O mercado global de carros elétricos, previsto para atingir venda anual de 40 milhões a 50 milhões de unidades em 2030, tornou o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, um grande atrativo para multinacionais de extração de lítio, minério essencial para as baterias e hoje já chamado de “ouro branco” por causa da alta demanda. Além da abundância do mineral, a região tem se destacado com apelo que chama a atenção de investidores – o de fornecer lítio verde, produzido de forma mais sustentável em relação a fabricantes tradicionais de outros países.
O marketing foi inaugurado pela Sigma Lithium, empresa criada no Brasil, registrada no Canadá, inscrita na bolsa americana Nasdaq e que nesta semana entrou para a B3. O grupo iniciou operações comerciais em abril nas cidades de Araçuaí e Itinga com investimentos de R$ 3 bilhões e se prepara para novo aporte de R$ 400 milhões para ampliar a produção.
Mais três grandes mineradoras internacionais estão se instalando no Vale do Jequitinhonha – a americana Atlas, a australiana Latin Resources e a canadense Lithium Ionic, todas com projetos de produção sustentável, na linha do que faz a Sigma. Outra australiana, a Si6 Metals, adquiriu neste mês 50% da Foxfire, empresa brasileira que comercializa áreas de mineração e detém ativos na região e em outros Estados. As gigantes Rio Tinto e Vale também avaliam projetos na região.
As duas empresas que já atuam na mineração de lítio em Minas Gerais, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Brasil, têm programas de ampliação para também disputar o mercado de baterias automotivas.
O Ministério de Minas e Energia (MME) calcula que a produção de lítio e seus derivados pode receber investimentos de cerca de R$ 15 bilhões até 2030 apenas no Vale do Jequitinhonha. A região concentra 85% do lítio já identificado no País e vem sendo chamada de “vale de lítio” – área que envolve 14 municípios.
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“Nós desmitificamos o risco de realizar investimentos em processos verdes na indústria do lítio”, diz a CEO da Sigma, Ana Cabral Gardner.
Os argumentos para a produção sustentável são o não uso de produtos químicos nocivos no processo produtivo, inexistência de barragens e reaproveitamento de 100% da água contaminada retirada do Rio Jequitinhonha e tratada na mina. Um grande diferencial em relação à maioria das mineradoras em outras partes do mundo é a disponibilidade da energia 100% renovável.
Além do lítio processado (pré-químico), que teve seu primeiro lote de 15 mil toneladas embarcados para a China nesta quinta-feira, 27, a Sigma exportou outras 15 mil toneladas de rejeitos do processamento para o mesmo importador, a empresa Yahua, que por sua vez transforma o insumo em hidróxido de lítio para grandes fabricantes de baterias, como a LG e CATL. O mineral brasileiro estará em automóveis de marcas como Tesla, Volkswagen, Ford e General Motors.
“Como não utilizamos químicos nocivos, nossos rejeitos são valiosos pois têm os mesmos metais do produto principal, em concentração bem menor, mas que são reaproveitados para a própria produção de baterias”, explica Ana Cabral, que tem acordo de exportar 300 mil toneladas de rejeito em três anos. A parte que fica de sobras de rochas é usada para recapeamento de estradas de terra da região, em parceria com as prefeituras.
Para completar o status de zero carbono, a Sigma adquire créditos da Amazônia para compensar, por exemplo, emissões do diesel usado nos caminhões de transporte e material químico dos explosivos. “A Sigma não é uma mineradora, é uma planta industrial em escala mundial que multiplica o preço do seu lítio”, afirma Ana Cabral.
Por ser um mineral de alta concentração e ser processado de forma considerada mais sustentável, seu preço de mercado é bem superior aos de muitos fabricantes, chegando a US$ 4 mil por tonelada. Nesse ano, o grupo espera processar 130 mil toneladas de minério, volume que, anualizado, chegará a 277 mil toneladas operando com uma cava. Beneficiado, o lítio será usado em baterias de 360 mil veículos.
Com duas novas cavas que devem entrar em operação a partir de 2024, o volume beneficiado será suficiente para mais de 1 milhão de automóveis. “Há um estudo para uma quarta planta em 2025 e, se as análises indicarem sua viabilidade, vamos aumentar o tamanho do investimento em cerca de R$ 400 milhões”, informa a executiva.
Conflitos
Mesmo com seu “selo verde” reconhecido pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o projeto da Sigma tem algumas restrições. “O princípio de ter uma mina de 2 quilômetros com 400 metros de profundidade a céu aberto contradiz o discurso de sustentabilidade”, afirma o geógrafo e professor do Instituto de Geociências do Departamento de Geologia da UFMG, Klemens Augustinus Laschefski. “É uma movimentação muito grande de terra para obter 6% de lítio do material que retiram da mina.”
Alemão que vive no Brasil desde 1999, ele é pesquisador de temas ligados ao meio ambiente e acompanha projetos de desenvolvimento de minas no Vale do Jequitinhonha. “Mapeamos conflitos ambientais que envolvem comunidades afetadas por grandes empreendimentos”, explica. Um dos receios é que o avanço das minas da Sigma e de outras empresas provoque a destruição ou expulsão de comunidades tradicionais como quilombolas, ribeirinhos e indígenas.
Poeira, barulho e rachaduras em casas também são reclamações de moradores do bairro mais próximo à mina da Sigma em Itinga, chamado de Piauí Poço Dantas. José Uelton Gomes de Jesus, de 23 anos, reclama principalmente da poeira e do barulho causados pelas máquinas de perfuração, em especial no período noturno.
“Acabou nosso sossego, não conseguimos mais dormir à noite; a cabeça fica tinindo”, diz ele, que tem duas irmãs que trabalham na Sigma. Por outro lado, ele elogia a melhora das ruas de terra, que receberam cascalhos, a instalação de caixas de água nas casas e a entrega de cestas básicas feitas pela empresa.
“A poeira é demais, ninguém mais aguenta”, emenda Rogério Alves Santos, de 48 anos. A vizinha Maura Ribeiro dos Santos, de 56 anos, mostra rachaduras na parede de sua casa com reboco à mostra que podem ter sido causadas pelos tremores provocados pelas explosões feitas na perfuração da terra. “Minha mãe, de 96 anos, sofre muito com a poeira à noite”, conta ela, que também tem dois filhos contratados pela empresa.
Ana Cabral afirma que a empresa trabalha para reduzir esses problemas. Sistemas de ré que apitam durante as manobras dos caminhões à noite foram desligados. O grupo utiliza uma tecnologia orgânica que usa polímeros e aramado para gramar a terra amontoada das escavações e parte da água que sobra do processo industrial é borrifada nas estradas por caminhões pipa.
A Sigma também tem um sistema eletrônico que controla as explosões, fazendo com que as vibrações de solo sejam reduzidas em 50%, além de emitir metade da emissão de carbono. Após reclamações, a empresa instalou um sismógrafo digital no centro do Poço Dantas para medir a vibração em cada explosão. “É impossível, pelas leis da física, que a vibração tenha causado as rachaduras das casas”, diz a executiva.
Em maio, após recomendação do Ministério Público de Minas Gerais, a licença de pesquisa para exploração mineral em uma região de Araçuaí chamada de Chapada do Lagoão foi suspensa. A alegação era que se tratava de território de preservação ambiental e hídrica. A Sigma suspendeu o processo e não pretende voltar à essa área.
Samira Rezende Trindade, titular da segunda Promotoria de Justiça em Araçuaí e coordenadora da Cimos (Coordenadoria de Inclusão e Mobilizações Sociais do Vale do Jequitinhonha, que engloba mais de 50 municípios), informa que, embora a Sigma tenha acatado a medida, há outra mineradora explorando a Chapada do Lagoão há mais tempo, mas o tema está sendo tratado pela Câmara Temática de Mineração em Belo Horizonte.
A ação que ela trabalha agora envolve a comunidade de Piauí Poço Dantas para mitigar os problemas que os moradores relataram e que, segundo ela, foram comprovados. Ela também cita alta de preços de aluguéis que inviabilizam estudantes de áreas rurais morarem próximo à escola técnica local e aumento da criminalidade e do tráfico de drogas.
“Estamos preparando um documento, junto com os moradores, com propostas de alternativas para mitigar os problemas sociais causados com a vinda da empresa, principalmente para populações mais vulneráveis, e será entregue nos próximos dias”, diz Samira. “É uma tentativa de solução extra judicial da empresa com o MP.”
Oportunidades
Para Ricardo Matos, sócio da KPMG na área da mineração, é inegável que o impacto da atividade é alto, mas ele avalia que as empresas aprenderam muito nos últimos anos, inclusive após os acidentes de Mariana e Brumadinho, e estão adotando programas e tecnologias para evitar problemas ambientais e sociais. “Percebo uma preocupação grande do setor em fazer mineração da forma mais sustentável possível.”
Ele acredita que as novas empresas que começam a atuar na extração de lítio ou de outros minerais estratégicos que serão necessários para as baterias de carros elétricos, vão gerar novas oportunidades para o Brasil, empregos, renda e desenvolvimento econômico, principalmente no Vale do Jequitinhonha, historicamente com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo do que a média de outras regiões de Minas Gerais, “É uma oportunidade que não podemos perder no processo de descarbonização.”
Matos ressalta que há uma corrida global pelo lítio e vai ganhar a competição países produtores que tiverem, além dos recursos minerais, estabilidade econômica e política, mão de obra qualificada e oferecer segurança jurídica. “O setor deve aumentar muito seus investimentos e isso terá retornos para a sociedade.”
Um pouco desse retorno já é possível verificar em Araçuaí, cidade de 34 mil habitantes (segundo o último Censo), que espera ver seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer 47%, para R$ 497 milhões no primeiro ano de atividades da Sigma em razão de novas atividades econômicas e dos royalties que a empresa começará a pagar no início de agosto. A vizinha Itinga, com 13,8 mil habitantes, prevê alta de 135% no PIB, para R$ 278 milhões. O grupo vai empregar diretamente 1 mil funcionários.
Um novo hotel está em construção em Araçuaí e outros dois estão sendo ampliados, além de novos restaurantes e posto de combustíveis. “Está faltando mão de obra”, diz Maurício Martins Andrade, proprietário do hotel Village. “Minha filha que mora no Canadá há cinco anos está voltando com o marido para trabalhar comigo.”
Participantes de projetos sociais desenvolvidos pela Sigma também relatam melhoras nos empreendimentos. Produtor de rosas do deserto, os agricultores José Jurandir Alves e a esposa Beatriz triplicaram a plantação depois que a empresa construiu uma pequena barragem no sítio para captar água da chuva e usar na irrigação.
Agora ele está dobrando a área de plantio e diz que logo terá de contratar um ajudante. “Antes, quando eu plantava limão, precisava vender 20 quilos na feira para conseguir R$ 50; hoje consigo isso com a venda de um vaso de planta”.
Enquanto amassa e recheia pasteizinhos com velocidade que impressiona, Eliana Pereira dos Santos conta que vende, ente 800 e 1,5 mil salgadinhos por semana após adquirir um forno industrial com empréstimo de R$ 2 mil que conseguiu por meio de um programa de mulheres empreendedoras do qual a Sigma participa. “Antes eu tinha só um fogão de duas bocas e vendia de 50 a 200 salgadinhos por semana”.
O empréstimo, diz Eliana, teve cinco meses de carência para começar a ser pago em 12 parcelas com juro total de menos de R$ 100. Quando terminar as prestações, ela pretende pedir novo empréstimo para comprar um fogão maior.
O coordenador de processos minerais do Centro de Tecnologia Mineral, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, Paulo Braga, também reconhece os problemas ambientais e sociais provocados pela mineração, mas acredita que as oportunidades que surgirão podem compensar. “Vai ter vários problemas, mas acho que o benefício vai ser muito maior, econômico e social, com melhoria da qualidade de vida na região, do poder aquisitivo da população, mais empregos e mais formação de pessoal.”
Quarta maior
Com as três plantas de processamento que vai operar a partir de 2024, a Sigma Lithium deve atingir capacidade de 766 mil toneladas de lítio ao ano, o que pode fazer da empresa a quarta maior produtora do mundo. Hoje, a companhia que tem valor de mercado de US$ 4 bilhões e disputa a sétima posição, após perder dois postos depois da junção de duas grandes mineradoras. “Nosso plano é ter quatro linhas rodando no futuro e nos transformar na Vale do lítio”, afirma a CEO do grupo, numa comparação com uma das maiores mineradoras do mundo.
Hoje, as maiores fabricantes são a americana Albermale, a chilena SQM , as australianas Pilbara e Mineral Resources, a Livent/Allkem – fusão de grupos argentino e americano/australiano – e as chinesas Tianqi e Ganfeng. No ranking de países produtores, o Brasil aparece em quinto lugar, mas muito distante dos quatro primeiros (ver quadro). Mas especialistas e fabricantes apostam no potencial de crescimento do País.
Ana Cabral também é sócia da A10 Investimentos, detentora de 47% das ações da Sigma, que tem chamado atenção de grandes grupos, como a Tesla, que já teria avaliado a compra da empresa brasileira/canadense. O grupo também tem planos de ampliar atuação e avançar na cadeia produtiva, nacionalizando a etapa que transforma o lítio em catodo, processo hoje feito na China.
Única a operar no País com alta escala de produção, a Sigma terá grandes concorrentes em dois a três anos. Uma delas, a australiana Latin Resources, espera iniciar operações em 2026. O grupo deve concluir este ano a fase de sondagem de uma área em Salinas. O licenciamento deve ser obitdo no fim de 2024 e as operações efetivas de mina e planta de processamento de lítio começarão em 2026.
O grupo deve investir inicialmente cerca de R$ 1,3 bilhão no projeto que começará com capacidade anualizada de 270 mil toneladas de concentrado de lítio e chegar em 2028 com 1 milhão de toneladas. Diferente da Sigma, que terá várias cavas, a Latin terá uma única mina que, em dez anos, deve atingir 300 metros de profundidade e 2 quilômetros de comprimento e 1 quilômetro de largura.
Mauro Lopes, gerente da empresa no Brasil, afirma que o grupo vai seguir basicamente os processos produtivos da Sigma, mas, “melhorado” em razão de ter mais tempo para aperfeiçoamento. “Nosso lítio será verde metálico”, brinca. Segundo ele, a vantagem do lítio verde é que o produto brasileiro não terá restrição entre os grandes consumidores que têm metas agressivas de descarbonização, como os Estados Unidos e Europa. “Nosso lítio vai ter mais valor pois nenhum outro país tem energia limpa como nós; a China, por exemplo, usa muito carvão”.
Lopes informa também que não há bairros ou comunidades tradicionais próximo à área. Com 15 anos de atuação no mercado de minérios, a Latin realiza atualmente sondagens para futuras plantas de lítio na Austrália, Argentina e Peru. O Brasil será o primeiro país do grupo a ter uma planta de extração e mineração.
A canadense Lithium Ionic deve concluir no fim do ano a pesquisa geológica e definição de reservas de espodumênio – o mineral que contem lítio – para produção de carbonato e hidróxido de lítio utilizado nas baterias nos munocípios de Itinga e Araçuaí.
O presidente da companhia, Hélio Diniz, afirma que a escala do projeto de Itinga ainda não está definida, mas deve ser de cerca de 200 mil toneladas de concentrado de lítio ao longo de 15 anos. O outro projeto prevê a produção aproximada de 50 mil toneladas durante 5 anos. “Caso as licenças ambientais e sociais sejam concedidas até meados de 2024 a produção pode ocorrer já em 2025″, afirma.
Indústria química
Diferente da Sigma e da Latin Resource, a Ionic teve de fazer a maior parte de suas explorações por minas subterrâneas. Segundo ele, essa escolha vai refletir em impacto ambiental bem menor, assim como nas comunidades locais onde a companhia já realiza projetos sociais.
Diniz ressalta que a operação também será sustentável. “Não há como ser diferente”, enfatiza. O grupo tem ações listadas na Bolsa de Toronto e no mercado secundário dos EUA, e trabalha para listar a empresa na Nasdaq ainda este ano. Diniz não revelou valores de investimentos.
Na região desde 1991 com produção de lítio em Araçuaí inicialmente voltada à indústria farmacêutica, de lubrificantes, cerâmica e nuclear, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) começou a produzir e exportar o insumo para baterias no ano passado, informa o CEO da empresa, Vinícius Alvarenga.
Segundo ele, o grupo tem também uma indústria química, em Divisa Alegre, que já adianta o processo de transformação do lítio pré químico em carbonato e hidróxido, chamada de produção integrada, fase que a Sigma, por exemplo, repassa para a China fazer. Um dos clientes da empresa é a matriz chinesa da BYD, grupo que recentemente anunciou uma fábrica de carros e caminhões elétricos na Bahia, além de baterias para veículos pesados.
Hélio Diniz, presidente Lithium Ionic
Com produção inferior em relação a das novas empresas, CBL produz atualmente 45 mil toneladas por ano de minerais, sendo que 30 mil são exportadas. Parte vai para a planta química para ser transformada em hidróxido e apenas 1,2 mil tonelada é direcionada para baterias de veículos. “Temos planos de expansão tanto para a produção mineral quanto a química, mas como somos uma empresa de capital fechado ainda não divulgamos volumes e valores.”
A CBL também opera com minas subterrâneas que, segundo Diniz, tem a vantagem de subtrair apenas o mineral, sem movimentar rejeitos, o que ele afirma ser ambientalmente mais correto. O executivo não gosta da recente classificação de lítio verde. “Independente do método de produção, se a empresa cumpre os padrões e a regulação ambiental, ela é verde”, afirma.
A AMG, que opera fora do Vale do Jequitinhonha, não falou com a reportagem. Recentemente, o grupo anunciou investimentos de R$ 1,2 bilhão para ampliar sua produção e construir uma planta química de lítio para beneficiar o lítio, com operações previstas para 2026. A Atlas não retornou pedido de entrevista.
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