quinta-feira, 9 de junho de 2022

08.06.22 | Resfriamento sustentável, CB

 



Distrito Federal - O aquecimento global e o aumento da população mundial indicam que a demanda por sistemas de refrigeração com eficiência energética e ecologicamente sustentáveis não deve parar de crescer. Isso porque os processos mais utilizados hoje não abarcam essas duas características. Ao contrário, podem potencializar desequilíbrios. Normalmente, ter baixas temperaturas significa alto consumo de eletricidade, o que, por sua vez, geralmente significa uma alta pegada de carbono e o risco de emissões de gases refrigerantes que, muitas vezes, têm alto potencial para favorecer o aquecimento da Terra.

Cientistas da Universidade de Saarland, na Alemanha, estão desenvolvendo um sistema de refrigeração que pode romper esse ciclo. Trata-se de uma tecnologia que consegue resfriar o ar flexionando o que os criadores chamam de músculos artificiais, materiais com memória que conseguem dissipar o calor. "Nosso processo é energeticamente eficiente e não requer o uso de fluidos refrigerantes prejudiciais ao clima. Na verdade, nossa tecnologia é até 15 vezes mais eficiente do que os sistemas baseados em refrigerantes convencionais", compara, em comunicado, Stefan Seelecke, o líder do grupo.

Segundo o cientista, a União Europeia e o Departamento de Energia dos Estados Unidos avaliaram o projeto e o consideram a alternativa mais promissora à tecnologia de refrigeração por compressão de vapor em uso atualmente. No momento, o grupo desenvolve a solução para uso em sistemas de refrigeração para veículos elétricos, mas a expectativa é de que ela seja usada em cenários diversos, incluindo ambientes industriais.

Os chamados músculos artificiais são fibras compostas por feixes de fios ultrafinos feitos da liga de níquel-titânio (nitinol) e com memória de forma — ou seja, têm a propriedade especial de retornar à forma anterior após serem esticados ou deformados. Assim, eles conseguem, como os músculos humanos, tensionar e relaxar.

Isso acontece por conta de características específicas da estrutura da liga metálica. Seus átomos estão dispostos em uma estrutura de rede cristalina. Se o fio de níquel-titânio é deformado ou puxado, as camadas de átomos no cristal da treliça se movem uma em relação à outra, criando tensão dentro do material. Quando o fio retorna à forma original, essa tensão é liberada.

Conhecidas como transições de fase, essas mudanças na estrutura cristalina do material fazem com que os fios absorvam ou liberem calor. É esse efeito que Seelecke e sua equipe estão explorando no novo sistema de refrigeração. "O material com memória de forma libera calor para seu entorno quando é carregado mecanicamente em seu estado superelástico e absorve calor de seu entorno quando é descarregado. Esse efeito é particularmente pronunciado no caso do nitinol. Quando os fios de nitinol pré-esforçados são descarregados à temperatura ambiente, eles esfriam em até 20 graus", explica Seelecke.

Clique no link abaixo e leia a reportagem na íntegra
Correio Braziliense 06.06.2022.pdf

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