"Ser sustentada pelo homem é o preço mais alto que uma mulher pode pagar", me disse Danuza Leão. "Se, para ser alguém, ela é obrigada a conviver e ter de sorrir ou, pior ainda, ir para a cama com ele quando não tem vontade, eu prefiro a lavoura. O homem que sustenta uma mulher, que paga o que ela come, não pode cobrar nada dela. E a mulher que se deixa sustentar também não pode cobrar nada dele. Ela tem todo o direito de fazer o que quiser de tarde e ele tem todo o direito de fazer o que quiser de noite."
"Geralmente eu escolho para namorar os homens com quem eu poderia eventualmente casar [risos]. Porque há sujeitos que poderiam ser um grande namoro, um grande caso, mas não dão para casar. Para casar, um sujeito tem de ter certos atributos, certas competências, certos gostos domésticos. Não era assim que os homens diziam antigamente? Aquela moça é pra casar e aquela outra não é..."
"Eu me dei ao luxo de só ter tido os homens que quis, porque isso é o mínimo que uma pessoa pode querer. Mas eu acho que fui uma boa mulher para todos os homens que passaram na minha vida. Todos guardaram uma boa recordação de mim porque, quando eu fui deles, eu fui integralmente deles."
E sua receita do homem ideal: "Um homem que tenha um pouco de cabeça feminina, para me compreender melhor. Que seja um pouco de esquerda, mas não demais, para não me encher o saco, e um pouco de direita, para me levar para dançar. Que tenha viajado, para eu não ter de explicar o que se come em Paris. Que seja esportivo, para me levar ao Maracanã, e elegante, para me levar a uma festa de black tie. Que seja porra-louca para ficar bebendo comigo até 9 da manhã e careta para encarar um tempo enorme no sofá enquanto eu faço uma palavra cruzada e ele lê um livro. Etc. etc. Mas esse homem não existe."
Saudades de minha entrevista com Danuza para Playboy, em 1979.
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