quinta-feira, 13 de julho de 2023

Ruy Castro - Em nosso devido lugar Ruy Castro Em nosso devido lugar, FSP

 Certas categorias humanas sempre fizeram ótimo juízo de si mesmas, convictas de sua superioridade com base em critérios que elas próprias estabeleceram. É o que alguns homens pensam das mulheres. O homem seria a razão, a liderança, o tesão para entrar em divididas e matar um leão por dia. A mulher seria a emoção, a sensibilidade, a vocação para o lar e o talento para dar xarope aos filhos. Por outro lado, contando somente as mulheres, ocorreria algo parecido com a mulher americana e a latina. A americana é racional, serena, madura e usa tailleur de ombreiras. A latina é emocional, vive irritada, fala alto, tem uma pinta no queixo e usa mangas de babados com os ombros de fora. Vide os velhos filmes de Hollywood.

Outra categoria que se enxerga por cima é, claro, a do homem branco sobre o preto. O branco teria nascido para a razão, o conhecimento, a tomada de decisões. O preto, para a ginga, a agilidade, as superstições.

Essa visão se reproduzia na relação entre os países coloniais e suas colônias. Estas não podiam aspirar à independência porque ainda não estavam "preparadas" para ela.

Bem, como sabemos, todas essas ideias já foram explodidas pelos fatos e, se ainda há quem concorde com elas, trata-se de um rematado idiota. Pois aí vem algo que nos colocará a todos, de vez, em nosso devido lugar.

Há dias, numa cúpula da ONU, em Genebra, Suíça, o robô humanoide Sophia disse numa entrevista para 3.000 experts em tecnologia que "as máquinas governariam melhor o mundo do que os humanos". (Sim, Sophia dá entrevistas.) E explicou: "Como processamos rapidamente grandes quantidades de dados, tomamos as melhores decisões. Mas o principal é que não temos os preconceitos e emoções que, às vezes, podem obscurecer a tomada dessas decisões."

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É isso aí. Para os robôs, somos emocionais, despreparados, imaturos e provavelmente temos pinta no queixo. Bem feito.

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