quinta-feira, 27 de julho de 2023

ESTADÃO / ECONOMIA / NEGÓCIOS Brasil começa a exportar ‘lítio verde’ e atrai multinacionais para o Vale do Jequitinhonha

 O mercado global de carros elétricos, previsto para atingir venda anual de 40 milhões a 50 milhões de unidades em 2030, tornou o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, um grande atrativo para multinacionais de extração de lítio, minério essencial para as baterias e hoje já chamado de “ouro branco” por causa da alta demanda. Além da abundância do mineral, a região tem se destacado com apelo que chama a atenção de investidores – o de fornecer lítio verde, produzido de forma mais sustentável em relação a fabricantes tradicionais de outros países.

O marketing foi inaugurado pela Sigma Lithium, empresa criada no Brasil, registrada no Canadá, inscrita na bolsa americana Nasdaq e que nesta semana entrou para a B3. O grupo iniciou operações comerciais em abril nas cidades de Araçuaí e Itinga com investimentos de R$ 3 bilhões e se prepara para novo aporte de R$ 400 milhões para ampliar a produção.

Mina de Lítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, da mineradora Sigma Lithium
Mina de Lítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, da mineradora Sigma Lithium Foto: TABA BENEDICTO

Mais três grandes mineradoras internacionais estão se instalando no Vale do Jequitinhonha – a americana Atlas, a australiana Latin Resources e a canadense Lithium Ionic, todas com projetos de produção sustentável, na linha do que faz a Sigma. Outra australiana, a Si6 Metals, adquiriu neste mês 50% da Foxfire, empresa brasileira que comercializa áreas de mineração e detém ativos na região e em outros Estados. As gigantes Rio Tinto e Vale também avaliam projetos na região.

As duas empresas que já atuam na mineração de lítio em Minas Gerais, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Brasil, têm programas de ampliação para também disputar o mercado de baterias automotivas.

O Ministério de Minas e Energia (MME) calcula que a produção de lítio e seus derivados pode receber investimentos de cerca de R$ 15 bilhões até 2030 apenas no Vale do Jequitinhonha. A região concentra 85% do lítio já identificado no País e vem sendo chamada de “vale de lítio” – área que envolve 14 municípios.

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“Nós desmitificamos o risco de realizar investimentos em processos verdes na indústria do lítio”, diz a CEO da Sigma, Ana Cabral Gardner.

Os argumentos para a produção sustentável são o não uso de produtos químicos nocivos no processo produtivo, inexistência de barragens e reaproveitamento de 100% da água contaminada retirada do Rio Jequitinhonha e tratada na mina. Um grande diferencial em relação à maioria das mineradoras em outras partes do mundo é a disponibilidade da energia 100% renovável.

Além do lítio processado (pré-químico), que teve seu primeiro lote de 15 mil toneladas embarcados para a China nesta quinta-feira, 27, a Sigma exportou outras 15 mil toneladas de rejeitos do processamento para o mesmo importador, a empresa Yahua, que por sua vez transforma o insumo em hidróxido de lítio para grandes fabricantes de baterias, como a LG e CATL. O mineral brasileiro estará em automóveis de marcas como Tesla, Volkswagen, Ford e General Motors.

Mina de llítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, da mineradora Sigma Lithium
Mina de llítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, da mineradora Sigma Lithium  Foto: TABA BENEDICTO

“Como não utilizamos químicos nocivos, nossos rejeitos são valiosos pois têm os mesmos metais do produto principal, em concentração bem menor, mas que são reaproveitados para a própria produção de baterias”, explica Ana Cabral, que tem acordo de exportar 300 mil toneladas de rejeito em três anos. A parte que fica de sobras de rochas é usada para recapeamento de estradas de terra da região, em parceria com as prefeituras.

Para completar o status de zero carbono, a Sigma adquire créditos da Amazônia para compensar, por exemplo, emissões do diesel usado nos caminhões de transporte e material químico dos explosivos. “A Sigma não é uma mineradora, é uma planta industrial em escala mundial que multiplica o preço do seu lítio”, afirma Ana Cabral.

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Por ser um mineral de alta concentração e ser processado de forma considerada mais sustentável, seu preço de mercado é bem superior aos de muitos fabricantes, chegando a US$ 4 mil por tonelada. Nesse ano, o grupo espera processar 130 mil toneladas de minério, volume que, anualizado, chegará a 277 mil toneladas operando com uma cava. Beneficiado, o lítio será usado em baterias de 360 mil veículos.

Jazidas de Lítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, explorado pela mineradora Sigma Lithium
Jazidas de Lítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, explorado pela mineradora Sigma Lithium Foto: TABA BENEDICTO

Com duas novas cavas que devem entrar em operação a partir de 2024, o volume beneficiado será suficiente para mais de 1 milhão de automóveis. “Há um estudo para uma quarta planta em 2025 e, se as análises indicarem sua viabilidade, vamos aumentar o tamanho do investimento em cerca de R$ 400 milhões”, informa a executiva.

Conflitos

Mesmo com seu “selo verde” reconhecido pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o projeto da Sigma tem algumas restrições. “O princípio de ter uma mina de 2 quilômetros com 400 metros de profundidade a céu aberto contradiz o discurso de sustentabilidade”, afirma o geógrafo e professor do Instituto de Geociências do Departamento de Geologia da UFMG, Klemens Augustinus Laschefski. “É uma movimentação muito grande de terra para obter 6% de lítio do material que retiram da mina.”

Alemão que vive no Brasil desde 1999, ele é pesquisador de temas ligados ao meio ambiente e acompanha projetos de desenvolvimento de minas no Vale do Jequitinhonha. “Mapeamos conflitos ambientais que envolvem comunidades afetadas por grandes empreendimentos”, explica. Um dos receios é que o avanço das minas da Sigma e de outras empresas provoque a destruição ou expulsão de comunidades tradicionais como quilombolas, ribeirinhos e indígenas.

Lítio após processo de britagem pronto para comercialização
Lítio após processo de britagem pronto para comercialização  Foto: TABA BENEDICTO

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Poeira, barulho e rachaduras em casas também são reclamações de moradores do bairro mais próximo à mina da Sigma em Itinga, chamado de Piauí Poço Dantas. José Uelton Gomes de Jesus, de 23 anos, reclama principalmente da poeira e do barulho causados pelas máquinas de perfuração, em especial no período noturno.

“Acabou nosso sossego, não conseguimos mais dormir à noite; a cabeça fica tinindo”, diz ele, que tem duas irmãs que trabalham na Sigma. Por outro lado, ele elogia a melhora das ruas de terra, que receberam cascalhos, a instalação de caixas de água nas casas e a entrega de cestas básicas feitas pela empresa.

“A poeira é demais, ninguém mais aguenta”, emenda Rogério Alves Santos, de 48 anos. A vizinha Maura Ribeiro dos Santos, de 56 anos, mostra rachaduras na parede de sua casa com reboco à mostra que podem ter sido causadas pelos tremores provocados pelas explosões feitas na perfuração da terra. “Minha mãe, de 96 anos, sofre muito com a poeira à noite”, conta ela, que também tem dois filhos contratados pela empresa.

Moradora diz que há rachaduras na casa por causa da mina
Moradora diz que há rachaduras na casa por causa da mina Foto: TABA BENEDICTO

Ana Cabral afirma que a empresa trabalha para reduzir esses problemas. Sistemas de ré que apitam durante as manobras dos caminhões à noite foram desligados. O grupo utiliza uma tecnologia orgânica que usa polímeros e aramado para gramar a terra amontoada das escavações e parte da água que sobra do processo industrial é borrifada nas estradas por caminhões pipa.

A Sigma também tem um sistema eletrônico que controla as explosões, fazendo com que as vibrações de solo sejam reduzidas em 50%, além de emitir metade da emissão de carbono. Após reclamações, a empresa instalou um sismógrafo digital no centro do Poço Dantas para medir a vibração em cada explosão. “É impossível, pelas leis da física, que a vibração tenha causado as rachaduras das casas”, diz a executiva.

Em maio, após recomendação do Ministério Público de Minas Gerais, a licença de pesquisa para exploração mineral em uma região de Araçuaí chamada de Chapada do Lagoão foi suspensa. A alegação era que se tratava de território de preservação ambiental e hídrica. A Sigma suspendeu o processo e não pretende voltar à essa área.

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Samira Rezende Trindade, titular da segunda Promotoria de Justiça em Araçuaí e coordenadora da Cimos (Coordenadoria de Inclusão e Mobilizações Sociais do Vale do Jequitinhonha, que engloba mais de 50 municípios), informa que, embora a Sigma tenha acatado a medida, há outra mineradora explorando a Chapada do Lagoão há mais tempo, mas o tema está sendo tratado pela Câmara Temática de Mineração em Belo Horizonte.

A ação que ela trabalha agora envolve a comunidade de Piauí Poço Dantas para mitigar os problemas que os moradores relataram e que, segundo ela, foram comprovados. Ela também cita alta de preços de aluguéis que inviabilizam estudantes de áreas rurais morarem próximo à escola técnica local e aumento da criminalidade e do tráfico de drogas.

“Estamos preparando um documento, junto com os moradores, com propostas de alternativas para mitigar os problemas sociais causados com a vinda da empresa, principalmente para populações mais vulneráveis, e será entregue nos próximos dias”, diz Samira. “É uma tentativa de solução extra judicial da empresa com o MP.”

Oportunidades

Para Ricardo Matos, sócio da KPMG na área da mineração, é inegável que o impacto da atividade é alto, mas ele avalia que as empresas aprenderam muito nos últimos anos, inclusive após os acidentes de Mariana Brumadinho, e estão adotando programas e tecnologias para evitar problemas ambientais e sociais. “Percebo uma preocupação grande do setor em fazer mineração da forma mais sustentável possível.”

Ele acredita que as novas empresas que começam a atuar na extração de lítio ou de outros minerais estratégicos que serão necessários para as baterias de carros elétricos, vão gerar novas oportunidades para o Brasil, empregos, renda e desenvolvimento econômico, principalmente no Vale do Jequitinhonha, historicamente com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo do que a média de outras regiões de Minas Gerais, “É uma oportunidade que não podemos perder no processo de descarbonização.”

Matos ressalta que há uma corrida global pelo lítio e vai ganhar a competição países produtores que tiverem, além dos recursos minerais, estabilidade econômica e política, mão de obra qualificada e oferecer segurança jurídica. “O setor deve aumentar muito seus investimentos e isso terá retornos para a sociedade.”

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Um pouco desse retorno já é possível verificar em Araçuaí, cidade de 34 mil habitantes (segundo o último Censo), que espera ver seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer 47%, para R$ 497 milhões no primeiro ano de atividades da Sigma em razão de novas atividades econômicas e dos royalties que a empresa começará a pagar no início de agosto. A vizinha Itinga, com 13,8 mil habitantes, prevê alta de 135% no PIB, para R$ 278 milhões. O grupo vai empregar diretamente 1 mil funcionários.

Um novo hotel está em construção em Araçuaí e outros dois estão sendo ampliados, além de novos restaurantes e posto de combustíveis. “Está faltando mão de obra”, diz Maurício Martins Andrade, proprietário do hotel Village. “Minha filha que mora no Canadá há cinco anos está voltando com o marido para trabalhar comigo.”

Participantes de projetos sociais desenvolvidos pela Sigma também relatam melhoras nos empreendimentos. Produtor de rosas do deserto, os agricultores José Jurandir Alves e a esposa Beatriz triplicaram a plantação depois que a empresa construiu uma pequena barragem no sítio para captar água da chuva e usar na irrigação.

Agora ele está dobrando a área de plantio e diz que logo terá de contratar um ajudante. “Antes, quando eu plantava limão, precisava vender 20 quilos na feira para conseguir R$ 50; hoje consigo isso com a venda de um vaso de planta”.

Jose Jurandir Alves Esteves, de 53 anos, produtor de rosa do deserto e suculentas vai dobrar área plantada
Jose Jurandir Alves Esteves, de 53 anos, produtor de rosa do deserto e suculentas vai dobrar área plantada Foto: TABA BENEDICTO

Enquanto amassa e recheia pasteizinhos com velocidade que impressiona, Eliana Pereira dos Santos conta que vende, ente 800 e 1,5 mil salgadinhos por semana após adquirir um forno industrial com empréstimo de R$ 2 mil que conseguiu por meio de um programa de mulheres empreendedoras do qual a Sigma participa. “Antes eu tinha só um fogão de duas bocas e vendia de 50 a 200 salgadinhos por semana”.

O empréstimo, diz Eliana, teve cinco meses de carência para começar a ser pago em 12 parcelas com juro total de menos de R$ 100. Quando terminar as prestações, ela pretende pedir novo empréstimo para comprar um fogão maior.

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O coordenador de processos minerais do Centro de Tecnologia Mineral, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, Paulo Braga, também reconhece os problemas ambientais e sociais provocados pela mineração, mas acredita que as oportunidades que surgirão podem compensar. “Vai ter vários problemas, mas acho que o benefício vai ser muito maior, econômico e social, com melhoria da qualidade de vida na região, do poder aquisitivo da população, mais empregos e mais formação de pessoal.”

Quarta maior

Com as três plantas de processamento que vai operar a partir de 2024, a Sigma Lithium deve atingir capacidade de 766 mil toneladas de lítio ao ano, o que pode fazer da empresa a quarta maior produtora do mundo. Hoje, a companhia que tem valor de mercado de US$ 4 bilhões e disputa a sétima posição, após perder dois postos depois da junção de duas grandes mineradoras. “Nosso plano é ter quatro linhas rodando no futuro e nos transformar na Vale do lítio”, afirma a CEO do grupo, numa comparação com uma das maiores mineradoras do mundo.

Mina de lítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, da mineradora Sigma Lithium
Mina de lítio na cidade de Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, da mineradora Sigma Lithium  Foto: TABA BENEDICTO

Hoje, as maiores fabricantes são a americana Albermale, a chilena SQM , as australianas Pilbara e Mineral Resources, a Livent/Allkem – fusão de grupos argentino e americano/australiano – e as chinesas Tianqi e Ganfeng. No ranking de países produtores, o Brasil aparece em quinto lugar, mas muito distante dos quatro primeiros (ver quadro). Mas especialistas e fabricantes apostam no potencial de crescimento do País.

Ana Cabral também é sócia da A10 Investimentos, detentora de 47% das ações da Sigma, que tem chamado atenção de grandes grupos, como a Tesla, que já teria avaliado a compra da empresa brasileira/canadense. O grupo também tem planos de ampliar atuação e avançar na cadeia produtiva, nacionalizando a etapa que transforma o lítio em catodo, processo hoje feito na China.

Única a operar no País com alta escala de produção, a Sigma terá grandes concorrentes em dois a três anos. Uma delas, a australiana Latin Resources, espera iniciar operações em 2026. O grupo deve concluir este ano a fase de sondagem de uma área em Salinas. O licenciamento deve ser obitdo no fim de 2024 e as operações efetivas de mina e planta de processamento de lítio começarão em 2026.

O grupo deve investir inicialmente cerca de R$ 1,3 bilhão no projeto que começará com capacidade anualizada de 270 mil toneladas de concentrado de lítio e chegar em 2028 com 1 milhão de toneladas. Diferente da Sigma, que terá várias cavas, a Latin terá uma única mina que, em dez anos, deve atingir 300 metros de profundidade e 2 quilômetros de comprimento e 1 quilômetro de largura.

Mauro Lopes, gerente da empresa no Brasil, afirma que o grupo vai seguir basicamente os processos produtivos da Sigma, mas, “melhorado” em razão de ter mais tempo para aperfeiçoamento. “Nosso lítio será verde metálico”, brinca. Segundo ele, a vantagem do lítio verde é que o produto brasileiro não terá restrição entre os grandes consumidores que têm metas agressivas de descarbonização, como os Estados Unidos e Europa. “Nosso lítio vai ter mais valor pois nenhum outro país tem energia limpa como nós; a China, por exemplo, usa muito carvão”.

Lopes informa também que não há bairros ou comunidades tradicionais próximo à área. Com 15 anos de atuação no mercado de minérios, a Latin realiza atualmente sondagens para futuras plantas de lítio na AustráliaArgentina Peru. O Brasil será o primeiro país do grupo a ter uma planta de extração e mineração.

Processo de purificação do lítio
Processo de purificação do lítio Foto: Douglas Magno / AFP

A canadense Lithium Ionic deve concluir no fim do ano a pesquisa geológica e definição de reservas de espodumênio – o mineral que contem lítio – para produção de carbonato e hidróxido de lítio utilizado nas baterias nos munocípios de Itinga e Araçuaí.

O presidente da companhia, Hélio Diniz, afirma que a escala do projeto de Itinga ainda não está definida, mas deve ser de cerca de 200 mil toneladas de concentrado de lítio ao longo de 15 anos. O outro projeto prevê a produção aproximada de 50 mil toneladas durante 5 anos. “Caso as licenças ambientais e sociais sejam concedidas até meados de 2024 a produção pode ocorrer já em 2025″, afirma.

Indústria química

Diferente da Sigma e da Latin Resource, a Ionic teve de fazer a maior parte de suas explorações por minas subterrâneas. Segundo ele, essa escolha vai refletir em impacto ambiental bem menor, assim como nas comunidades locais onde a companhia já realiza projetos sociais.

Diniz ressalta que a operação também será sustentável. “Não há como ser diferente”, enfatiza. O grupo tem ações listadas na Bolsa de Toronto e no mercado secundário dos EUA, e trabalha para listar a empresa na Nasdaq ainda este ano. Diniz não revelou valores de investimentos.

Na região desde 1991 com produção de lítio em Araçuaí inicialmente voltada à indústria farmacêutica, de lubrificantes, cerâmica e nuclear, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) começou a produzir e exportar o insumo para baterias no ano passado, informa o CEO da empresa, Vinícius Alvarenga.

Segundo ele, o grupo tem também uma indústria química, em Divisa Alegre, que já adianta o processo de transformação do lítio pré químico em carbonato e hidróxido, chamada de produção integrada, fase que a Sigma, por exemplo, repassa para a China fazer. Um dos clientes da empresa é a matriz chinesa da BYD, grupo que recentemente anunciou uma fábrica de carros e caminhões elétricos na Bahia, além de baterias para veículos pesados.

Independente do método de produção, se a empresa cumpre os padrões e a regulação ambiental ela é verde

Hélio Diniz, presidente Lithium Ionic

Com produção inferior em relação a das novas empresas, CBL produz atualmente 45 mil toneladas por ano de minerais, sendo que 30 mil são exportadas. Parte vai para a planta química para ser transformada em hidróxido e apenas 1,2 mil tonelada é direcionada para baterias de veículos. “Temos planos de expansão tanto para a produção mineral quanto a química, mas como somos uma empresa de capital fechado ainda não divulgamos volumes e valores.”

A CBL também opera com minas subterrâneas que, segundo Diniz, tem a vantagem de subtrair apenas o mineral, sem movimentar rejeitos, o que ele afirma ser ambientalmente mais correto. O executivo não gosta da recente classificação de lítio verde. “Independente do método de produção, se a empresa cumpre os padrões e a regulação ambiental, ela é verde”, afirma.

A AMG, que opera fora do Vale do Jequitinhonha, não falou com a reportagem. Recentemente, o grupo anunciou investimentos de R$ 1,2 bilhão para ampliar sua produção e construir uma planta química de lítio para beneficiar o lítio, com operações previstas para 2026. A Atlas não retornou pedido de entrevista.

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