"Desperado" é um termo inglês para "bandido", "fora da lei", em especial para malfeitores que agiam no Velho Oeste americano. A palavra foi construída em cima do espanhol "desperado", uma forma obsoleta de "desesperado". A ideia é que o sujeito estava tão encrencado com a lei que já não tinha nada a perder. Se fosse apanhado, seria enforcado ou coisa pior. O desespero só reforçava seu mau comportamento.
Se Lula triunfar na disputa eleitoral, Jair Bolsonaro deverá espernear, denunciando uma suposta fraude eleitoral, e conclamará militares e aliados a "corrigir a injustiça". Minha avaliação (e esperança) é que não terá sucesso nessa canhestra tentativa de golpe. Ainda assim, pelas regras constitucionais, nós teremos, por dois ou três meses, um presidente ainda com a caneta na mão, mas sem perspectiva de poder. Pior, sem perspectiva de poder e com boas chances de ver o tempo judicial fechar para si, sua família e subordinados.
É pouco provável que Bolsonaro dedique esse tempo a preparar seu enxoval de cadeia. O "affaire" com o fiscal do Ibama já mostrou que o presidente é do tipo vingativo. É crível, portanto, que ele usará o que lhe resta de tinta na Bic para plantar armadilhas. Sua capacidade de fazer estragos não será absoluta.
Parlamentares do centrão que hoje o acumpliciam procurarão ficar bem com o novo rei. Casos mais polêmicos serão judicializados. Ainda assim, a tendência do Universo à entropia garante que mesmo um decreto que institua modificações mínimas num sistema pode destruir algo que esteja funcionando.
A exemplo de Donald Trump, Bolsonaro também poderá tentar uma liquidação de graças, distribuindo perdões judiciais a aliados e quem sabe até indultos prévios para si e seus filhos. Resta saber se o STF aceitará isso.
Se perder, e tudo indica que perderá, Bolsonaro se tornará um autêntico "desperado". Só estaremos seguros no dia em que ele perder a faixa.
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