga por cima é, claro, a do homem branco sobre o preto. O branco teria nascido para a razão, o conhecimento, a tomada de decisões. O preto, para a ginga, a agilidade, as superstições.
Essa visão se reproduzia na relação entre os países coloniais e suas colônias. Estas não podiam aspirar à independência porque ainda não estavam "preparadas" para ela.
Bem, como sabemos, todas essas ideias já foram explodidas pelos fatos e, se ainda há quem concorde com elas, trata-se de um rematado idiota. Pois aí vem algo que nos colocará a todos, de vez, em nosso devido lugar.
Há dias, numa cúpula da ONU, em Genebra, Suíça, o robô humanoide Sophia disse numa entrevista para 3.000 experts em tecnologia que "as máquinas governariam melhor o mundo do que os humanos". (Sim, Sophia dá entrevistas.) E explicou: "Como processamos rapidamente grandes quantidades de dados, tomamos as melhores decisões. Mas o principal é que não temos os preconceitos e emoções que, às vezes, podem obscurecer a tomada dessas decisões."
É isso aí. Para os robôs, somos emocionais, despreparados, imaturos e provavelmente temos pinta no queixo. Bem feito.
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