domingo, 30 de julho de 2023

Lula e o comissariado não precisavam atropelar Tebet como fizeram, Elio Gaspari, FSP

 O economista Marcio Pochmann foi escolhido para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística numa cavalgada típica do comissariado petista. O IBGE está na jurisdição do Ministério do Planejamento, de Simone Tebet, e, de certa forma, sob o guarda-chuva da Fazenda, de Fernando Haddad.

Na quarta-feira, o titular da Comunicação, Paulo Pimenta, anunciou: "Marcio Pochmann será o novo presidente do IBGE e não tem nenhum ruído quanto a isso".

A ministra do Planejamento , Simone Tebet, em coletiva de imprensa - Gabriela Biló - 17.abr.23/Folhapress

Ilusão de palaciano. Horas antes, a ministra Tebet havia dito à repórter Miriam Leitão que não conhecia Pochmann e que a escolha do novo presidente do IBGE seria tratada na hora certa.

Tebet e, de certa forma, Fernando Haddad foram atropelados pelo comissariado petista. Pimenta fez o anúncio a mando de Lula. Pochmann é um veterano militante da constelação de economistas do PT, tentou um voo como candidato à Prefeitura de Campinas e perdeu.

O ruído, que Pimenta garantiu não existir, aconteceu, mas difere dos demais. Simone Tebet tem as boas maneiras de seu pai, Ramez, que presidiu o Senado. Como ela mesma disse, escolhe suas batalhas. Quem a viu na CPI da Covid sabe como as trava.

Lula e o comissariado não precisavam atropelar Simone Tebet como fizeram. Até as pedras de Brasília sabiam que o nome de Pochmann estava no tabuleiro e não há sinal de que a ministra do Planejamento batalhasse para barrá-lo.

Isso aconteceu por dois aspectos da onipotência petista. A subjetiva leva-os a pensar que podem tudo. Já a onipotência objetiva leva-os a mostrar que podem fazer de tudo, pois ninguém os contrariará.

Na mesma entrevista em que revelou não conhecer Pochmann, a ministra Tebet lembrou que Lula foi eleito por "milésimos", graças a uma frente política. (Lula derrotou Bolsonaro por uma diferença de 1,8 ponto percentual.) Mais: "Sabemos que o embate de 2026 começa em 2024". Tradução possível: Simone Tebet travará suas batalhas em 2024.

Uma coisa seria travar batalhas em torno de temas relevantes. Bem outra será ver batalhas provocadas por atitudes onipotentes embrulhadas em grosserias. Essa receita já explodiu em 2016.

TEBET EM 2022

Não custa lembrar que, em julho de 2022, quando ainda era candidata a presidente pelo MDB, Simone Tebet anunciou que, se houvesse um segundo turno sem a sua participação, ela apoiaria o candidato que defendesse a democracia.

Caso raro de candidato que, antes do primeiro turno, praticamente declara seu voto no segundo. Questão de elegância.

Sábio assegura que Moro terá mandato cassado


Um sábio que ainda no ano passado garantia que Jair Bolsonaro acabaria inelegível assegura: o senador Sergio Moro terá o mandato cassado.

Moro esteve com o senador Davi Alcolumbre e não ouviu bons comentários.

Moro durante sessão deliberativa semipresencial no plenário do Senado - Jefferson Rudy -28.jun.23/Agência Senado

A MORTE DE ALEXANDRE CABEÇA

Um conhecedor do direito e do avesso da vida do Rio estranha que, com a reabertura do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, ninguém tenha falado da execução de Carlos Alexandre Pereira Maria, dias depois.

Alexandre Cabeça, como era conhecido, colaborava com o então vereador Marcello Siciliano.

Ele foi morto por dois homens que vinham numa motocicleta. Segundo uma testemunha, antes de atirar, um deles teria dito: "Chega para lá que a gente tem que calar a boca dele".

Acusado de ter envolvimento na morte de Marielle, Siciliano insistiu em dizer que nada tinha a ver com o caso. À época, havia abundância de pistas falsas. Ele submergiu e voltou para a vitrine em maio, metido com o oficial da reserva Ailton Barros, que tratava com o tenente-coronel Mauro Cid no episódio de falsificação de certificados de vacinas.

Ailton Barros disse numa conversa grampeada: "Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? [Siciliano] está de bucha nessa parada aí".

Tem gente sabendo demais quando fala e de menos quando é chamada a se explicar.

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